Uma vez que eu tenha a convicção de que não caí na
terra por descuido, por sua vez, devo aproveitar a estada até que uma nave mãe
me resgate de volta para uma nova erraticidade.
O que isso não quer dizer que eu tenha que aproveitar
fazendo tudo, as pessoas custam a decodificar essa relação de aproveitar tudo
aproveitando o nada.
Repense:
Estamos aqui pela terapia gratuita; seja pelos exemplos
de humanidade, seja pelos corações anestesiados, seja pela perseverança de um
mundo melhor, de uma vida mais adocicada...
Seja pelas vezes em que ficamos
no vácuo a espera pelo ponto final das nossas interrogações.
Aí está a deficiência do populismo moderno: reivindicar
resposta pra todo tipo de pergunta.
Pensamento global, atuação local.
Muitos sorrisos ficam sem retorno, muitos abraços
perdem os laços. Temos solução para todo tipo de lágrima, para todo o tipo de
rejeição, e aí está o grande barato em viver: A vida pra ser vivida não precisa
de respostas, e sim de mistérios.
Gosto de ser a Esfinge, as pedras de Stonehenge, a
caixa de Pandora, a caixa de Jinx, menos uma caixa preta, indecifrável, pero no
mucho... Aliás, decifra-me ou te devoro é uma frase que deveria ser revista
diante deste mundo canibalista, to me esforçando pra ser vegetariano, mas tá
fox.
E sem malas prontas eu optei por viver assim.
Aterrissei, assentei-me diante do agito atemporal dos temporais humanos. Se
crio um furacão em consequência da minha inconsequência, arrumo um jeito de
viver no porão. Antes de ser do mundo, eu preciso ser regional, fiz o contrário
e agora me convido ao renascimento.
Estou indo atrás de mim porque há muito só fugia, fruto
de anos brincando de esconde-esconde, hoje quero brincar de pega-pega.
Certo? Errado? Inapropriado? Não existe certo ou
errado, existe culhões. Quanto ao inapropriado, este é uma estrada de mão dupla
com acostamento e retorno.
Sabe aquele moleque mimado que não deixa sequer um
Playmobil na casa do amigo? Tô assim, não quero me emprestar, to afim de me
dividir entre meus devaneios e buscar a soma pelo monólogo temporário, uma
espécie de auto psicografia.
Se estou me preparando para exterminar zumbis eu não sei,
o que sei é que não preciso mais chamar os Caça-Fantasmas para exterminar meus
medos, hoje, faço meu medo ter medo do próprio medo.
No final, a gente atravessa a ponte, para no pedágio,
volta algumas casas, gira a roleta e prossegue no jogo da vida, em busca
sabe-se lá do que, talvez da efêmera e transitória felicidade.
E por falar na cobiça lendária de todos os seres, como
um legítimo aficionado por crases, eu recito Freud: “A felicidade é um problema
individual, aqui, nenhum conselho é válido, cada um deve procurar por si,
tornar-se feliz”.
Cada um mais infinitamente mais profundo. Adoro esses textos, são de uma verdade aconchegante.
ResponderExcluirMuuitíssimo obrigado.
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