Crônicas

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O fascínio pelo pop II (no limite da exaustão)


A previsibilidade exaustiva da indústria cultural possui peso na formação de identidades. O que sai da tela da televisão sai também da boca do povão...

Inócuo, por vezes intencional, os bordões (e a moda) eclodem sempre através de uma “boca pop”, com seus estilos diferenciados e espalhafatosos. Os artistas desenvolvem as famosas frases feitas, massificam dentro dos seus respectivos programas e pronto: Ultrapassamos a fronteira da vulgaridade!

Essa empatia lingüística levou a equipe do “Ideias no Almaço” a ativar a sua endorfina literária (ávida pelo ridículo) e novamente seguir com as palavras mais “chulas e piegas” da nossa gramática, a qual podemos tecnicamente intitular de “adereço lingüístico”!

Vamos entender (de uma vez por todas) o que anda passando de boca em boca por aí?

FICADICA – “Papai? Dei uma ficadica para o menino da classe”! Imagine a angústia dos pais ao ouvir essa confissão da filha de 14 anos? Calma, não entrem em pânico! Não precisa deixar a mocinha de castigo sem assistir a Malhação ou até mesmo bloquear o Twitter dela. "Ficadica" é só dar umas “dicas ou palpites” para alguma coisa, nada mais profundo. Esses adultos viu? Ainda não pegaram a manha do esquema? Ficadica pra vocês não errarem na próxima!

SENSUALISANDO – É refrão certo em música funk! Dá onde isso eclodiu? Sim, porque isso eclodiu de algum animal de penas... Porém, muito óbvio até; Já notaram que as palavras “sensual” e “envolvente” são adjetivos ditos em locais de aglomeração de pessoas, feiras aos domingos ou em construções civis? Quer dar um upgrade na tua auto-estima? Passa na feira e “sensualize-se”!

REBOLATION – Das tribos da cena eletrônica do trance para a mesmice banal das dancinhas de futebol. Bastou um jogador rebolar mais do que a Gretchen pra todo mundo incorporar essa terminologia. Os comentaristas de futebol acham o máximo, o povão fala do rebolation até quando o “busão” balança, enfim, mexer o quadril é estar no rebolation, é estar na moda... Certas coisas que estão na moda, eu me recuso a estar na moda!

MARA – Termo oriundo de alguma novela (só pode ser). Palavra majoritariamente de mau gosto e totalmente arbitrária em seu significado, ou você já chamou a sua namorada de “mara”? Tão medonho quanto elogiar sua namorada de “mara”, é ver alguém dizendo que dançar o Rebolation é “mara”! A mulher maravilha já rodopiou pelo menos 100 vezes no túmulo. Queria ter um “saco mara” pra não enchê-lo de tanto ouvir essa palavra!

RAVE – Já não faz mais sentido separar o correto do errado uma vez que tudo é jogado dentro de um liquidificador. Junte mais de mil pessoas de óculos escuros, chapéus de caubói, patuás pendurados no pescoço e um monte de cara bombado tomando água mineral, pronto! Você já foi a uma rave! Mas e a música? Que música? Isso importa? Ah tá, deve tocar “techno”, sei lá eu!

É A TREVA! – Expressão que me levanta certa indagação: Imaginava que “trevas” fosse uma expressão usada em filmes de terror... Esses termos de hoje são tão imprecisos... Porém, perguntado a uma fã da Britney Spears, ela me disse que “é a treva” é usada para denotar algo brega... Um pleonasmo mais do que justo, diga-se de passagem! Vampiros, lobisomens e múmias? Fujam dessa treva!

NERDS – Termo pra lá de desgastado, mas que vive sempre em voga! Os nerds evoluem à medida da expansão da internet. O “nerd oitentista” usava óculos fundo de garrafa, calça no umbigo, camiseta xadrez e usava os seguintes bordões: “Pô mó bacana, mó legal, mó barato!” O Nerd atualizado joga games de computador e adora entender sobre essas novidades com nome de personagem do “Senhor dos Anéis”, tipo Widgets, Torrent e Gadgets. Quer se atualizar também? Deixe o “rebolation” de lado e adquira já o seu “tradutation on line”!

