Crônicas

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O peso do Fenômeno


O sensacionalismo de alguns veículos de comunicação já não me impressiona mais. Entretanto, me espanta a voracidade em controlar o que o fenômeno Ronaldo faz ou deixa de fazer em sua vida pessoal. Existe mesmo um sentido lúcido de coexistência entre a vida pessoal e a vida pública de um artista?

A mídia brasileira (em sua densa maioria) tem um defeito gravíssimo que foge a qualquer ética acadêmica: Confundem o conteúdo informativo com o conteúdo agressivo, transformando a informação em algo apelativo, abusivo e exagerado.

Mas não é de hoje que tudo tem peso na vida do fenômeno. Lipoaspiração pode ser feita em outros jogadores, em coroas ricas metidas a adolescentes, em peruas cheias da nota em busca de uma juventude fabricada, em aspirantes á qualquer lixo de programa da nossa televisão, isso pode. Esses acontecimentos nem viram notícia, e se viram, passam batido diante dos nossos olhos ávidos por alguma informação decente.

Para Ronaldo, o talento supera qualquer peso. Menos o peso das línguas venenosas e desocupadas de alguns comentaristas! Que tal uma lipo no Instituto Butantã?

Ninguém fala mais dos nossos soberbos criminosos: Nardoni, Champinha, Suzane Richthofen, Lalau, Pimenta Neves. Matar é natural, vaidade é crime? Eu me perco nessa inversão de valores e ratificação de conceitos. Ninguém fala mais sobre o Mensalão, sobre as obras super faturadas da Marta Suplicy e do descarado Dualib.

Gente ruim sobra aqui feito fila do S.U.S! É tão quantitativo e natural que até a enciclopédia virtual Wikipedia possui em ordem alfabética todos os filhos da puta da nossa história desonrosa, divididos em categorias e subcategorias. Fala sério!

E como tudo pesa na vida de Ronaldo, pesa também ser três vezes melhor jogador do mundo. Realmente sua prateleira deve pesar um bocado com tantos troféus. Seu pescoço também deve sentir o peso com tantas medalhas de condecorações conquistadas ao longo de sua “pesada” carreira como jogador de futebol.

Vai pesar também esses 20 dias longe das quatro linhas, e vai pesar no bolso dos patrocinadores e dos inúmeros fãs que lotam os estádios á espera de uma jogada genial. E vai pesar também a falta que ele fará no Sport Clube Corínthians Paulista.

Vai pesar também para essa mesma imprensa a falta do que escrever. Só não vai pesar a falta do que fazer! Né?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Retângulo manipulador e convincente


Você sabe o que é televisão?

Esqueça os termos técnicos do tipo ondas eletromagnéticas, tubo de imagem, recepção de imagens e captação de som. Esqueça também a música do Titãs (letra sagaz e visceral, muito boa).

O que me refiro ao dirigir essa pergunta é justamente sobre as emanações estúpidas, controversas e imbecis que ela nos arremessa na cara diariamente. Leia o texto abaixo e seja mais um telespectador do seu poder colossal:

Ao pegarmos nosso controle remoto (isso quando a mulher não está por perto), nos deparamos com uma única finalidade na televisão: Faturar com a apelação e com produtos e mais produtos, dos quais está na cara que nem o apresentador consome o que está tentando empurrar goela abaixo para o telespectador, pobre telespectador. Tudo isso em benefício da geração de receita, através de uma lavagem cerebral encardida e sórdida.

A nossa televisão brasileira saturou! Principalmente o canal aberto, uma carência abundante de informações, linguagem depreciativa, programas apelativos e um bando de imbecis se achando formadores de opinião, diretores dispostos cruelmente a entreter a massa com a fragilidade humana, as desgraças e nossas mazelas, um escabroso creep show!

A televisão se transformou em um programa abusivo e ininterrupto de vendas, do tipo esqueça o conteúdo, salvo algumas exceções dos canais contemplados por uma assinatura desproporcional ao bolso do brasileiro.

