Existe ressaca para tudo.
A ressaca traumática das escolhas que se faz quando
estamos fora da nossa sobriedade... A ressaca de um cenário de areia e mar... A
ressaca de um recuo solitário que se faz necessário... A ressaca de uma cama
vazia ou de um lençol compartilhado...
Existe ressaca para tudo.
O início do ano possui um prefácio nutrido de uma
ressaca diferente das demais; a ressaca da felicidade, sim, porque ela se
esforçou o ano inteiro para te trazer novas tonificações, novos prismas e
muitas vezes foi um trabalho em vão, uma hora extra mal paga, porque enquanto
ela trabalhava, você estava jogado no sofá.
Felicidade trabalha de dia, de noite, de madrugada,
quando chove pra burro, quando esquenta demais... Não descansa em feriado
prolongado e não recebe 13º no final do ano, por isso ela precisa de férias.
E como a humanidade em sua totalidade faz do ano uma “ata”
(discernida em estágios de atitudes e de promessas), a felicidade escolheu
janeiro para curtir a sua ressaca. Uma ressaca coletiva, sentida pelo seu
locatário (nós) e repassada para o nosso inquilino, o coração.
... E assim ficamos desse jeito no início do ano: medo
de sacrificar os costumes, receio de confrontar-se com as transições e queremos
adquirir nossas mudanças pelo dobro do preço só para evitar os juros da pressa.
Sentimos uma solidão cultural, social, emocional e - no
afã de evita-las - entramos numa bebedeira entre o coração, a razão e os “mimimis”...
Já imaginaram estes três elementos na mesma pista de dança?
O jeito é curtir a música e aproveitar essa miragem
alcóolica imaginando que a coragem está lá, do lado de fora, pacientemente na
fila aguardando o cartão de consumação para participar da festa.
Logo mais ela estará aqui, transformando este trio em
quarteto e dando as boas vindas para eu enfrentar tudo o que me faz congelar.
O fim é a monotonia do bem estar, logo mais tudo volta
a ser leve, prodigioso e laborioso com a certeza de que muito se aprendeu nesse
interlúdio entre “atitudes e promessas”.
Sem mais. Amei!
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