Não foi só ela que bateu na porta,
entrou e ficou...
Entrou o lado doce da vida dissolvendo
as amarguras dos dias indigestos. Entrou o sorriso contínuo que tirou o lugar
da felicidade sem criatividade.
Entrou com ela a gravidade da Lua,
pairando no ar a saudade mal esquecida quando ela resolve sair
temporariamente... Ela vai e volta, e quando volta, bate na porta, entra e fica.
Bateu na porta, entrou e ficou...
Ficou junto com a sua massa envolvente
e sedutora, os valores invisíveis a minha retina, sobretudo, palpáveis aos meus
outros sentidos - hoje - pareço um louco desvairado a ouvir melodias sem
música, aroma sem cheiro, tato sem retrato.
Entrou com ela à organização do meu
mundo, a conclusão das minhas mudanças, a determinação das minhas causas, o planejamento
de uma vida nova que começou aos 40.
Entrou com ela a calma que faltava para
a minha alma. A plenitude das minhas atitudes.
A certeza das minhas dúvidas. A leveza dos meus antigos pesares.
Entrou com ela o senso de moralidade,
estabilidade e direção, dispensei até meu Waze porque hoje já não me perco
mais!
Entrou com ela algumas obviedades de
mulher; a demora na hora de se arrumar, a serenidade na hora de acordar, as orientações
rotineiras aliadas à minha pressa, minha ansiedade e minhas críticas -
obviedades que juntas - formam um casal moderno.
Com ela veio a ressureição da própria
casa: a cozinha tem um sabor indescritível, a sala está mais convidativa e atrativa,
o banheiro possui a calefação exata na horo do banho e o quarto, bem, o quarto permanece
uma confissão a dois, deliciosamente a dois.
Ela bateu na porta, entrou e ficou, e
com ela os marcadores de página desistiram de fazer moradia em meus livros; hoje,
eu tenho uma linda história pra contar.
E com ela a minha solidão, os meus
questionamentos e os meus anseios mudaram de CEP!
Hoje, me sinto mais cheiroso, mais
confiante, mais produzido e até mais charmoso. Hoje não me sinto mais
provisório e quando me perguntam sobre o que é o amor, seu rosto é a mais pura
definição!
Hoje – graças a sua permanência – não existe
mais o medo daquela travessura que o amor me pregava, tocar a campainha e sair
correndo.
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