Fui acostumado a me relacionar no meio de promessas,
planos e palavras... Tive a péssima mania de aceitar os afagos quando me
cobriam de beijos e mentiras.
Tais hábitos – enfermiços por sinal – me transformaram
– ou melhor – me condicionaram a ter preferência por tudo que é – digamos – não
tão demorado.
De fato, a humanidade atual, largou mão do "merecimento de um momento" para uma satisfação "imediata e instintiva".
Nós temos preferência pela urgência. Temos uma
obediência cega em relação aos nossos padrões. Evidenciamos o que não queremos
e sabotamos o que desejamos.
Existe algum tipo de “projeto aprendiz” para os
corações que cabulavam as aulas de sociologia?
Necessitamos de uma revolução. Precisamos ser mais
subversivos com o que queremos e aprisionar as nossas subserviências por
terceiros.
Vejo dignidade em ficar sozinho, mas não posso me
deleitar ao bel prazer pegando alguma pessoa como se a mesma estivesse à venda
em uma loja de conveniência.
Conveniência: O termo mais profuso para delinear a
conjunção - nada convencional - das minhas palavras e sentimentos.
Queremos nos empanturrar de momentos que nos façam nos
sentir vivos, mas não queremos dar oportunidade para uma vida que se preocupa
em nos fazer viver. Sempre tem alguém querendo aparecer, e a gente sempre finge
esquecer.
Diversifico entre a 1ª e a 3ª pessoa porque sei que
este sentimento é total unilateral, todo mundo já sentiu isso e – ultimamente –
ele vem adquirindo tonalidades que me assustam quando penso em dar mais uma
chance para o amor.
Viramos commodities descansando em gôndolas a espera do
consumo. Um consumo nefasto que se satisfaz depressa demais porque existe uma
infinita e estratosférica variedade desse mesmo commodity e, o nosso paladar, ahhh,
o nosso paladar, se tornou impulsivo, insaciável, nefasto (por assim dizer,
novamente).
Retrocedemos ao canibalismo? Sim. Obviamente com
requintes mais tecnológicos, substituímos apenas a “forma de comer” pelas
teclas de um smartphone.
Em meio aos velocistas de hoje, eu dou preferência para
os paisagistas.
O paisagista aprecia, promove o projeto, recria,
confabula... Admira a estética sem deixar a cênica de lado.
O imediatista se comporta sem se preocupar com as consequências
dos seus atos, age sem pensar nos detalhes, engole sem apreciar, e isso dá uma
gastrite dos infernos.
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