E claro, falando nos canais fechados. Por que tanto comercial? Por que passar os créditos por completo ao final de um filme? Quem se interessa pelo maquiador da Angelina Jolie? Ou pelo figurinista da Nicole Kidman? Eu me interesso por elas, isso sim!

Acabou o filme, coloque algo mais promissor, mais digno que letrinhas miúdas subindo e descendo da tela. Tenho 100 canais em casa e quando saio á procura de algo que agregue em minha vida, eis que só vejo comercial atrás de comercial.

Nos transformamos em mongolóides por conta do vício capitalista, só pensamos em dinheiro, e os culpados continuam com seu merchandising descarrilhado e sem controle. A guerra pela audiência só possui um vencedor, enquanto isso a programação desce penhasco abaixo, rumo á casa do Bob Esponja.

E se antes a moda era ser culto, hoje o que está em voga é meter o pau na vida alheia. Programas de fofocas e tititis sobram nas emissoras. Esses programinhas de fundo de marcenaria adoram escancarar com a vida de um ator ou de uma atriz ou falar da desgraça de um anônimo...

É tão apelativo que zombam até do próprio colega de profissão. Tudo isso pra elevar os pontos no Ibope, maldito Ibope! A salvação? Tenha sempre em mãos o seu controle remoto!

Mas a questão vai além da nossa cultura. Programas apelativos dão audiência, dão Ibope, a baixaria é um fenômeno mundial, e o brasileiro vai na onda, claro, adora satirizar a vida alheia, esquecem até dos problemas individuais para debochar dos problemas do vizinho, sentado no sofá com a esposa e filhos. Fala sério! Como se não tivessem espelhos dentro da própria residência... Vá ler a Veja!

Bom, até agora só mencionei o lado A. E o que falar do outro estereótipo de programa? É o lado B da podridão em massa, da escória. Alguns programas ressaltam um humor mórbido pelas tragédias do cotidiano. Tanta crueldade que se você derrubar a televisão, corre sério risco de melar o chão da sala de sangue, haja tanta barbárie!

A televisão sabota nosso raciocínio, abala nossa sabedoria e os bons costumes. É manipuladora e convincente, tenha cuidado!

Que a televisão é um prazeroso passatempo isso é inquestionável, mas não se esqueça que ela não está dando á mínima para o telespectador .

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mata o Nerd, mata!


ICQ, MSN, Fotolog, Sky, Orkut, Facebook, My Space, Twitter, Netvibes (esqueci algum?). Não basta aderir, é preciso compreender! O fato é que as mídias virtuais interativas invadiram nosso sistema social. Muita informação pra pouca atenção!

Não há reflexão para tanta informação, o tempo é necessário para o conhecimento. Mas que tempo? Como conseguir tempo nesse mundo freneticamente ocupado por sites de relacionamento, home pages, websites, hotsites e blogs? O mundo se globalizou mais do que a própria palavra e sua essência divina!

Você tem conta no Orkut? Se tiver considere-se um antiquado, isso mesmo! O Orkut já está caindo em desuso porque a onda agora é a versão mais “chiquezinha” dele: O Facebook!
É óbvio que trata-se de uma versão americana e como todo o brasileiro adora cultuar o que gringo cria, em breve vai virar peito de silicone, todo mundo vai querer ter um por perto!

Tudo bem que o Orkut também foi criado por gringo, mas tinha tanto brasileiro no Orkut que os gringos saíram de lá. Ou seja, para eles, nós brasileiros somos uma espécie de spam, um tipo de “vírus trojan” que contamina tudo que vira moda. E não deixa de ser verdade!

Ao mesmo tempo em que o Facebook toma conta da web, o Twitter vem chegando devagarinho, só no tecladinho (vulgo só no sapatinho). Ao contrário do Orkut ou do Facebook, aqui o intuito não é colecionar amigos nem publicar as fotos da sua última viagem a Miami.

No Twitter você segue as pessoas, se torna um seguidor por conta de algum tipo de afinidade, apreço ou qualidade no que você lê ou tem mais interesse pela pessoa.

Em breve a Igreja Universal vai querer dividir os lucros porque os “seguidores” do Twitter crescem gradativamente, (sem precisar adquirir qualquer tipo de imóvel no céu).

Além disso, no Twitter você confere em tempo real tudo o que seus seguidores estão fazendo através de orações escritas dentro do próprio site. É um programa de fofocas mais sofisticado, um tipo de Leão Lobo ou Mamma Bruschetta informatizado!

É claro que a intenção desse texto não é degradar as criações humanas. Ambos os sites possuem um teor informativo e inteligente. O problema maior é a degradação que a popularidade oferta. Já existe os exaustivos I.O (Idiot Operator) invadindo as novas redes e criando fakes desnecessariamente.

Como a tecnologia avança bem mais rápido que a própria moda, em breve teremos mais um site a sugar o restante do nosso pobre tempo, e ter uma conta no Twitter será tão ultrapassado quanto nosso famoso Orkut!

Enquanto as grandes americanas da comunicação (Microsoft e Yahoo) unem forças para derrotar a gigante também amerina Google. A gente fica aqui, no "chat" do computador aguardando mais uma inovação.

Em tempo: Responda ao quis: O mundo virtual aglutina ou distancia as pessoas?

terça-feira, 28 de julho de 2009

Contos de Botequim


Antes do dia de hoje, imaginava que as pessoas enforcavam o tempo fazendo hora, batendo papo na rua, andando sem pressa... Hoje pude compreender a razão de se passar uma tarde inteira ausente do escritório e não fazer absolutamente nada. Quer vencer o tempo? É fácil, siga o texto!

Vou te dar a receita de uma tarde freneticamente agitada e inutilmente proveitosa:

Primeiro ingrediente: seja um contemplado a adquirir um produto em mau funcionamento (o que não é difícil). Depois tente resolver o problema, vamos lá:

Há 4 meses resolvemos mudar nossa operadora fixa de telefone por motivos alheios á nossa capacidade de compreensão. Em 7 dias da semana, o “netphone” (o que tem de chique na pronúncia não tem de eficiente na assistência) só funcionava 5 dias.

Daí migramos para a promissora TIM, durante breves 5 meses mantínhamos o contato com as pessoas pacificamente. No entanto, há 3 dias começaram as ruínas do relacionamento: O aparelho desligava sozinho durante os bate papos, desligava quando estava na base carregando e ás vezes dava “peti” no display.

Pois bem, frente a esse percalço fui buscar a solução. Hoje, mais precisamente após minha refeição fui ao estabelecimento que adquiri o produto. Carinhosamente atendido pelo vendedor, o mesmo me orientou que eu me encaminhasse até uma assistência técnica da Motorola, segundo ingrediente!

Saí da loja e fui direto ao shopping Iguatemi (lá tem uma Motorola). Após seguir as regras da sociedade e pegar uma senha, permaneci durante uma hora e quinze minutos para ser atendido. A solução? Terceiro ingrediente! Converse com uma atendente:

- “Senhor, queira nos desculpar, mas não consertamos aparelhos fixos nessa loja, é necessário que o senhor se dirija á loja em que adquiriu o artefato”.

- “Querida, deixe lhe explicar uma coisa: acabei de sair da loja e o problema não é com a linha, e sim com o aparelho”

- “Ah, entendo senhor. O senhor precisa ir à loja onde o senhor adquiriu o aparelho”

- “Querida, você poderia me passar um posto de atendimento da Motorola para que eu possa encaminhar meu problema?”

- “Ah, agora entendi senhor. O senhor precisa ir á loja onde o senhor adquiriu o aparelho”

Após gastar R$15,00 reais de estacionamento no Shopping (um roubo). Novamente retornei á loja credenciada da TIM. Conversei com o mesmo rapaz que me atendeu o qual prontamente tratou de ligar para a complicada Motorola.

