Crônicas

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desatinado Opressivo



Achamos que é verdade a mentira que vemos. Enxergamos com a imaginação.
Aviso prévio justificado pelo seu estado de paixonite.
Renúncia da razão. Soberba da ilusão.
Destrói a coerência. Exagera na assistência.


Desatinado opressivo: Aniquilei impérios, corrompi governos, impactei nos maiores acontecimentos da humanidade.


Viril. Contundente. Esmagador.
Interativo da inveja. Aglutinador da desunião.
Poucos amigos. Muitos adeptos.
No prefácio: inofensivo. No desfecho: patológico.


Desatinado opressivo: Quando estou fraco, me alimento dos fracos.


Uso óculos de aumento, embora não seja cego, nem míope.
Em meu leito: Quatro paredes e duas pessoas. Em meu sarcasmo: Quatro paredes e um personagem a mais, ou dois, ou uma multidão.
Transtorno pra quem sente. Adorno pra quem desfere.

Frases que perturbam. Advérbios de intensidade, de negação e de dúvida.
A vaidade não me suporta. A ingenuidade me acalenta. A segurança não me vence.
Minha ausência incomoda, mas minha presença perturba muito mais.


Desatinado opressivo: Parasita do amor sem um sentido pleno!


Preocupação infundada. Imaginação fértil e descontextualizada.
Sofrimento constante: Dias improdutivos. Noites em claro!
Te faço espionar, investigar, fuçar, manipular, controlar, enfim...

Impossível me dizimar. Pertenço às emoções humanas e como tal, sou vital a sua vida!

Me controlar? Quem sabe... Vai encarar o desafio? Se me dosar e aprender a me domar serás um sobrevivente.

Ciúmes:

Homenagem ao seu amor ou uma afronta a sua conduta?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carcereiros da nossa própria liberdade


Além das palavras, temos a liberdade de fazer alguém sorrir, fazer alguém atravessar a rua ao te ver ou simplesmente correr em direção aos teus braços.

Além das palavras, temos articulações, movimentos e gestos que são ímãs ou catapultas para quem você as direciona.

Além das palavras, eu me pergunto:

Onde foi parar a maldita liberdade de expressão? Ela está presa? Foi extraditada? Morta?

Sim! Assassinada pela censura!

A censura se transformou em um furúnculo nas axilas da sociedade audaciosa que, diga-se de passagem, constituída por muitos que tiveram suas línguas amputadas por essa confusão de regras, ordens e valores.

Hoje quase ninguém mais abre a boca pra dizer o que não gosta! Insegurança pra dizer o que gosta e muita segurança pra dizer o que não gosta é o que mais tem, porém, só quando convém.

O termo “não gosto” é engajadamente inserido num contexto de cunho preconceituoso. Já viu moralismo hipócrita e imoral? No Brasil você encontra a granel (e na mesma oração).

Nos tornamos peças que formam uma grande emenda de repressões. Tem culpado? Claro!

Nós!

Quando enxergamos algum comportamento que não aprovamos somos os primeiros a escarrar críticas na pessoa. Se a amiga pega vários na balada é a galinha da turma. O cara todo corretinho no trampo é o puxa saco. O cara que fica sem ligar é um putão, mas o cara que liga é um grudão... E por aí vai.

Somos carcereiros da nossa própria liberdade. Vigiamos uns aos outros penitenciando as pessoas por atitudes ou comportamentos que (no fundo) gostaríamos de fazer, ou, por vezes, fazemos longe das luzes da ribalta, na surdina mesmo!

Desdenhamos o que gostaríamos de estar fazendo por simples falta de competência. O amor excludente transforma atitudes voluntárias em exigências implícitas.

Escreveria uma trilogia para apontar os inúmeros exemplos existentes em nossa sociedade, porém, optarei pelo mais óbvio:

Que tal pegar o casamento como exemplo? Imagine a população mundial se todos que já casaram estivessem cumprindo à risca o que disseram perante o padre: “Amar até o fim da vida”?

O casamento é uma repressão matrimonial descabida! Poucos se conhecem, poucos acontecem e poucos fazem valer à pena. As pessoas casam com a projeção subversiva do amor inabalável, da conjunção estelar, dentre outras fantasias, mas se esquecem que até mesmo um grande amor não é grande 24hrs do dia.

