Ela
veio repleta de “talvezes”. Eu – com certa inveja – vim lotado de “achos” –
afinal de contas, é deselegante conhecer uma mulher de mãos vazias...
Nos
olhares cruzados, a certeza de que estes “talvezes e achos” não interromperiam
o aflore desse momento quase perfeito.
Pois
bem...
As
incertezas surgem justamente quando estamos certos do que queremos. O achismo
só complementa o roteiro, ele vem por trás, feito um véu destoando à visão.
Pra
ser feliz no amor há de se abstrair este desejo irrefreável de ir à busca das nossas
certezas só para adquirirmos uma condição estável para os nossos sentimentos e
temores.
Sentimentos
e temores; eles que se explodam, não tô nem aí pra eles!
Sentimos
tesão pela perseguição em saber o que não sabemos e se descobrimos o que
queremos depressa demais, amargamos a vontade em prosseguir. Criamos uma
espécie de “contraceptivo imaginário” e com isso ativamos o desinteresse pelo
efeito, não pela causa.
As
relações atuais são moderníssimas, a libido concentra-se mais no “depende” do
que no “concordo”, mais na “visão” do que no “olfato”, mais na “perspectiva” do
que na “expectativa”.
A
gente dificulta quando ama de verdade e facilita quando ama de mentira.
Esqueça
as donzelas do Walt Disney, o amor mudou de canal e está assistindo
programações mais destemperadas, como Tom & Jerry ou Papa Léguas... Sabemos
que um deles sempre se fode, mas é divertido analisar esse “pega-pega”
incessante.
...
E quando tudo finalmente entrosa, um dos lados vem com alguma artimanha para
sabotar o companheirismo, existe algo de dignidade em ficar sozinho em dias imprevisíveis,
divagando sobre a pintura uniforme da parede...
Aliás,
melhor que hipotetizar é olhar para a mesma parede e entender que ela precisa
de reparos – aliás – é fundamental que ambos enxerguem os mesmos reparos, caso
contrário, teremos uma parede repleta de reboque e massa corrida por fazer,
tipo às obras superfaturadas da nossa prefeitura.
Veja
minha “análise imunológica”:
O
“talvez” oferta a ela, condições de experimentar sempre algo diferente,
imprevisível ou até já ensaiado, enquanto que eu me oportunizo dos meus “achos”
mudando de opinião (ou de ação) sem a menor culpa.
Não
confunda liberdade de expressão com libertinagem em expansão, não existe joguinho
infantil ou dancinhas compensatórias. Aqui tudo tem seu respectivo espaço,
inclusive para sentimentos e para os temores que tanto afligem aqueles que se expõem
um pouco mais.
A
emoção nos desmente publicamente. O silêncio desmistifica as incertezas. Qual
você prefere para pendurar na sua parede?
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