Longos 15 minutos ao telefone para ser atendido e pronto: Resolvido meu problema! Ligamos para outro número que supostamente poria um fim á minha apreensão. É, eu disse supostamente. O número estava errado!

Novamente ligamos para a Motorola, (10 minutos de espera dessa vez), a moça deu outro número para contato. Ligamos! Em tempo: Perceba a cascata de informações e de total gasto de tempo só para conseguir arrumar um aparelho...

Ao ligar para o “novo” número, fomos atendidos por um assistente que nos informou que para substituição do aparelho (uma vez que estava na garantia) era necessário responder a um formulário, o qual receberíamos um código postal e uma identificação protocolar. Daí era só tirar uma cópia da NF e se dirigir a uma agência postal e pronto. Resolvido!

Voltei pra casa, improvisei uma caixa de papelão porque tinha jogado fora a caixa habitual do aparelho, passei num xérox e me encaminhei ao correio. Chegando lá mais 25 minutos de fila (fila é instituição no Brasil, ta dentro das nossas atividades diárias). Chegando ao caixa mais uma surpresa:

- “Senhor, é necessário que o senhor se encaminhe á uma agência postal credenciada para este tipo de serviço, aqui é uma franquia”

Posso abrir um parêntese?
Engraçado, enquanto o governo quer introduzir o espanhol obrigatório nas escolas de ensino médio. Por que não introduzem um curso de adivinhação doutrinado pela Mãe Dinah? É impressionante como o cidadão tem que adivinhar as coisas nessa terra!

Tudo bem, me encaminhei para outra agência. Mais trânsito para meu dia. Detalhe: a agência não tinha estacionamento e a fila tinha 30 pessoas na minha frente. Finalmente chega minha vez para ser atendido:

- “Preciso efetuar um sedex gratuito para a Motorola”

- “O senhor poderia me passar o protocolo?”

- “Claro, aqui está!”

Mais 5 minutos de pesquisa no sistema e a notícia:

- “O senhor poderia retornar amanhã? Este protocolo só entra em vigor após 24 horas da sua solicitação.”

Alguém teria o celular da Mãe Dinah?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aaah o amor




Da segunda vez que nos separamos foi a mais dolorida pra mim. Notei que tudo aquilo que contemplei ao lado dele era uma farsa, um teatro vagabundo de praça central. Comecei a entender nossa relação como uma tentativa de ser Shakespeare, mas ensaiamos mal, muito mal.

Éramos dois perdidos em declarações estúpidas, duas matérias ocupando um único lugar (fisicamente impossível). Estávamos lá, agarrados um ao outro, mas era tudo uma peça, um ensaio. Me lembrava uma academia: Começamos no ritmo frenético do spinning e paramos numa bicicleta ergométrica, sem sair do lugar.

Me transformei em uma alpinista para escalar aquela sarjeta em que ele me jogou! Me rebaixou com todas as agressões verbais existentes no Aurélio. As boas maneiras que tanto minha mãe se orgulhavam dele foram lançadas de um foguete rumo á Júpiter, sem passagem de volta.

Claro que em prol dos princípios morais femininos não deixei de graça, fui logo arremessando tudo o que via pela frente. Epa, tudo não, peralá! Uma mulher mesmo desequilibrada deve analisar suas atitudes: joguei tudo que ele tinha me dado, ah isso sim!

Como dizia o Jabor, o amor realmente é uma raposa, sorrateira em sua chegada, covarde e sórdida em sua fuga. Nossa composição era uma receita saborosa, uma mélange de petit gateau com calda de frutas vermelhas!

Era uma afetuosidade de balançar as pernas de qualquer casalzinho moderninho apaixonado, e como era!

Aquele salafrário desalmado! Antes vivia cantarolando uma felicidade congênita, hoje enfrento a amargura de um tempo gasto inutilmente. Essa bipolaridade não é tão bem vinda assim, mas até que me aponta para um horizonte mais ousado.