Somos afetivamente incompetentes. Implantamos hipocrisia e cinismo julgando as pessoas e suplantamos o que deveria ser uma regra do bem comum: amar!

Como diz o compositor e poeta (no meu ponto de vista) Vander Lee: “Somos presidiários cumprindo uma sentença”.

A passagem desse trecho, diga-se de passagem, fala de amor.

E você pode estar se indagando: Aonde encontro um mínimo de fragmento de amor nesse desabafo?

Às vezes o amor prefere ser confundido a ser melhor explicado!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Confissões de um aposento abandonado


Queria gostar de novela, só pra matar o tempo esquecendo-me dela.

Nas entrelinhas diretas das minhas rimas, crio uma obra prima e assim meu coração se aproxima.

Nas calçadas abandonadas pela presença irrefutável da madrugada eu saio da casa dela. Tô chutando lata, e queria ela aqui comigo!

Quando dou tchau pra ela tenho vontade de cair no choro. Como é difícil se desvencilhar daquela mulher convertida em criança!

Me perco nessa paixão louca e por vezes não quero nem ser encontrado por medo de perdê-la em um desencontro. Explicar o que sinto é gastar meu tempo a pensar nas causas que ela me causa. Prefiro ser incurável!

Dizem que minha alma está combalida pelo ineditismo do amor...

Como assim?

Fico louco da vida quando acusam o amor de ser inédito. Você nasce sendo amado, cresce sendo amado, amadurece amando, amando se amadurece e se envelhece amando também. Por que dizem que o amor é inédito?

O amor é reciclável. Ele se renova à medida que você descobre todas as certezas dela e mesmo assim, ela continua a ser inédita.

O amor placebo!

Amar é saborear o inexplicável, pois o amor é individualista. Ele não está nem aí para o que você pensa, ele simplesmente acontece quando sua alma esperava demais num momento em que a sua “procura” menos esperava.

O amor vai além do que supõem duas pessoas, por isso é bom curti-lo, se entorpecer nele, entende?!

O amor me tira do sossego, daquela fatídica zona de conforto, porque muitas vezes confundimos o conforto com a acomodação... Buscamos compreensão, explicação e definição para um ciúme tolo e por vezes infantil, quando deveríamos deixar que esses sentimentos nos confundissem e abandonassem a lógica.

Não há lógica em amar. Há lógica em deixar de amar! Não entender nos faz lembrar mais daquilo que amamos...

Retomando o título desse texto, o aposento abandonado é a sensação que fica minha alma quando minha alma se desgruda do meu corpo a procurar pelo corpo dela.

Empírico... Sublime... Espiritual...

... Amor!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Segunda feira!



Achou que ia dar certo de primeira?
Hoje é segunda feira.

Farol abre e tu não anda. Farol fecha e paciência desanda.
Tudo beira a segunda feira.

Encara-se a bucha que ficou da sexta feira. Engole-se o sapo, nunca a sua maneira. Limpa-se sempre a sujeira, a sujeira da tua chefa bem ligeira e ainda ouve teu companheiro de trabalho fazer a sua caveira.

Hoje é segunda feira.

Fazemos careta só de lembrar a segunda feira, entretanto, ressalto um talento em meio a tantos literatos convencidos de suas belas historietas. O gato Garfield mensura de forma completa a tão incompleta segunda feira. Dentro da sua seleta dieta, é um felino poeta!


Sente-se a falta do fim de semana junto a tua amada companheira. Sente-se a falta da bandalheira da domingueira. O tempo não passa, o tempo rasteja e a vontade não festeja.

Achou que ia dar certo na primeira?
A segunda feira inspira conspiração! Culpamos a segunda feira pela nossa indignação.

Segunda feira, quanta besteira!

Um dia normal pra você que vive à brasileira, que vive no sapatinho tentando se dar bem de primeira.

Lembre-se, hoje é segunda feira!

Mande quem te irrita pra puta que pariu. Dê as costas pra aquela energia febril. Viva uma melodia qualquer, escolha bem me quer mal me quer. Abrace quem te sorri. Converse com um Bem Te Vi!

Segunda feira rotineira? Só pra quem vive na choradeira!