Crônicas

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

23 de outubro de 2014


Há exatos 124 dias arriscamos uma nova combinação - eu - me propondo a uma espécie de desintoxicação pessoal - ela – substituindo os vínculos afetivos da solidão.

Decodificamos a fatalidade ilusória que permanecia latente em nossas vidas: encontrar alguém que realmente nos fizesse ser alguém.

E conseguimos!

Espiamos a vida lá fora sem notar que dentro de nós (ou muito próximo a nós) existia um pequeno lampejo de crença pelo amor esperando ser descoberto para se tornar – então – um incêndio de proporções que dariam inveja a Roma incendiada por Nero.

E conseguimos!

Passamos pelas assombrações de um quarto vazio. Ultrapassamos – temerosos - a inquietação por algo que nos deixasse finalmente em paz. Sobrepujamos rótulos, protocolos, paradigmas de que para ser feliz basta sermos nós por nós.

Mentira! Somente um amor de verdade é capaz de tamanha façanha. Sozinhos somos partículas presunçosas a viver uma vida dissoluta ou desregrada.

Pra música tocar de novo, precisamos de amor. Necessitamos de alguém que nos desperte este amor.

... E você é a mais grandiosa e sublime sinfonia que alguém poderia compor.

Obrigado por eu ser o seu acorde, a sua melodia, a sua composição – sem você – não haveria canção, não haveria orquestra e me arrisco a dizer que nem os anjos teriam suas arpas angelicais.

Amo você, eternamente, como uma canção inesquecivelmente bela. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Predisponha-se!


O amor não envolve carência. O amor não envolve pura e simplesmente o fato de não ficar só.

O amor não envolve a necessidade de entrar no cinema acompanhado. Nem de jantar num sábado a noite com alguém do lado.

O amor envolve predisposição.

Predisposição de sorrir com a felicidade do outro.

Predisposição de botar no colo e aplacar uma cena de ciúme.

Predisposição para ouvir/falar equacionalmente em uma discussão.

Predisposição de entender a colocação adverbial de tempo das velhas histórias, porque passado é um portfólio de experiências que nos moldam para um "futuro presente" chamado de recrutamento.

O amor envolve a predisposição de sair:

Sair da sua veste, do seu casco, da sua redoma, do seu invólucro e arriscar ao novo caso, porque o amor não vive de acasos, e sim de predisposição.

Vive quem - atrevidamente - ama.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dormir junto é parcelar o amor


Acordar num sábado com quem fez a gente passar noites em claro antes da conquista é algo indescritivelmente belo. Acordar num domingo preguiçoso e sem epitáfios sociais ao lado de quem - agora - nos faz ficar acordado por contemplação é esplêndido.

Mas acordar juntos sempre que possível é a idealização de uma eternidade desejada.

No lugar da modernidade de se acordar em casas separadas, eu defendo o sorriso estampado ao ver um lindo café da manhã montado à mesa.

Raciocina comigo: Dormir juntos todos os dias é parcelar o amor em inesquecíveis e efusivas prestações.

Dormir juntos de domingo para segunda-feira é diagnosticar a felicidade pelas palavras de afeto e pelos desejos de bem querer durante a semana que se inicia.

Dormir juntos durante a semana é dar alforria ao sacramento de que todo amor só germina e floresce aos finais de semana. É aniquilar o sentimento de saudade de imediato, sem rodeios, e sim, com rodopios pela cama e sorrisos matinais com irreverência e bom humor.

Não dormimos de conchinha, entretanto, entrelaçamos os nossos pés como se ambos conversassem uma língua confidencial.

Enquanto eu me mexo dormindo, ela se remexe em meus sonhos.

Enquanto eu a abraço com minhas pernas, ela se entrelaça com seus braços.

Enquanto ela dorme sorrindo, eu acordo feliz.

Enquanto ela passa seus cremes aromatizados, eu arrumo a cama.

Enquanto ela sorri pela mesa de café feito por mim, eu a ponho em meus braços beijo sua testa e agradeço por mais um dia de convivência.

Para nós, amar não é sobrevivência diante da rotina, e sim preservação da rotina pela vivência, porque a rotina para quem dorme junto é sempre uma novidade.

Em nosso mundo todos os ambientes são quartos, mas é no quarto dos quartos que nos amamos por inteiro.