Pra finalizar a segunda parte da nossa crônica, vamos falar de moda (ebaaa):
A moda é efêmera e cafona em seu conceito. É transitável para alguns e empoçada para outros... Vejam os exemplos:

CALÇA SARUEL - Tá na moda algumas empresas de eletrodomésticos patrocinarem as novas tendências da moda: É o caso das divertidas calças Saruel. Esse modelito de calça possui um “cuador” (cuador originário de cu mesmo) na parte de trás e uma espécie de “calça dez pãezinhos” na parte da frente, ideal para a ida em padarias.

Do show da Xuxa para as passarelas de algum lugar. Sim, as calças Saruel me lembram a brincadeira oitentista do show da Xuxa, onde as criancinhas tinham que estourar as bexigas dentro da calça com alfinete... Não sou religioso, mas rezo pra isso sair da moda algum dia!

SANDÁLIAS GLADIADOR – Difícil pensar em algo que acompanhe um nome desses. De qualquer forma, as sandálias plagiadas do Nero (lá de Roma) caíram nos pés de muita moça bonita por aí, o que me ressalto a dizer que beleza e bom gosto nem sempre caminham juntas!

Já imaginou uma festa à fantasia? Você de calça saruel e sandálias gladiador? Uma perfeita “Amazonas”, só faltará o cavalo!

Apaga a luiz, Jesuis!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pequeno em tamanho, minúsculo em compreensão


Como somos pequenos diante de toda essa plenitude infinita. Pequenos em tamanhos e minúsculos em compreensão porque para compreender é preciso aceitar o inaceitável, corrigir o incorrigível, praticar o impraticável, neutralizar o indigesto e ver beleza na feiúra.

Para compreender alguma coisa é preciso perguntar também sobre essa alguma coisa, e perguntar sobre o universo é adentrar em uma camada abissal sem profundidade.

Encontrar respostas sobre o universo é engatinhar de Itacaré a Bariloche.

Repassemos nossas perguntas adiante, para uma nova e “mais compreendida” geração...

O Universo e o nosso universo de indagações e questionamentos:

Enquanto o telescópio Hubble completa 20 anos olhando o que há dentro do Universo. Nós viajamos impavidamente para dentro de nós, modificando o que há aqui fora, antes da luz irrevogável do fim do túnel.

Nos dividimos entre o tempo, o espaço a matéria e a vontade da matéria. Vivemos procurando soluções no mundo e muitas vezes encontramos dentro de nós um mundo de soluções. Nos perdemos dentro de um amor e passamos a vida a procurar essa perda. A vida se fez assim, vai saber... O designer desenvolveu a obra, e nós a olhamos da forma que bem queremos!

Aaah, o tempo e o espaço...

Que relação uniformemente concisa! O ápice de uma hipérbole pluralista e exata! Nascemos com pouca vida pra degustar e aproveitar tanta coisa feita por esse designer, e tanta coisa deixada pelo homem. Entretanto, o Universo das variações e das variedades também possui seus entreveros e os seus alertas: É melhor viver a sua vida intensamente porque a vida é muito curta pra viver a vida de outras pessoas!

Como somos pequenos e grandes diante de toda essa plenitude!

O mundo é uma ervilha quando associamos os encontros e os desencontros das nossas vidas com outras vidas conhecidas. Coincidência para quem assiste, adorno para quem protagoniza!

O Universo é uma gigantesca obra de Lego feita por um designer chamado sabiamente de Deus e nós somos uma pecinha que compõe essa inigualável perfeição. Um designer que tudo fez com telepatia, sem encostar-se a nada, porque nada que possua mãos ou raciocínio pode atingir a perfeição!

O Universo é infinito como a força de uma saudade, ou o poder das boas lembranças. Basta revirar a gaveta oriunda de um passado deixado para trás e se deparar com um cartão de Natal ou de aniversário para sentirmo-nos próximos de uma pessoa que não está mais próxima porque um dia esteve em um momento próximo que hoje nos reserva uma aproximação na memória e uma consternação no coração.

O universo e suas ambigüidades registradas em metáforas mal compreendidas pelo homem:

A infinita coloração de uma Galáxia - As nossas intermináveis divagações filosóficas / A ingenuidade de uma criança ao brincar de contar estrelinhas - As maliciosas intenções prescritas nas entrelinhas de um texto feito para uma saudade mal esquecida.

O universo e suas infindáveis opções, embaralhando e confundindo nossos sentidos:

O estrondo de uma Supernova, que pode ser visto a bilhões de anos luz, se propaga e fere tanto quanto uma ofensa desmedida, uma acusação injusta ou um dedo apontado na cara! A beleza sem fim de uma generosidade desprovida de propósitos entre desconhecidos é vista eternamente pela linguagem do coração. Não precisamos de visão para entender o coração!

E assim repassaremos nossas perguntas adiante, para uma nova e “mais compreendida” geração, que por sua vez, munidas de tecnologia e sabedoria virtual, encontrarão mais respostas do que nós encontramos num passado que ficou passado num presente distante...

O universo é um zoo galáctico fervilhante de criaturas, híbridos organismos, máquinas pensativas em um mundo de mentes impensadas, laptops ambulantes sem a certeza de quase nada. 

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A nossa insolúvel São Paulo

"Você passa você olha, dependendo você entra!” São Paulo mais parece um gigantesco e convidativo Shopping Center, em pleno sábado de véspera de Natal.

A nossa “macrometrópole” assusta os debutantes que desembarcam na Rodoviária do Tietê e desgasta os formandos acostumados ao caos suburbano (os veteranos de asfalto), quero dizer.

O trânsito é um sedativo para a nossa boa vontade. A baderna sonora e visual é anestésica para os gestos nobres e cheios de requinte. Viver aqui é interpretar o James Bond, sobreviver aqui é incorporar um filme do Indiana Jones; saímos de carro e saímos correndo dele também, rumo a um abrigo sem enxurradas e sem tempestades.

Em São Paulo, fila e chuva se tornaram instituição, dentro da nossa constituição desleixada e sem preocupação com o impávido cidadão!

E o aumentativo não se limita a dramática oração acima: trabalhamos 5 meses do ano só pra pagar impostos, convivemos com o despejo impróprio de lixo nas ruas, com a violência descambada e com a impunidade inacabada. Isso sem contar os mais de 700 mil buracos que afrontam o balanceamento da suspensão dos nossos veículos e o balanceamento do nosso equilíbrio emocional.

E o saneamento? Estamos longe de uma gestão de recursos hídricos, em breve, morreremos por inanição!

A nossa natureza afável e cheia de cortesias é executada no momento em que viramos a esquina da rua da nossa casa: Saímos na pressa, atrasados, ofegantes e ansiosos em busca da pontualidade no escritório, ou do sorriso “gema de ovo” do nosso chefe.

Obras já não resolvem, metrô é inviável porque falta investimento, transporte público vive cheio e quente, parece uma sauna móvel. O que fazer diante dessa democratização maligna e da falta de vontade em se construir uma cidade planejada?

Mas calma! Com o tempo você aprimora técnicas e desenvolve habilidades para se safar desses entraves “necessários” do cotidiano:

Siga o manual abaixo:

1º - Abandone a cama três horas mais cedo só pra não pegar engarrafamento e chegar mais cedo ao escritório.

2º - Evite almoçar na hora do almoço (é isso mesmo!). Saia às onze da manhã pra almoçar ou depois das três da tarde, se preferir, leve a marmita pro escritório e ponha no microondas; coma rápido e volte ao trabalho, afinal de contas, pra que usar os 60 minutos miseráveis de almoço que você dispõe enfrentando filas e engarrafamento?

3º - Ligue para a sua esposa e diga para ela desfilar com as jóias dela somente dentro da casa de vocês, assim ela evita constrangimentos com assaltos desnecessários.

4º - Tem filhos? Se a escolinha for perto da sua casa, sorte a sua, senão, contrate uma babá com carro e peça para ela sair da sua casa com certa folga, senão, periga você chegar do trabalho antes do “moleque”.

5º - Faça hora extra todos os dias, ou você prefere ficar sufocado dentro do seu carro popular e sem ar condicionado durante horas no trânsito? Ou aglutinado feito arroz de sushi dentro da “sauna móvel”, vulgo ônibus?

6º - Esqueça as risadas proporcionadas pelos amigos em uma mesa de bar. Happy hours em São Paulo mais parecem inauguração de balada do que um local de sossego e intimidade: A mesa do bar é mais cobiçada do que aquela secretária “gostosona” da tua empresa... Isso sem contar o serviço dos garçons; humanamente impossível um ser humano atender trinta pessoas de uma só vez com eficiência e organização!

7º - Fim de semana? Com sol ou com chuva? Porque em qualquer hipótese o sofrimento será eminente! Shoppings intransitáveis, parques lotados, cinemas entupidos etc etc etc... Até a internet fica congestionado feito nariz com rinite crônica.

Assim é São Paulo!

Pra agüentar o ritmo dessa “mãe devotada”, é preciso ter muitas aulas de spinning, pump, step, hidro, pilates e muita malhação... Haja disposição e saúde!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Desatando nós


Janela sobre aberta, clima semi frio, noite equilibrada entre as nuvens e as estrelas. E eu aqui pensando: Quem estará lá para tomar o meu lugar? Ela sempre teve um rosto bonito, será que ela me vê passar por aqui?

E se você escutasse, eu não poderia chamar. E se você gritasse, eu só poderia lhe escutar. E se você chorasse, eu só poderia esmagar meu coração impotente para te socorrer em meus braços...

Feito uma brisa suave de verão, viajo vagarosamente até um presente próximo ao meu apego, ao que me fixa em algum lugar no meio dos muros dessa cidade de sonhos moribundos e, em pesadelo profundo, sonho com o nosso interrompido mundo:

Eu desenho um quadro dos nossos dias passados em preto e branco. A realidade dos fatos me induz ao intolerável: Aos poucos os nós vão se desatando, mas o afago dos seus beijos jamais se desvanecerá no tempo. Você cravou seu eu em mim e depois que eu te conheci, tornou-se insuportável não viver sem o teu eu... Sinto falta de nós quatro grudados em suor: eu e você, você e eu.

Agora embarco em uma faixa de luz com passadas desordenadas. Difícil deixar o rastro do teu arrasto sem o nosso compasso! Meu amor por você foge dos dicionários e de qualquer dialeto ultrapassado pelo tempo. Meu amor por você vence os protocolos da humanidade e os regulamentos diários do homem.

Sou uma matéria calada, ceifada pelo sofrimento de te perder tão prematuramente. Tento falar algo, uma monossílaba, um ditongo, mas as minhas expressões se perderam em um hiato a contragosto chamado de Adeus.

Por isso eu te peço: Converse comigo em silêncio, converse comigo a língua dos Anjos, nada do que você me confessar vai me fazer te amar menos. Leia-me em pensamento! Decifre-me em um confinamento! Nada do que eu te disser vai trazer você pra mim!

E nessa morte aparente, eminente, sigo sem meu sustento, sem meu alento! Mas ei de descobrir um jeito de te acompanhar de onde estou e por um fim nesse meu desalento.

Fincarei todas as minhas energias em teus sonhos e te manterei atualizada dessa nova vida que vivo sem a tua vivacidade que me fazia viver! Eu carrego você em meu coração, e tranco em minha mente a nossa recordação, até nos encontrarmos de novo, dessa vez, sem interrupção!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Rebobinando vidas


Quantos “eus” são enterrados no levantar das taças do dia 31/12? E quantos “homens” ressurgem dessa esperança renascentista? Por que temos essa obsessão irrefreável em abandonar o passado e tentar esquecê-lo?

Passado vibrante, passado contraditório, passado triunfante, passado frustrante. O passado passa apressado assim como todo domingo é dia de almoçar com a vovó e comer frango assado. Segue-se um ciclo, findam-se pessoas, nascem vidas, interrompem-se sonhos e planejamentos... A dança da vida propriamente dita!

Dizer que o passado foi melhor que o presente é arremessar o futuro pra dentro de uma masmorra sem ver a luz do sol... Por isso preserve o cheiro de mofo dos álbuns de família, das gavetas quase nunca abertas, das tuas bugigangas “retrô” e dos teus livros da estante, e só!

Cabe aos poetas externarem com sensibilidade e sabedoria, os seus belos e enfáticos poemas sobre o que ficou pelo retrovisor. A luz deixou de brilhar e o túnel já ficou lá pra trás...

E o que fazer? Engata a 5ª marcha e siga em frente, na velocidade das tuas ambições! Deixa o vento bater na cara e apaziguar as tuas lembranças.

O passado ficou lá atrás e, como não sei dançar o “moonwalker” do Michael Jackson, não vou correr por ele. Deixa ele passar!

O simples “rodar da catraca” de uma condução pública já nos possibilita assistir a um novo panorama, certo? Ou você pede pro motorista descer antes do seu itinerário? Pensando bem, caminhar também faz bem; ajuda a repensar no instante, no precioso momento chamado “presente”...

Faltou coragem pra assumir uma cagada? Justificar o erro é errar duas vezes!

Encheu o peito de ar num momento em que era pra se curvar? Abaixar demais as calças pode lhe trazer conseqüências graves. O orgulho também tem pregas!

Olhou pra trás e o balanço não foi positivo? As opções do presente podem significar um futuro com a falta de algo que decidiu-se perder no passado. “Mureteiro” só se ferra! Aprenda a sair do muro, se joga pra algum lado!

Arquivou rancores desnecessariamente? Não seria melhor escovar os dentes pela manhã olhando-se no espelho? Pessoas se erguem ao pedir perdão. Aceitar esse perdão é a maneira mais sublime de crescer! Já notou que a maioria das pessoas olha pra pia ao invés de olhar pro espelho?

Sua insegurança chegou ao ponto de perguntar sobre o histórico sexual do seu parceiro? Desgosto e estupidez juntos na mesma pessoa? O passado pessoal condena quem sempre esquenta o banco dos réus... Por que o acusado sempre se acha o santo?

Enfim, vivemos tentando não viver do passado, e morreremos pelo mesmo passado. Exumamos os deméritos e fossilizamos os méritos em busca da inalcançável perfeição!

O fato é que o tempo vai embora e a suavidade dos fatos entra em cena. É um estado peculiarmente sazonal à nossa memória, isso quando ela não é seleta.

Nossas consciências conhecem a verdade de tudo. Os três lendários estágios da vida (passado, presente e futuro) só estão aí pra nos dar à plena colocação dos nossos erros e da nossa ignorância como meros mortais.

E você? O que vê diante de um espelho? Entusiasmo, orgulho, desordem ou silêncio? O mundo ao nosso redor é um reflexo intermitente ou empoçado. O espelho denuncia a existência dos tempos, sendo eles permanentes ou não!

domingo, 11 de abril de 2010

Qual é o limite da piada?


Suponho que entender a nossa sociedade não seja uma questão de sensibilidade, mas sim de terapia. É preciso entrar na mente dos loucos em ascensão e fazer uma investigação analítica sobre as suas razões peculiares, bem como os seus surtos de insanidade...

A inquisição já reconhecia a loucura como um distúrbio que afetava diretamente os indivíduos de “miolos soltos”... Ao longo da nossa história, os loucos foram concebidos sob várias visões e apareceram com tanta freqüência que saíram do anonimato para o estrelato...

A maluquice virou moda! A maluquice está na moda! No entanto eu me pergunto: Qual é o limite da piada?

Em nome de uma religião, retrocedemos aos antigos rituais indígenas onde se cultuava o uso de ervas alucinógenas, e hoje, em prol de uma justificativa qualquer, desencadeamos transtornos mentais gratuitos por conta dessa droga.

Mas afinal, que droga é essa?

A sociedade indígena nem pode ser comparada à nossa sociedade, porque o que eles faziam estava voltado para uma cultura que enaltecia os Deuses, sem executar com 7 tiros, o pai e o filho dessa crença. Do Peru para o Brasil e por conseguinte, pra banalização!

Moral da história? É inconcebível “copiar e colar” destas culturas, um alucinógeno e introduzir em nossa intrépida cultura burguesa como “desculpa social” pra ficar chapado!

Pensando bem, só ficando “doidão” pra engolir a nossa vexatória política, veja os exemplos:

Um festival de escândalos, denúncias, investigações, provindos de um governo manchado de vermelho: José Roberto arruda se apresentando como vítima de um processo vergonhoso; nosso presidente dizendo que não “passamos” pela crise; a Dilma ameaçando uma subida no Ibope...

Será que o filtro de água da minha casa está contaminado com o “daime”?

Estamos à beira de mais um caos eleitoral nas urnas, fruto de uma preguiça intelectual e de uma escassez latente de ensino e dedicação.

As bibliotecas vazias e as poltronas das salas cheias de curiosos! Ler ninguém quer, mas ver todo mundo quer, não é mesmo? E que o diga os “realities shows” brasileiros.

Por que não é possível mesclar conteúdo com entretenimento? É melhor “estudar” o que os outros fazem dentro de uma casa ou de uma fazenda do que “estudar” o que estão fazendo com o nosso país?

Moral da história? Se 60% do eleitorado brasileiro lesse a Veja, navegaríamos por águas mais límpidas e menos turvas... Ou ao menos pensaríamos na hora de apertar uma tecla.

Nossa sociedade é repleta de anedotas. Vamos rir também? Só se for uma extensa gargalhada debochada.