Sei que já já estarei na pista, acompanhada de uma baby chandon e com minhas inseparáveis amigas porque isso é a ordem natural das coisas, da vida. Mas que aquele calhorda me faz uma falta, hmmmmmmm se faz...

domingo, 26 de julho de 2009

A gripe do homem suíno


Enquanto as Majors tecnológicas dos entretenimentos eletrônicos desenvolvem celulares e vídeo games híbridos, a humanidade é apresentada a um novo vírus gripal.


Um vírus também híbrido! Praticamente uma mutação que nos remete a relembrar os filmes de gênios insanos como Ridley Scott (Alien), Len Wiseman (Anjos da Noite) e até mesmo Zack Snider (Madrugada dos Mortos). Esse vírus nos oferta uma certa apreensão, mas não uma apreensão imediatista, em breve algum pajé americano encontra a cura, assim foi com a gripe aviária...


O fato é que a humanidade não está adaptada às mudanças radicais do nosso meio ambiente, ou do que estamos criando propriamente. Somos os co-autores de todas as mazelas e de todo mal que causamos à mãe suprema, no entanto, me assusta quando pautamos a palavra “futuro” em qualquer debate. Confesso que sou tomado por certo calafrio, tipicamente justificado quando o Jason vai atrás da mocinha indefesa nos incansáveis! “Sexta-feira 13”. O que me consola é que no filme os finais são positivamente previsíveis, mas e o nosso final?

Bem mais poderosos do que os vírus que atingem a Linux e o Windows, esses casos da tal gripe suína, (gripe que se preze tem nome!), se espalharam com a mesma velocidade que a morte de Michael Jackson.


Começaram no México, foram para o Canadá, Estados Unidos, Argentina e claro, atracaram aqui no Brasil. Um novo caso a cada tecla apertada do nosso computador. Uma nova suspeita a cada atualização que damos nas páginas informativas dos principais sites, um índice assustador!


E se na Argentina (que é um país mais estruturado que o nosso) os óbitos se acentuam feito Gizmo na água, imagina aqui?


Aqui a gente adora um grude-grude, um chega junto. Adoramos uma aglutinação em massa, seja no shopping, em estádios de futebol ou no parque do Ibirapuera. É, essa tal de gripe suína vai fazer a festa nesse inverno. Chegou sem convite, mas não esqueceu o cartão de visitas!


Não entendo sobre gripes, mas lembro dos contos que minha avó me contava sobre elas. De acordo com a velha, antigamente, as gripes mais insistentes eram intituladas de gripe patrão: quando você pensava que tinha se livrado dela, a bendita adentrava sua porta com mais um carrilhão de enfermidades. Muito contra a vontade dela, um dia me confessou que algumas gripes até possuíam nomes de mulheres porque te levavam direto pra cama. Que indelicadeza dizer isso!

De qualquer forma, a nomenclatura não importa tanto. O que importa mesmo é zelar pelo nosso bem estar. Peculiarmente no meu caso, sinto um reconfortante alívio porque meu organismo está imune a essa tal “gripe do homem suíno” e sabem por quê?

Porque não levo vida de casado: Não deixo a tampa do vaso sanitário respingada de xixi, não faço minhas refeições no quarto e também não largo roupa suja na cama ou no sofá. Ah! Já ia me esquecendo: também não tenho espírito de porco!

sábado, 25 de julho de 2009

A arte imunda dos gases


Em tempos festivos de evento junino é sempre bom abordar um assunto pertinente. Opa, peralá, o mês de festa junina já passou! Ok, mas o assunto merece ser compartilhado entre vocês...

Festa junina me remete a lembrar dos fogos de artifício, dos doces artesanais, da fogueira e da bagunça... E me remete a pensar também em como é bom peidar, isso mesmo: Peidar!

Reflita comigo:

Peidar está ligado a fogos de artifício e bombinhas de São João, quem nunca soltou um pum que atire a primeira cueca (ou calcinha)!

