Nos dias em que falta articulação nós atrofiamos os
movimentos físicos, entretanto, convocamos a memória para rodopiar o tempo a
fim de deixa-lo tonto...
Enquanto ele gira e vê tudo passar apressadamente em
círculos, nós divagamos em nossas ficções nada científicas...
Em nossas ficções os beijos dispensam as paixões e a
fotossíntese das nossas mutações é orgânica... Evitamos as dúvidas.
Sem dúvidas a gente escolhe.
E escolhemos aquela paixão bacana e equivalente, que
nos procura após uma briga e que não se autoflagela com o inalcançável. A gente
vive junto. A gente se dá bem!
As nuvens são de algodão. Os Girassóis sobrevivem no
inverno. O amor não é fotografado e todo exagero é ficcionista.
O algoz do exagero é a indiferença, a indiferença com
uma pessoa que definitivamente não merece tamanho desprezo: Nós mesmos.
A gente se deixa pra outra hora com o exagero. Sabotamos
o tempo que era pra ser nosso e, como uma espécie de “Goya”, engolimos o prazer
da apreciação... A velocidade da mudança é tão vagarosa quanto a sua tartaruga
que engoliu erroneamente o rivotril que você deixou cair despercebidamente.
A gente rouba. A gente pega emprestado. A gente
devolve...
Mas só devolvemos quando o tempo para de girar e o
mundo volta a sua normalidade constante e passiva, girando lentamente em torno
do Sol levando exatos 365 dias, 5 horas e 48 minutos para completar uma volta...
365 dias; Quantas temporadas podemos vivenciar, hein? E
ainda temos 5 horas e 48 minutos para se jogar no sofá, assistir a série
favorita, tirar um cochilo e voltar a viver de novo.
Assim como a terra não é perfeitamente esférica (seu
diâmetro equatorial possui imperceptíveis 40 quilômetros de diferença do
diâmetro polar), nada é fixo no céu, nem mesmo as nossas cabeças infiltradas
nas nuvens...
Já que a Terra não é perfeitamente esférica, vamos
viver as nossas tangências, ultrapassar pelo acostamento se for preciso e
percorrer essa estrada vertiginosa e cheia de contrastes perpendiculares até
completarmos estes 365 dias...
E o que faremos depois do cochilo no sofá?
Nos reinventamos! Sempre com o amor no banco do
passageiro.
O amor é a única força existente capaz de não andar em
círculos repetitivos (como a Terra). É o único motivo capaz de te fazer
levantar do sofá após o cochilo e viver mais 365 dias...
Cíclico ou insólito, o amor é amor e ponto. Não existe
exagero, existe abstinência.
Seguir achando que ele não fará falta é como descolorir
uma Aurora Boreal ou impor uma cor ao crepúsculo.
Nada é fixo no céu, nem mesmo o nosso planeta... E
temos 365 dias, 5 horas e 48 minutos para provar isso!
Adorei, André!
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