As pessoas precisam se comparar às outras; se faz necessário quando se deixa escapar uma oportunidade promissora de fazer sorrir.
Pagamos caro pelas atitudes impensadas, geridas pelo impulso e pela vontade intrépida de puxar o fio da tomada. Queremos a qualquer custo mudar de estação ou sair de sintonia.
Entramos em uma espécie de hipotermia sentimental.
Não existe nada de impudico no arrependimento. Terreno infértil e hostil para qualquer germinação de sapiência. Nesses casos julgam-se juvenis e infantis os mandamentos do coração; o cérebro aconselha o contrário, porém segue adiante só para ter o gostinho de dizer lá na frente: “Viu? Eu te avisei para não fazer isso!”.
Entretanto, entre o prefácio e o fim de uma história sempre existe o elo conjecturamente chamado de “meio”... E nesse anestésico e confuso intervalo, um universo de pechinchas se joga diante dos nossos pés do qual eu divido em quatro estágios de ação:
Ocupação: Barganhamos o descontentamento pela quantidade. Saímos em busca de entretenimento e interação. Tudo é válido para corrigir ou ludibriar o estado provisório do sentimento.
Instabilidade: Saudade não é arrependimento, é atrevimento. Tentamos nos envolver e ocupar o espaço de outrem com pessoas não tão notórias, justamente para nos perdoarmos nos defeitos alheios.
Subjeção: Após essa longa viagem à Disneylândia, voltamos à realidade; a temerosa rotina, tão imperdoável quanto à lei da gravidade. Nos confrontamos internamente numa espécie de guerra fria entre a razão e a emoção. O réu ocupando o banco da vítima, a vítima inocentando o acusado, o réu outorgando pelo juiz, enfim... Um emaranhado confuso de ordens e de posicionamento. Resta saber quem é quem nesse balaio todo, o coração e o cérebro trocam de personagem até mesmo na própria cena.
Quietação: Passado a confusão vocacional entre a razão e a emoção, vem à calmaria e o entrelaçamento consensual; ocupamos nossa vida com as desocupações rotineiras, retomamos a paz e a guerra fria entra em recesso temporário – sim - temporário, logo mais voltamos a investir projetando uma resolução e um firmamento amoroso antes da chegada da 3ª idade.
De qualquer forma, antes de outro investimento e, passado essa epopéia de sensações, conflitos e alívios, nos deparamos com uma clarividência indivisível e reveladora:
Não existem réus, culpados ou juízes, somos vítimas de nós mesmos.
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Excelente!!
ResponderExcluirMe identifiquei com o texto.
Ju
Perfeito......segue uma parte de um texto que escrevi a um tempo atras q fala um pouco disso:
ResponderExcluirComo, por sabedoria humana, lembre-se que é coisa de homens e, conforme a fraqueza da nossa humana natureza, sofrer enganar-se ou errar. Por conseguinte, reconciliarmo-nos com alguém, não se julga exatamente perdoar e esquecer, se julga apenas o conformismo da situação. Perdoar e esquecer equivale a jogar pela janela experiências negativas adquiridas com um certo custo, e abrir espaço para coisas novas, novas situações, junto com alguém que realmente assuma sua condição humana de imperfeição para assumir seus erros e aprendizagem com os mesmos. Apesar de, nos momentos mais complicados, nos assegurarmos o contrário de modo profundo e sincero. Como disse “Anne Frank”: Só se conhece realmente uma pessoa depois de uma discussão. Só nessa altura se pode avaliar o seu verdadeiro caráter.
Show de bola Jo... Assumir a condição humana, tarefa para poucos...
ResponderExcluirValeu por participar.
Leitura fascinante.
ResponderExcluirParabéns.
PERFEITA CONCLUSÃO!
ResponderExcluirbjks lindo
Na vida precisamos encontrar o tom certo. As vezes nosso tom é desafinado, superficial e as vezes é harmonioso e compassado.
ResponderExcluirAlgumas pessoas não conseguem seguir seu ritmo, pois não param nem para escutar, e outros o escutam e dançam... com a vida.
Escutar o tom positivo é mais fácil aos 40 do que aos vinte, aos sessenta... mais ainda. Só espero que aos 80 tenhamos suficiente espaço interior para que ele baixe, se instale e cante.
Muito bom,amigo!
ResponderExcluirquando tirarem a venda da justiça descobrirão que ela não possui olhos!
abraçosss
REnata Bomfim