Embora seja um ato de extrema falta de classe e de etiqueta social, peidar é amplamente natural e se faz necessário para o organismo, são reações provenientes de algum ato, do qual tentarei explicar abaixo:

Quando você sai do sério, qual é a sua reação de imediato? O que você faz? Grita, esbraveja, dá murro na penteadeira ou simplesmente gorfa todo tipo de impropério gramatical? Com o ânus não é diferente, ele também tem sentimentos e reage às sensações! Nesse caso a insatisfação do ânus é com o seu proprietário, que come porcaria abusivamente: chocolate, pé de moleque, feijoada, rabada, milk shake e por aí vai...

A maneira ordinária em se expressar do ânus é justamente a liberação desses gases incolores, porém potencialmente sensíveis ao olfato humano, porque possui um odor desagradável e repugnante para quem o sente. Isso é outro ponto curioso: quem peida não sente ojeriza ao próprio pum, somente ao pum dos outros. Um ato libertário, porém egoísta!

Não há controvérsias para fatos concretos (muito embora o peido seja um elemento gasoso), mas o fato é que peidar é uma arte imunda, mas é arte! Existe um sentido político e ativista, uma certa liberdade de expressão revolucionária...

Certa vez vi escrito num muro: “Liberdade para os gases intestinais”, achei essa frase incrivelmente poderosa, me impulsionou a mudar o mundo, a mudar minhas atitudes e a rever meus conceitos educacionais. Pra que reprimir algo natural? Antes só peidava na banheira e debaixo do edredom. Hoje peido em qualquer lugar, não to nem aí pro nariz que tá por perto!

Aí entra a minha metáfora em relação às bombinhas de São João a qual intitulei de “Top 3 do peido”:

Alguns cidadãos, mais discretos e disciplinados com a alimentação, soltam leves “biribinhas” ou “traques” se preferirem. Emite um som quase que imperceptível e sua escala é baixa perante o Controle de Poluição Sonora, esse é o 3° da lista!

Outros cidadãos, por sua vez, possuem uma afinação anal invejável e liberam para atmosfera os famosos “peidos tunados”. Ultrapassam os decibéis permitidos pelo governo, se sobressaem de qualquer poluição sonora (até de avião). É o famoso morteiro, mas em compensação possuem baixa característica odorífera. Esse é o 2° da minha lista!

Como o mais problemático fica sempre para o final, segue o “number one” da lista: Geralmente intitulado de rojão e injustamente apelidado de “peido de véia” (porque não é só velho que peida fedido, certo?).

Na minha percepção, eu o batizaria de “peido terrorista”, porque é totalmente silencioso e se esconde diante do elemento surpresa, além disso, não possui restrições, sai em qualquer lugar e poucas são as vezes que seus autores assinam o atentado!!

De qualquer forma, o cidadão que expele uma bomba dessa natureza deveria ter seu rabo embargado pelo Conselho Deliberativo Escatológico. Acho uma afronta ter seu nariz vitimado por um odor dessa dimensão.

Entendo que a solução do problema seria a construção de locais isolados na sociedade, mas como isso é inviável, o jeito mesmo é disfarçá-lo culpando cinicamente o amigo ao lado.

Viva São João!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Uns vão, outros voltam


Enquanto uns morrem, outros ressuscitam. Perambulando pela Av. Paulista, me deparei com algo assustadoramente inusitado:
Alguém se lembra da Revista Bizz? A Revista com apelo musical que surgiu em 1985? Se você pertence ao grupo dos trintões vai se lembrar.

A Revista que já foi relançada três vezes e já deixou de ser mensal, tentou um retorno em vão em 1997 mas não encontrou espaço, tendo seu falecimento junto com uma banda já sepultada: Los Hermanos e sua lendária Ana Júlia, um “óbito pleonástico”, diga-se de passagem.

Aproveitando a morte do Rei, a Revista ressurge mitologicamente das cinzas (feito a Phoenix) com o rosto de Michael Jackson (ainda criança) ocupando todos os centímetros quadrados da capa da revista.

