Passei meu Carnaval me sentindo um folião do amor.
Sou daqueles que vão totalmente contra a este movimento
que nos rodeia numa espécie de “obrigação de sermos felizes” suando dentro de
blocos de rua.
Não apresso minha velhice com a juventude desse período
- em troca – acumulei afagos, carinhos e sorrisos infindáveis por horas a fio.
Enquanto o mundo pulava lá fora - insandecidamente - como
se não houvesse crise hídrica, nós nos banhávamos de abraços matinais onde os
lençóis e o edredom dividiam o “abre-alas” de mais um dia.
Nosso entretenimento era ímpar e raro nos dias
moderninhos de hoje; trocamos o copo de plástico amarelado por uma sala de
cinema com o filme preferido dela.
Optamos por um passeio no bairro da Liberdade para
conhecer novas culturas a se embriagar na Vila Madalena.
Desligamos a insuportável Globeleza para um jantar com
amigos regado a histórias inebriantes.
Substituímos os horrorosos abadás por um passeio no
Mercadão da Lapa.
Nosso entretenimento foi jogar dominó, combate, sinuca,
vídeo game e qualquer outra coisa, menos ser um folião solto na vida.
Sim, porque a folia acaba, a cerveja esquenta, o
desodorante vence e tudo se transforma – metaforicamente – em cinzas.
Passamos o feriado prolongado prolongando ainda mais o
que já se prolonga há meses: O nosso mundo.
Abandonamos as lantejoulas e a peruca rosa e trocamos o
“tentar ser algo” pelo “estou sendo eu mesmo”.
Moral da história:
Para quem substitui a máscara de Carnaval pela
permissão de arriscar algo, jamais vive uma quarta feira de cinzas.
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