Crônicas

terça-feira, 29 de setembro de 2009

As primeiras quatro rodinhas a gente nunca esquece


Assim como o antigo dilema sobre quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Aqui o Ideais no Almaço questiona quem rodou nas ruas primeiro? O skate ou o Carrinho de Rolimã?

No início da década de 60, os surfistas da Califórnia queriam fazer uma evolução com as pranchas de surf. Havia muita seca na região e então foi criado o “sidewalk surf”. Em 1965, surgiram os primeiros campeonatos, mas somente na década de 70 o “sidewalk surf” se tornou mundialmente conhecido como skate.

Tratado como um grande sonho de infância por muitos, o carrinho de rolimã fez muito sucesso nos anos 70 e 80, muito embora não haja nenhum documento específico que comprove quando surgiu o carrinho de rolimã... Tão misterioso e tão enigmático quanto à idade da Glória Maria.

O fato é que esse brinquedo arcaico virou febre pelo fato de ser totalmente artesanal. Os pais economizavam dinheiro e as casas de ferro velho agradeciam a preferência.

A receita para fabricar o carro dos Flintstones era fácil: Com apenas um caixote ou um pedaço de tábua, pregos á vontade, martelo, borracha de pneu para o freio, muita paciência e quatro rolimãs, toda criança podia montar seu pequeno bólido e rachar as canelas nas ladeiras das ruas.

No Brasil, com o passar dos anos, o rolimã evolui e deu origem a outros tipos de brinquedos como o lendário skate, e outros artefatos inúteis e estúpidos (como patinete e o velotrol) que na certa foram desenvolvidos pelo mesmo inventor do bocha.

Praticamente extinto, o rolimã foi sendo substituído por equipamentos mais modernos e inovadores, é o caso do skate motorizado. Esse novo board permite fazer movimentos parecidos com o do Surf, proporcionando muitas cavadas e rasgadas no asfalto, porém elimina qualquer esforço físico, coisa pra preguiçoso mesmo!

O Board é pura inovação: possui controle wireless, com acelerador sensível chegando a uma velocidade máxima de 35 km/h. Acompanha baterias incrivelmente recarregáveis com duração em torno de uma hora de muita ociosidade e falta do que fazer.

Retornando ao passado artesanal, o carrinho de rolimã possuía uma comunicação exponencial e equlibrada entre o seu dono, além de uma troca de favores fora do comum: Você montava no carrinho, usava e abusava dele na descida, depois ele sorria gentilmente pra você e dizia: “agora é minha vez buddy”! A subida era algo crucial e exaustivo, mas valia cada passada.

E já que existe político querendo mudar o nome do Parque do Ibirapuera para “Michael Jackson”, por que algum benfeitor não sanciona uma lei para desenvolver “rolimã vias” ou “skatetódromos” pela cidade de São Paulo? Melhor do que “inventar moda” é reinventar a própria moda!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O amor e a inovação


Nos incansáveis e exaustivos ensinamentos que o destino nos impõe, aprendemos que a nossa vida é formada por duelos.

Ao galgar uma estrada pavimentada na construção de um sonho, pensamos na questão primorosa do “mundo real vs mundo virtual”. Quando exageramos na dose em qualquer aspecto da vida, as dores nas costas surgem, o cansaço aparece a fadiga interage e daí lembramos-nos do duelo “prevenção vs reabilitação”.

Terminar um relacionamento, levar um chute na bunda ou pedir divórcio com a mesma freqüência que se vai ao cinema, é sinal que mais um duelo bate a sua porta: “Inovar ou aposentar”?

Desde a metade da minha existência eu me indago em certas questões: Thomas Edison teve sua primeira invenção aos 15 anos de idade, mas quando foi que o inventor da lâmpada tropeçou no amor pela primeira vez?

Albert Einstein teve dificuldades fonéticas até os três anos de idade, brilhou como aluno, mas teve uma adolescência solitária, o que denota certa contingência amorosa. Leonardo da Vinci era dotado de uma curiosidade insaciável que só era igualada apenas pela sua capacidade em inventar. Sua mente era sobrehumana, porém o homem em si era misterioso e distante...

