Na solidão prazerosa e barulhenta dos meus movimentos encarcerados
dentro da minha casa, eu descubro um novo aposento.
Este aposento não vivia aqui, era uma espécie de
universo paralelo e paradoxal às minhas intenções vividas neste meu mundo. Um
aposento aparentemente ambíguo.
Um mundo de enfrentamentos, no entanto, pautado por
mecanismos repetitivos de busca, de exaurimento e de satisfação imediata por
aventuras breves que reverenciavam o Ego, mas abandonavam o amor próprio.
Me procurava, fazia questão de me perder novamente e
por vezes achava que me encontrava; vivenciava amores modernos com problemas
antigos, paradoxal, não?
E nesse pega-pega com nuances de esconde-esconde eu
notava um dado de realidade diante desse mundo lúdico: Como é fácil a gente se
esconder de nós mesmos, somos exímios atores interpretando uma peça de meias
verdades e de mentiras inteiras.
Notei - diante dessa apresentação teatral - que muitas
me aplaudiam, levantavam de suas cadeiras e sorriam com certo orgulho.
Idolatravam a peça, o texto e o roteiro, mas de fato, gostavam mesmo da
condição fixa de serem apenas a expectadora, sentadas num sofá preto tomando um
bom vinho.
De repente, como um portal se abrindo – típico dos
desenhos do He-man – este mundo com novas intersecções se mostra para mim;
convidativo, altruísta, filantrópico e insólito.
Quatro adjetivos que prefiro soma-los a apenas um: O
amor.
Entender o amor não é complicado, saber manejá-lo é que
envolve sensibilidade, coragem e bravura para adentrar neste universo cheio de
depurações e emoções.
Neste aposento, descubro o corpo de uma mulher; dócil e
voraz, passivo e inquieto, pueril e malicioso, que me transmitem sensações intensas
e por vezes antagônicas, como a edificante arte de estar vivo.
Neste aposento, eu aceito a potência dos meus sentimentos
sem embargar os meus medos e receios.
Aceito a ventania de pé e me permito à
cegueira momentânea de encarar tais reviravoltas de frente.
A minha quadra se enquadra, meu mundo se unificou ao
dela feito o início do Planeta Escola que habito – e o que é melhor – neste aposento
– não guardo mais incoerências no criado mudo e as neutralidades pretéritas do
mundo que abandonei não me fazem mais sentido.
Os que viviam o mundo que eu vivia podem até nos chamar
de exagerados ou de incompreendidos, mas em nosso mundo, a covardia, a
competição e o egoísmo não possuem visto, aqui só entra o que promove o riso.
Simples, assim.
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