Fico pasmo ao ver como o sensacionalismo é explorado por todos os veículos de comunicação existentes. Resta saber se a Revista Bizz e seus criadores terão o olfato da Phoenix que, segundo a mitologia, consegue sentir o cheiro do fim.

Qual o papel dos fãs no óbito de um artista?


Uma série de versões gravitam sobre a morte de Michael Jackson, no entanto uma maioria significativa está sendo direcionada a arrecadar fins lucrativos, marketing, popularidade, além de consagrar algo que já é soberbo em nossa literatura musical: O próprio Michael.

Entorpecidos pela oportunidade de ficarem milionários, a família se contradiz numa espécie de propaganda fúnebre, discutindo sobre a guarda dos filhos, sobre as dívidas que ficaram, sobre o reinado musical que ele nos deixou voluntariosamente, com dedicação e benevolência.

Em meio a essa comoção de proporções imensuráveis (entupindo até mesmo o Google com inúmeras visitas), todos querem fazer seu pé de meia: Os tablóides aumentam sua circulação patrocinando os boatos, as especulações e as argumentações hipotéticas em torno da sua morte...

A irmã mais fanfarrona, Latoya Jackson, dispara de forma bombástica: “Michael foi assassinado e eu sei quem são os culpados”; o progenitor dos “Jacksons”, inerente á dor da família e amigos informa, no dia do enterro, que abrirá uma nova gravadora para gerenciar as obras do popstar e claro, ganhar fama e dinheiro. Rei do pop para os fãs, fonte de receita para os oportunistas.

Diante de tantos interesses comerciais e mesquinhos, eu me indago em saber qual o papel dos fãs e dos milhares de adoradores de Michael nesse cenário hediondo e insolente.

Onde fica o respeito pelos eleitores que o elegeram Rei do Pop? Por que as lágrimas de hoje não acompanharam as dificuldades do passado? Por que é necessário morrer para se tornar divino ou semi Deus?

Indignado com tanta barbárie, eu prefiro plagiar certa frase do incrível mitólogo americano, Joseph Campbell “O papel do mito é revelar ao mundo, as muitas formas da alma humana”.

Serve como uma máscara para nosso indagável circo humano. Uma pena que a ignorância de alguns sirva para bestializar o saudável ensinamento dos sábios.

Michael Jackson ao morrer se humanizou. A morte transforma reis em super heróis. Idiotas e aproveitadores em almas perdidas, perpetuadas no limbo.

Pra que tanto H20?


Sempre que inicio algo em minha vida, costumo começar pelas coisas mais azedas. Dessa vez a inspiração veio por um simples movimento de 20° graus do meu pescoço, olhei pela janela semi aberta e pronto: como não falar da chuva que se democratizou em São Paulo?

Pra isso vou pegar meu calendário de geladeira e regressar até janeiro. Alguém já parou pra pensar sobre quantos dias choveu do início do ano até agora? E mais: Já refletiu em quantos programas culturais você cancelou, desmarcou ou postergou por conta do maledito H2O?

E as centenas de problemas que essa água desenbesta a oferecer? Aeroportos fechados, trânsito caótico, busão microondas (janelas fechadas, abafado, sem ar pra respirar)... A gripe dos porcos vai fazer a rapa nesse inverno!

Você que tem carro deve estar rindo maleficamente ao ler "busão microondas" (quanta maldade). Então veja a situação de quem se enforca financeiramente pra ter um carro nessa "terra chuvaliente":

Estacionamentos caríssimos, falta de vagas nas ruas, pedágio pro franelinha, gastos com mentex toda vez que fecha um farol, meia hora ou mais só para migrar de um bairro ao outro, preço do petróleo lá em cima, manutenção, revisão, depreciação .... Quer mais?

Abrí mão de um carro pra ter uma moto, e sabe por quê?
Não pego trânsito, o tempo trabalha para mim, não enfrento dificuldades para estacionar, não pago flanelinha, não compro mentex, sou pontual em meus compromissos profissionais e casuais. Entretanto, aqui estou! Escrevendo sobre a maldita chuva que acabei de tomar!