Inovar ou aposentar?

O amor e os inventores da nossa história mantiveram-se apartados durante sua jornada física neste plano. Seus amores eram extrínsecos e racionais, sempre voltados para a arte ou para a ciência.

Mesmo existindo a mais antiga das profissões em prol de toda essa atmosfera de contas, equações e cálculos, as casas de burlesco fizeram falta na vida desses notáveis seres de QI emancipado.

Com isso, a humanidade daquela época (“ávida por ídolos e detentora de um plano mental inferior ao da consciência clara desses “mentores”) foi incorporando, numa espécie de idolatria utópica, os comportamentos e costumes desses gênios. Assim sendo, o amor autêntico e puro foi caindo no abismo do ostracismo e com o passar das décadas foi sepultado pelo desuso.

Inovar ou aposentar?

O amor e o sexo são tão utópicos quanto a ideia de uma invenção, porém, com um plus adicional: é relaxante, rejuvenescedor e motivacional. Se Thomas Edison fizesse amor naquela época, sua primeira invenção teria sido aos 10 anos, e não aos 15 anos de idade. Talvez a teoria da relatividade de Einstein se tornasse a teoria da refutação sexual. Até mesmo da Vinci teria agregado em seu variado currículo a profissão de sexólogo, passando outro tipo de “pincel” em outro tipo de “escultura”.

Inovar ou aposentar?

Hoje vivemos um tempo múltiplo, não linear. Herdamos essa herança desajustada e erradicada de séculos atrás e ao contrário que muitos estudiosos do ramo falam, o amor pode sim andar de mãos dadas com a inovação. Isso porque o amor aromático se abastecesse da jovialidade, da tenacidade, da necessidade de propor sempre algo inovador, criativo e ousado! É de vital importância transferir toda essa energia para dentro do seu romance, a felicidade aplaude de pé!

Se nós seres humanos somos movidos passionalmente e não racionalmente, por que não colocamos o amor numa “plataforma inspiracional” para inovar em nossas empreitadas e objetivos?

Se inovar é abandonar a zona de conforto e acomodação, por que não aplicamos essa doutrina em um relacionamento fadado à rotina?

E você, vai inovar ou aposentar?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Os segredos da Caverna do Dragão


Esqueça essa historinha infantil produzida para os jovens da década de 80. A Caverna do Dragão foi um sucesso, mas foi abandonada misteriosamente, sem final e sem uma explicação lógica para o próprio enredo do desenho. O fato é que todos os 11 personagens (Hank, Eric, Sheila, Diana, Presto, Uni, Bobby, Mestre dos Magos, Tiamate, Demônio das sombras e por fim O Vingador) não eram bem o que o produtor colocou para nós, pobres e ingênuas criancinhas na época. Confira:

- Hank era o arrogante bonitão da “troupe” de perdidos do suposto limbo. Seu perfil era o sonho de consumo das menininhas: loiro, alto, forte, corajoso, fiel e defensor dos amigos. Bobagem! Hank era o empreendedor metido a besta que nós convivemos em toda Multinacional. Hank foi eleito o líder por consenso absoluto do “time”, mas demonstrava fragilidade ao proteger seus eleitos. Era líder pela postura austera e bom relacionamento, mas não tinha segurança na sua própria capacidade de liderar, o típico gestor que adquire sua promoção nos alicerces da amizade (da amizade de pessoas de grau hierárquico elevado. Nada óbvio!).

- Eric era o típico “engraçadinho” que toda turma possuía no primeiro grau! No desenho ele era o cagão da troupe e mesmo assim se achava o “bambambam”. Na verdade Eric era um riquinho mimado cheio de manias e que dependia da equipe para tomar qualquer decisão. Um autêntico membro do RH de uma empresa: adora se gabar nos “brainstorms”, mas na “hora h” decide o que todos decidirem.

- Sheila me lembra nome artístico, mas não se iludam: De artista ela não tinha nada! Sheila era a amiguinha hipócrita da equipe, sempre disposta a “integrar” e a “colaborar”. Na verdade ela sofria de depressão e vivia triste pelos cantos da floresta. Sheila tinha os requintes básicos dos estagiários de uma Companhia que usam a boa aparência e os elogios para se estabilizarem no emprego, é o estereótipo nefasto do puxa saco! Acho que em vez da capa ela deveria ter asas de abelha: Quando não está fazendo “cera”, está “voando” pelos deptos da empresa.

