Gosto de sair na ventania, o vento modifica
fisionomias, assim vejo alegrias.
Gosto de sair na ventania, o vento contra o meu rosto
não me deixa esquecer de que as palavras sempre retornam de onde saem.
Gosto de ficar estático num campo descampado. Sinto o
vento me rebater de todos os ângulos, me reequilibro, me refaço e agradeço,
porque se o vento escolhesse somente uma direção, as árvores nasceriam tortas e
os nossos cabelos permaneceriam à mercê dos anos 80.
Sabe, a maioria das pessoas não gostam do vento contra
o rosto; umas acham que ficarão gripadas, outras resfriadas, outras tantas com
a maquiagem borrada ou com o cabelo desfeito...
Sabe, a grande parte das pessoas se esquecem de que os
ventos fazem curva, não porque se afugentam de um obstáculo, e sim, porque
preferem adotar um novo caminho para não desistirem de soprar...
Gosto de sair na ventania, não por ansiar a modificação
das paisagens, e sim, para compreender a relação mutável das coisas... Tudo
passa, deixa marcas, nos liberta e nos revigora....
Eu só tenho uma coisa a reclamar; eu acho que o
arco-íris não deveria ter o privilégio de ser colorido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário