Algumas histórias se reparticionam em vários episódios,
como se fossem capítulos dentro de um único seriado e ainda na mesma vida...
Outras possuem uma continuidade que ultrapassa outras vidas, ás vezes nascem na
mesma época, ás vezes se desencontram na erraticidade...
Pois bem.
Com exceção da era Paleolítica, onde os homens não
faziam janelas em suas cavernas, a humanidade desde que descobriu a necessidade
de se relacionar, sempre teve duas lendárias escolhas de interesse mais sério:
Janela ou porta.
Após uma bem sucedida aproximação, o desejo de ir além
acontece naturalmente e você busca amplificar essas condições, seja à espera
paciente de um convite (entrando pela porta da frente), ou burlando os
protocolos e nutrindo sua ansiedade pela alternativa mais rápida: a janela.
Tome nota: Não existem relacionamentos que começam pela
porta dos fundos, você está no canal errado.
Analise:
Entrar pela porta necessita de conquista e de
aceitação; tem todo um aparato envolvendo este cenário: paciência, criatividade,
gentilezas, respeito, confiança e acima de qualquer coisa: credibilidade.
Pela janela: Existe algo que cativa nesta ação. Mesmo
não sendo adequada, ela possui elementos que incitam e aguçam a nossa
curiosidade. Nos indagamos sobre esta audácia, porém, dado as primeiras
impressões, deixamos rolar...
Aparentemente você não viu nada inapropriado nessas
duas opções, correto?
O equívoco está no sujeito que pratica as opções.
Muitos se acostumam a entrar pela janela e se esquecem
que a porta seria - em tese - a forma mais educada e eloquente de se entrar na
vida de alguém.
O sujeito se transforma num invasor de residências e
impreterivelmente será confundido por um ladrão, dado sua expertise em arrombar
janelas... Sua vida se torna uma verdadeira aventura e com a prática, logo mais
estará pulando muros, atravessando cercas, fazendo coisas que nem o homem
aranha seria capaz... Um autêntico praticante do “Le Parkour”.
É fato dizer que muitos renunciam a opção convidativa
da porta por conta da indecisão da dona da casa. O sujeito até possui uma
inclinação caseira, mas, em detrimento das incertezas, opta pelo trajeto mais
fácil.
A porta nos rende uma certa tranquilidade, mesmo
sabendo que não existe nenhuma quietude numa relação, ser convidado nos transmite
uma real sensação de certeza... Basta fazermos nossa parte na manutenção de futuros
convites.
O papel de quem entra pela janela é de resistência e o
adeus é sempre uma falsa mentira.
Não se pode acreditar em términos, nem desconfiar das
rupturas. Quem entra pela janela acredita nas metáforas e não leva a sério
todas as palavras. Ele prefere terminar com ele mesmo e sair pela porta ao
invés de terminar com ela e sair pela janela.
Quem entrou pela sua vida por meio de uma janela
raramente desiste porque ele impôs um cuidado demorado nesta ação. Foi tudo
planejado, embora para você parecesse uma surpresa.
Ele teve todo cuidado de não pisar no rabo do gato e te
acordar no meio da noite com um susto. Ele entrou de mansinho sem acender a luz
e teve que tatear toda essa manobra no escuro.
Cá entre nós:
Se o invasor estiver mesmo interessado, ele pode
aparecer no centro do seu quarto com um lindo buquê e beijar o dorso da sua mão
com um olhar de “oops, desculpe a invasão”.
Mesmo não havendo uma relação, tudo é relativo.
ainda prefiro ser convidado a entrar pela porta!! rs...
ResponderExcluir