- Diana era a “ginasta do grupo” (a nossa Daiane dos Santos). Adorava fazer acrobacias e salvar seus amiguinhos do poderoso Tiamate. Falando sério? Diana não passava de uma balzaquiana fragilizada com a ideia de envelhecer, isso porque ela era a mais tia do grupo. Se existisse botox e silicone na época eu diria que ela seria uma autêntica secretária da presidência: sempre de bem com a estética, porém, visitando a terapia regularmente.

- Presto veio das entediantes festas infantis dos salões dos prédios (onde os mágicos roubam a cena). Presto era o mágico bem sucedido, sempre socorrendo os amigos com suas magias mirabolantes. Falso! Presto não acertava sequer uma mágica. Quando pedia algo para seu insolente chapéu, este por sua vez mostrava o oposto da mágica, colocando o inimigo pra chorar de rir e os amigos pra suar de correr. Ser mal sucedido em suas tentativas de adivinhar uma situação casa muito bem com nossos “curandeiros” consultores empresariais: adoram prever as possíveis oscilações do mercado e identificar oportunidades, mas não acertam em uma metodologia.

- Uni era o bichinho de estimação de Bobby (bilu bilu, que gracinha). Animava os membros do grupo com seu jeitinho meigo e ímpar de animalzinho carente... No entanto, me predisponho a destacar sua dupla personalidade. Na verdade, Uni era a pior aluna do Vingador e que por sua vez, a transformou em um unicórnio, (pasmem, ela era uma gostosona fabricada, tipo mulher funkeira, e tão "inteligente" quanto). Sua função, para retomar a forma de “mulher quitanda” era assegurar a permanência dos amigos no limbo do inferno. Bajuladores e puxa sacos como Uni estão em todas as Multinacionais, e não possuem cargo específico. Você pode ter sido um e nunca se deu conta disso!

- Bobby: E por falar em coisinhas delicadas vamos falar do Bobby, o herói do grupo. Com seu tacape mágico, Bobby saía derrubando tudo o que via pela frente. Era um pirralho se achando o fodão! Bobby era o primeiro a borrar as calças e seu medo primordial era o próprio medo de encarar sua imaturidade. Também pudera, só tinha 10 anos. Isso me lembra aquele operário das famosas “rádio peão” das Empresas. Quando recebe a notícia da promoção no cargo, logo estufa o peito se achando o Donald Trump. Por Deus, é muito ego pra um corpo só!

- Mestre dos Magos era o soberano do bem maior. Mas como um anão idoso poderia ajudar o grupo a sair daquele mundo hediondo? Ele daria um ótimo sucessor do Mestre Yoda em Guerras na Estrelas (são parentes, tenho certeza!). O “maquinista de ferrorama” adorava palpitar e seus conselhos filosóficos eram sempre mal sucedidos. Palpiteiro me remete a lembrar os nossos “indagáveis” assessores, sempre aptos a opinar em algo que já está produzido, encaminhado e resolvido. Já viram algum palpite dar certo?

- Tiamate era a consagração do mal em sua mais assustadora forma. Um dragão gigante de cinco cabeças, (até o Vingador se borrava com ele). Suas cinco cabeças formulariam um arsenal químico imbatível para o Pentágono. Devo confessar que não há contradições nesse personagem, mas ele prestaria ótimos serviços para o depto de contas a pagar de qualquer companhia. Imaginou um dragão de 5 cabeças cobrando pelo trabalho não pago? Seria o fim da inadimplência no Brasil!

- Demônio das Sombras era o “capachão” do Vingador! Dedicava sua vida a bisbilhotar e a fofocar as atividades dos meninos, uma espécie de Leão Lobo das tardes das donas de casa desocupadas. O fiel escudeiro do Vingador daria um perfeito “office boy” interno em qualquer pequena, média e grande empresa. Carregando malotes e colhendo informações para seus gestores.

