Falando abertamente?
Ela não teve a pretensão de me conquistar, tampouco
imaginava que eu era propenso as verdades inteiras de uma relação a dois... De
fato, nem eu mesmo sabia se era merecedor de algo que tanto eu fugia... Acho
que havia transformado meu coração em um souvenir, somente com pequenas e
passageiras emoções.
Ela não teve a pretensão de me conquistar, mas decretou
(involuntariamente) um feriado em seu coração, um feriado prolongado mediante
ao que ela apostava para aquele momento de “férias”.
Férias...
Enquanto ela visitava minha casa como se fosse uma
turista se encantando pela mesma pousada, meu coração, em uma batalha desonesta
com meu cérebro, dizia que suas emoções pelas suas visitas já haviam se
transformado em uma estadia contínua.
Me contive.
Lutei inconscientemente tentando me convencer de algo
que já não fazia mais sentido: imaginar que disponibilidade tem a ver com
felicidade.
Me enganei, e presenciei um dos equívocos mais
deliciosos que um ser teimoso poderia provar: a paixão.
Enquanto eu, tolo mortal, me fazia de desentendido sem
notar os sinais que a vida me tacava na cara, ela fazia uma falta contida dentro
de uma saudade incontida...
Sua imagem me saltava aos olhos sem hora marcada. Seu
perfil no Facebook se tornou uma constante visita por mim. Será que estava
tentando ludibriar a saudade?
Hoje, sinto mais saudade dela do que de mim.
Ela não precisou usar minissaia. Não precisou usar
decotes fúteis e apelativos. Não se vangloriou de joguinhos banais de
conquista. Não se promoveu usando o que muitas mulheres acham que é fatal, a
vulgaridade.
Ela foi erótica com o sorriso. Ela foi sedutora com o
caráter. Ela foi irresistível com suas verdades. Ela foi imbatível com a falta
de pressa.
Ela foi querendo não querer.
Querendo não querer. Ela não teve a pretensão de me conquistar,
mas hoje, a única coisa que não queremos é ficar longe de todo esse bem querer,
e no nosso caso, querer é poder.
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