Como é difícil entender uma rejeição. Pior que uma demissão, um óbito, uma mudança de bairro, a perda do cachorro.
Os rejeitados se transformam em seres irracionais diante
de um simples vácuo: Um whatsapp não respondido, um inbox ignorado, uma ligação
não atendida.
Custam a compreender que a negação é a hipoteca de um
futuro, nunca a custódia permanente de um possível recomeço.
Transmutam entre o desejo carnal ao ódio moral em questão
de segundos – depois – passada a vertigem – confabulam uma nova investida.
A rejeição não é um segredo disfarçado de fim, é o fim
materializado diante de olhos que persistem pela miopia, a miopia do desprezo.
Mas – não deixando seu desespero se viciar pelo
inalcançável – é compreensível.
Em que parte – distante da realidade atualizada – foi perdida
as frases únicas, a linguagem personalizada, o jeito de beijar e de abraçar?
Mas, antes de qualquer parte indagativa e reclamatória,
entra a mais viril, sorrateira e ardilosa das mutualidades humanas: O Ego.
O Ego, disfarçado diabolicamente de perguntas que o
rejeitado faz a si mesmo:
Por que? O que foi que eu fiz? O que aconteceu? Por que
ela acha que eu errei?
A insegurança da perda nos questiona de forma extenuante dentro de um tempo consideravelmente curto: esse drama não necessita de
continuidade, ás vezes basta um encontro, uma trepada, um beijo na boca para o
sentimento irrecusável da perda se transformar em desespero, carência afetiva e
inaceitação.
O desespero dramático/mexicano de não ter mais notícias
da pessoa de um dia para o outro nos aponta para um dado de realidade:
Desde que o desesperado não seja alimentado pelo “suposto
esperado”, um open bar de vergonha na cara seria uma ótima programação para você
encher a cara, tomar todas e acordar com a ressaca do amor próprio dividindo o edredom
com você.
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