Tem como sorrir vendo os nossos criminosos translucidamente impunes? Ou punidos suavemente como se tivessem roubado pão na padaria?

Veja o “Top 5” da maldade: Guilherme de Pádua – Maníaco do Parque – Champinha - Suzane Louise Von Richthofen – Nardoni...

Atrocidades distintas, épocas semelhantes, motivos irracionais, porém, com o mesmo requinte cruel e com algo terrivelmente em comum: a injustiça.

Por fim, veja o capitalismo da Páscoa e o “peso” dos ovinhos de chocolate desse ano. Nunca o cacau foi tão valorizado no Brasil! Do ano passado pra cá, houve um aumento de 89,90% nos ovos de páscoa.

Moral da história? Encare a realidade dos fatos: A galinha dos ovos de ouro já não existe mais, existe o capitalismo dos cofres de ouro!

Ser “pequeno” no Brasil não é uma vantagem, o importante é estar na moda, na maluquice da moda.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Momento Naftalina


Por que as belas histórias têm que ser tristes? É o mundo em movimento!

Por que a vida vira e mexe nos prega uma peça? Brincadeira de Halloween? Não não! É o mundo mostrando a você à sua força gravitacional!

Por que passamos a vida procurando um amor e quando esse se oferece fiel e devoto o deixamos escapar? É a vida mostrando o quanto você perde ao brincar de “esconde-esconde” quando deveria brincar de “pega pega”.

E brincando de reviver o passado, bate uma saudade monumental da era “anos perdidos”, principalmente por ver que na “era” de hoje, nada “era” como antigamente.

Bora reviver o passado? Sigam-me os bons:

Após o colégio, a tarde era reservada impreterivelmente para as brincadeiras com os “comandos em ação”. Os amigos levavam os seus “soldados G.I.Joe” e pronto, a guerrilha estava montada e só era interrompida quando a “dona da casa” chamava pra tomar “Brown Cow” com leite gelado.

As tardes de hoje são entorpecidas por um teclado e um monitor LCD e na televisão presenciamos os comandos criminosos em suas ações nas favelas e na sociedade. Nem “Brown Cow” tem mais pra matar a sede gostosa de chocolate com leite.

Queria pegar as milhas que tenho e viajar ao contrário, num mundo arbitrário ao que é hoje! Como não tenho esse poder mágico, vou brincar de escrever sobre reviver:

E você? Usava “bamba cabeção” ou all star? Sente saudade ou vergonha do uniforme azul e branco do colégio? E as meninas? Com saias, keds, estojo Hello Kitty e chuquinhas da pakalolo no cabelo?

Eu adorava as meninas que passavam por mim usando o perfume Giovanna Baby!

Ainda sente na memória o cheiro de álcool das provas elaboradas em papel estêncil? E os trabalhos escritos à mão em uma folha de papel almaço? A gente adorava soltar as idéias no almaço!

E o frio na barriga quando você não estudava e no dia da prova tinha que adotar aquela técnica francesa do “uni duni tê”?

E a professora com tiara na cabeça segurando o cabelão todo armado? E o cheiro saboroso da lancheira? Com bisnaguinhas “Seven Boys”, suco de laranja e “Danoninho”?

Eu gostava mesmo era de faltar no colégio no dia do meu aniversário. Evitava acordar cedo e evitava também levar ovada na cabeça, entretanto, sentia falta do recreio, brincando de queimada, stop e polícia e ladrão...

Sente falta de tomar Neston? comer Lollo? mascar Minichicletes e Sparkies? E de chupar Dip N´Lik com açúcar? Quem nunca colecionou as cartelas de papelão que vinha dentro dos chocolates Surpresa?

Tomava Ki-Suco no verão com o copo lotado de gelo?

Como é gostoso relembrar tudo isso hein?!

Anos 80: Guloseimas que me deixam nostálgico!

E nessa viagem ao túnel do tempo... E nessa rotação planetária... Brincamos de ciranda nesse “mundo boomerang”:

Gira, gira, vai e vêm, os amigos vêm e vão, as pessoas vão e vem e os amores vão em vão. Enquanto isso colecionamos encantos, desencantos, trunfos e triunfos... Uma inesgotável brincadeira oitentista de “passa e não devolve”.

Quero pegar no sono pra sonhar com uma pergunta:

Vamos pegar nosso carrinho de rolimã e se jogar na ladeira da vida, com a ingenuidade e a coragem daquela criança que fomos um dia?