- O Vingador era o vilão supremo, maligno e diabólico. Ele tinha os três elementos fundamentais para se graduar como um excêntrico filho da puta: Era falso, impiedoso e hipócrita, uma verdadeira ameaça tripla! Entretanto, o Vingador não passava de um quarentão ranzinza e intolerante cujo desejo era expulsar os visitantes indesejáveis do inferno. O demônio das Sombras, seu fiel discípulo, era nada mais nada menos que o Saddan Hussein, contrariando o que eu disse acima sobre a sua real identidade (não ia ter graça desmascará-lo antes da hora certo?). A tarefa de Saddan era ajudar os meninos a encontrar o Hopi Hari (o famigerado parque de diversões), e enviá-los de volta á sua cidade. Afinal de contas, o inferno já está bombado de gente hipócrita, metida á bonzinho e cheio de boas intenções, o Vingador só queria sossego!



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Receita nada infalível


Desmotivado, emputecido, indignado? Levanta sua massa anal da poltrona e vá se olhar no espelho! Essa invenção demoníaca da vaidade tem seus méritos: ajuda a enxergar não só o que você está vendo, mas o que está por vir se você permanecer na inércia.

O fato é que não existe nenhum tipo de ensinamento, programa ou curso que nos auxilie a trabalhar o inaceitável. Nascemos com uma espécie de expediente inicial que só vislumbra o paraíso, onde deitamos e rolamos sem qualquer tipo de rejeição, recriminação ou inadmissão. Para nós, a vida deveria ser uma eterna “casa da mãe Joana”, só bagunça, farra, porres e euforia.

Temos repulsa pela merda e pelo medo! Procuramos um amor sublime e perfeito, queremos um emprego com cargas moderadas de trabalho, mas com salários megalomaníacos. Queremos passear nas ruas sem violência, sem trânsito e sem stress. Queremos controlar os impulsos, as pessoas e a meteorologia, mas nos esquecemos da principal força propulsora da motivação do mundo: a insatisfação.

Como renovar a vida sem o sabor amargo das topadas no muro? Como evoluir sem as tropeçadas e como adquirir experiência e sabedoria sem enfiar a fuça nas portas da rejeição?

A vida é um jogo de compensações. Tão dinâmica quanto os jogos de roleta russa, tão opcional quanto suas escolhas e tão múltipla e metamórfica quanto à evolução da nossa espécie.

O inaceitável não combina com a esportividade muito menos com o “fair play”. Nunca vi alguém levar um pé na bunda na esportiva; desconheço alguém que é trocado por outra pessoa e sorri por isso e também não estarei vivo pra presenciar um ato nobre de um namorado ao levar um chifre.

Não existe nobreza nos infortúnios do amor, mas levar um chifre é tão natural quanto um seqüestro relâmpago. É como um consórcio, quanto menos se espera é contemplado. Ninguém está imune á isso, simplesmente porque as pessoas são imprevisíveis. Ás vezes passamos anos ao lado de um amigo ou de uma companheira achando que o conhecemos bem e numa simples atitude tudo se inova, tudo se desvanece.

Ás vezes é bom desligar a nossa “tecla de responsabilidades” e divagar na ficção de um sonho, imaginando que seria muito bom monopolizar as alegrias e colocá-las em uma custódia permanente.

Parece receita de bolo da Maria Braga, mas a vida é assim: Desilusões que nos tocam e ilusões que nos contagiam.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um tango de argentino doido


O que Maradona fez para o futebol argentino é incontestável, mas até onde o grau de idolatria de uma imagem se confunde com o fanatismo e com a soberba de um ídolo? Maradona tem poder para dirigir uma seleção?

Diego Armando Maradona é a representação do céu e do inferno que um ser humano pode enfrentar na vida, é um senhor feudal e um vassalo ao mesmo tempo.

De carreira ascendente cósmica para um fundo do poço humilhante e difamado: Em 2004 ficou durante 11 dias internado entre a vida e a morte por dependência química da cocaína, a imprensa argentina dava enfoque em sua reabilitação, mas nunca tocou no assunto da sua prevenção.

Já no Brasil, a imprensa externava certo “deboche” e zombava da consternação do povo argentino. Por outro lado, a rivalidade entre a Argentina e o Brasil limita-se entre as quatro linhas do campo de futebol. Não há nenhum outro tipo de animosidade entre a população dos dois países. Existe muito respeito inclusive.

Maradona realizou façanhas notórias no futebol, mas o ponto mais viril de toda sua trajetória é o fato dele atingir em cheio todos os corações argentinos, uma espécie de Michael Jackson do futebol.

Não existe grau comparativo de adulação de um ídolo como é a adoração que “los hermanos” tem por Maradona, é algo transcendental! Basta analisarmos por um ponto de vista territorial: Pelé no Brasil é o rei do futebol, Maradona na Argentina é o próprio Deus do futebol!

Me impressiona perplexamente ver um time como a Argentina (recheado de craques mundiais) perdendo plasticamente em casa para o “segundo” time do Brasil. Opiniões inclusas, não posso entender que uma seleção que tem Daniel Alves, Felipe Melo, Elano, Gilberto silva e Robinho seja a seleção “top one” do nosso país, não tenho dificuldades com a minha vista muito menos com a minha inteligência.

De qualquer forma, Maradona perdeu em casa com o time completo e foi ovacionado? Os vilões, alvos da torcida foram só os jogadores? Não há nada de incongruente nessa relação passional? Existe algum tipo de compreensão para isso? Existe sim, e chama-se Maradona!

Podemos realmente dizer que a Argentina vive um período de carência de ídolos em seu país? Uma vez em que Evita Perón, Carlos Gardel e até Che Guevara deixaram saudades?

Participando ou não da próxima Copa, seus fiéis seguidores jamais levariam Maradona aos tempos da inquisição. Maradona não possui detratores e os fiéis seguidores não são meros freqüentadores de um clube, é uma legião latente e fanática chamada Argentina.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Os Gremlins e a cidade de São Paulo


A não ser os filmes que possuem aquele aviso em letras garrafais: Baseado em fatos reais. Nunca vi algo que saísse das telas e invadisse a vida real, geralmente é na ordem inversa: Copia-se um fato e publica-se uma lenda.

Se você viveu na década de 80, certamente viu esse filme. Gremlins é um filme divertido e assustadoramente engraçado, cujo enredo jamais ultrapassou a realidade humana ficando sempre na ficção do genial Steven Spielberg. Pelo menos até agora...

O fato é que a cidade de São Paulo foi invadida por milhares de Gremlins e a qualidade de vida despencou ladeira abaixo feito uma bicicleta sem freio. Quem já morava aqui teve que se adaptar á essa invasão sem precedentes.

Traçando um paliativo do filme, os Gremlins se proliferavam ao cair em qualquer recipiente que tinha água, multiplicando-se aos montes. Aqui em Sampa a mutação transformou os Gremlins em “acasaladores” desenfreados, feitos coelhos no inverno. Não precisa de água para aumentar a família, basta qualquer tipo de moradia básica e lá estão eles, fazendo o “tchá tchá tchá” como ninguém.

Os Gremlins incorporaram cientificamente a morfologia de outra inimiga épica, a barata. O clima hostil do inverno faz com que a desocupação seja a principal justificativa para o “tchá tchá tchá”, uma vez que nesse clima adverso eles quase não saem de casa.

Por outro lado, já no verão tropical dessa selva de pedra, eles invadem todos os cantos possíveis e imaginários criados pelo homem. São tantos que não temo em dizer estatisticamente que devam existir ao menos uns doze para cada habitante.

Aqui os Gremlins doutrinaram seus gostos e hábitos e superaram os traumas da luz solar. Eles adoram uma praia! Basta ter um solzinho e um feriado na sexta que as praias se transformam num Ceasa gigante.

Outro ponto evolutivo para esses seres hediondamente engraçados é a questão da vida noturna. Os Mogwais não podiam comer depois da meia noite porque viravam Gremlins, hoje com a evolução da espécie, eles não estão nem aí pra meia noite, pelo contrário, essa é a hora exata pra sair na rua e encher a pança com fast food.

Eles podem até ser necessários para o equilíbrio da Metrópole de alguma forma, mas deveria haver um raticida mais eficaz, só para manter a balança em total nivelamento.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nostalgia não paga ingresso


A matinée em casa já começava no sábado e só acabava no domingo. Passávamos na locadora após o almoço de sábado em busca dos lançamentos da época: Admiradora Secreta, Clube dos Cinco, A Hora do Espanto, Goonies, Os Garotos Perdidos, Namorada de Aluguel... Enfim, uma gama infindável de filmes ocupavam as nossas tardes aos finais de semana.

Na segunda feira, íamos munidos de informações para o colégio e claro, colocávamos em prática algumas peripécias aprendidas com os personagens dos filmes. Nossa educação se baseava nas traquinagens dos filmes estilo “sessão da tarde”: jovens desocupados com o cérebro cheio de segundas intenções, calças baggy e nike cano alto, além das camisetas tamanho GG que caíam sobre os ombros e cobriam os joelhos...

O figurino “new wave” impressionava os corredores na hora do “recreio”. Os filmes dos anos 80 doutrinavam tendências, moda e comportamento. Era cool ser o galã da classe, o corajoso, o engraçadinho metido há espertinho quando muito não se passava de um virgem imaculado, (filmes como Porkys, A Primeira transa de Jonathan e Picardias Estudantis não me deixam mentir).

As produções oitentistas retratavam uma era singela e crédula para a moda, ou seja, você era o que tinha no armário e não o que as grifes e os designers produzem como os dias de hoje. A roupa era a sinalização pura e inocente da retratação do jovem perante a sociedade daquela época, demonstrava opressão, as inquietações com a censura, os conflitos com os pais e o comportamento entre os casais na descoberta do amor.

Sem muitos apuros literários, os filmes dos anos 80 me hipnotizavam! Existia um gênero para cada ocasião, ou para cada intenção. A época oitentista era pontuada por encontros de amigos na casa de amigos. Você levava seu melhor amigo para assistir um filme na casa do seu outro amigo, convidado pelo melhor amigo dele. E assim criava-se um ambiente amistoso para se conhecer as amigas dos amigos também...

Os filmes de comédia com segundas intenções eram pra ser visto com uma turma imensa, depois o óbvio acontecia: Começava-se a contar vantagem ou a dizer que o que Ferris Buller fez no Filme “Curtindo a Vida Adoidado” todo mundo faria...

Os filmes de aventura enalteciam o ego dos mais vaidosos. Quem não se sentia “macho” ao ver o mocinho salvando a mocinha em “Ruas de Fogo”? Uma emoção tomava conta da gente após o filme. A trilha sonora desse trailer é arrebatadora e hoje se transformou em clássico.

Já os filmes de terror eram estrategicamente usados para aproximar. Depois do susto que o Jason dava ao surgir do nada e matar um estudante no lago Crystal no filme Sexta-Feira 13, era necessário estar por perto, de preferência coladinho nela, só pra levar um apertão e segurar a sua mão.

Os filmes de adolescente daquela época eram psicodelicamente sensacionais, mas infelizmente nos reservam restrições em permanecer apenas em nossa memória “retro”, uma vez que a indústria cinematográfica tenha se tornado tão capitalista a ponto de não relançar esses sucessos imbatíveis pelo fato de não movimentar as vendas como os filmes enlatados e pasteurizados de hoje.

A modernidade possui seu encanto, mas em se tratando da sétima arte, eu traçaria uma metáfora: Esbarrei com a modernidade num luxuoso restaurante de lagostas e acordei com ela cheia de bob na cabeça, maquiagem esparramada, pés de galinha visíveis e sem o enxerto no sutiã.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dualismo mais que perfeito




Enquanto o mal está concluindo sua 3° MBA, uma delas na London Business School do Reino Unido, o bem está saindo do primário de alguma escola pública do estado. É espantoso descrever a sagacidade do mal e sua voracidade. Leva-se um “Barrichelo” para construir algo e leva-se um “Bolt” para destruí-lo.

O mal é autodidata, o bem é inculto e imaculado? Mentira, isso tudo é asneira pra promover histórias e lucrar com elas (que o digam as festas de Halloween).

O bem e o mal são contextos pré fabricados e que variam de acordo com o lado em que você está. É um dualismo: Uma esposa trai o marido e pode pensar que não está praticando um ato de infidelidade, ou um advogado que defende um elemento que cometeu crimes hediondos pode achar que ele é passível de ser absolvido. O bem ou o mal podem ser convertidos de acordo com quem o faz.

Mas por que será que toda bendita vez que se debate algo sobre o bem ou o mal as pessoas incluem sua religião? O bem é sempre caracterizado pela cor branca, ou por uma coloração azul clarinha, vulgo azul calcinha, lembra o céu e as nuvens e conseqüentemente os anjos. Por que ele não pode ser lembrado nas cores vermelha e preta? E por que cargas d água anjo têm que ter asinhas emplumadas e um contorno de frescobol na cabeça?

Já o mal é caracterizado pelas trevas, pura bobagem! Trevas é sinal de miséria e de falta de planejamento econômico na família, não tem nada a ver com o mal. Não pagou a conta de luz? Vai ficar nas trevas.

Ainda acredito que o bem e o mal não têm tanta força quanto o moral da história. Tudo isso se agrupa em uma analogia simples: Em um livro! O prefácio somos nós, seres pensantes. O bem e o mal seriam o começo e o meio, e por fim, a moral da história. A moral da história possui força, é imbatível e resume toda uma trajetória, seja ela benéfica ou maléfica.

Diante desse livro, surgem os personagens indesejáveis, como a Lei de Murphy. Mas o pobre Murphy só pode ser relacionado com o certo e o errado, com a sorte ou com o azar, não tem nada a ver com o bem e o mal. Lembre-se que a sorte ou o azar sempre estão em perfeita simetria equitativa: O seu azar contribui para a sorte alheia, muito embora você não esteja dando a mínima para quem recebeu a sua sorte. Seu egoísta juramentado!

O bem e o mal só existem na sessão da tarde (entre os mocinhos e bandidos) e nos programas de fofocas (entre os desocupados fuxiqueiros).

O resto? O resto está na sua pré disposição!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Segredos do Pedigree


Que o cão é o melhor amigo do homem, isso não é novidade alguma, mas que nossos companheiros caninos se tornaram facilitadores sociais, isso sim é um avanço!

Pesquisas recentes sobre os pets informam mais esse dom em nossos fiéis mascotes: Pessoas que possuem cachorros estão mais propensas a se relacionarem com o mundo social, isso porque o cachorro unifica as pessoas, entretém quem passa perto deles, aproxima desconhecidos e muitas vezes até pelo simples interesse pela raça ou pela beleza do bichano.

O fato é que essa relação simbiótica vem de anos atrás e tornou-se mais intensa porque deixou de ser utilitária e passou a ser sentimental (e é aí que entram as mulheres, hehe).

Esqueçamos os fatores do parágrafo acima (são relevantes, porém já foram testados), e vamos focar na palavra integração. O papel do cão é fundamental para essa integração e para uma eventual aproximação, mas não se esqueça que é preciso trabalhar em coletividade, ou seja, devemos agir como uma retumbante orquestra, e seguir as indicações do maestro; “Afinar” a abordagem e não soltar a coleira, nunca.

Os Labradores são perfeitos coadjuvantes nessa trilha musical, possuem um rostinho melódico de quem quer colo, uma carinha de bobão ingênuo, um andar rítmico, falta só o refrão... Claro que isso é com você amigo, ou achava que seria tão fácil assim?!

Predisposto a acatar todo e qualquer tipo de ordem, os Goldens seguem na seqüência da conquista; são meigos, afáveis, solidários e domesticáveis ao extremo (bem mais que muito bípede por aí) e se entregam facilmente á um agrado feminino. Ideal para iniciar um bom bate papo, mas cuidado: Procure levar seu cão em locais de seleta concentração feminina, ex: Parque do Ibirapuera (pelas manhãs), Shopping Iguatemi, o bairro Moema etc... O bichano é dócil, mas não dispensa o refinamento.

Aproveite enquanto ela se curva para fazer um cafuné no seu cachorrinho e dê o bote, mas não chegue como uma cascavel fazendo barulho, espere os comentários sobre seu parceiro fiel e aproveite a réplica, sem latir, claro.

Se a situação for inversa, quer dizer, você sem o cão e ela com o cão, seja sorrateiro: Procure criar uma atmosfera de interesse primário pelo o que ela tem na coleira e não pelo o que ela tem atrás da roupa de ginástica. Demonstre interesse e afeto pelo “au au”. É um ótimo atalho para você expressar seu lado Don Juan e quem sabe assim passar pelo primeiro simulado, dela, óbvio, não do cão.

Em tempo: Pelo amor de Deus, não utilize-se de frases idiomáticas e pasteurizadas do tipo: Seu cachorrinho tem celular? Orkut? Msn? Lembre-se que os bonanzas não prosperam (nem em filmes “sessão da tarde”).
De qualquer forma, embora não haja nenhum estudo preciso sobre o tipo de raça que agrada mais, ou agrada menos, o essencial é você estar sempre preparado. Afinal de contas, perante toda essa era moderna que estamos vivenciando, os cupidos deixaram de seguir as ilustrações dos Deuses e passaram a ter patas e a latir, nada mal para quem só vivia nas linhas subliminares da literatura. Agora é com você!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Valores perecíveis


Eu estava simplesmente andando por aí, era apenas mais um na multidão. Tentando me esconder da chuva, tentando me esconder de mim mesmo. Buscando encontrar um meio artificioso para escamotear as dificuldades. Hoje em dia as coisas andam distantes, não há mais uma ponte para atravessar essa avenida.

Como o céu pode mudar de cor quando retorno ao passado? Os mistérios da vida são tão irresistíveis, entretanto algumas descobertas são tão implacáveis na adolescência. Queria o diploma antes dos primeiros fios brancos. Quero protagonizar uma vida de ensaios gerais!

A inocência pegou o trem espacial e rumou para os confins de um buraco negro. Valores reverenciados não figuram mais nesse solo, nem mesmo em outdoors. Os bons costumes e o respeito se tornaram acessórios. Quem tem esses valores é porque ainda acredita na existência deles. Ai de mim que ainda reverencia contos de fadas.

Hoje em dia não existem mais bailes para protagonizar um cenário de primeiro amor!

Hoje em dia as estrelas estão tão distantes, escondidas por um clima tempestuoso, fruto de tantos interesses capitalistas do homem.

Hoje em dia as pessoas se precipitam tentando realizar sonhos que ultrapassam o alcance dos dedos. E com isso se frustram e frustram a esperança de outros.

Hoje em dia não há longitude em respeitar etapas, nem magnitude em conquistá-las. O amor se apressou na pressa das pessoas que só tem pressa para reciclar.

Notei que nunca me disseram como devo me comportar. Os livros nos ensinam didaticamente? Não quero deixar tanta vida pra depois! Nas curvas do meu caminho tenho sede em me apegar e receio de me pegar no súbito flagra de uma saudade mal esquecida!

Quero o amor brincando de pega-pega, não de esconde-esconde. Como reza a música, quero “ouvir palavras de um futuro bom” com atitudes nobres e congênitas, não medíocres e assintomáticas.

Mundo real ou mundo ideal? O efeito das coisas depende do meu estado de espírito? Da minha pretensão em querer escalar o Everest? Ou da minha inércia em viver submerso na litosfera?

Não tenho mais volúpia em descrever a humanidade. Nesse entra e sai de sensações e atitudes, troquei o altruísmo pelo egoísmo, minha lupa está focada em tantos ideais de vida que me lembra borboletas em uma selva sem dono.

Tropeço em tanta gente cometendo equívocos lamentáveis e trocando insensivelmente a prioridade pela opção (e vice versa).

Não sou o peão, nem o bispo e muito menos o rei, mas sei que quando o jogo termina, até a rainha volta pra mesma caixa. Não quero jogar esse jogo de compensações, o que quero jogar é jogar fora as coisas que perderam a validade em minha vida.

Hoje em dia vejo marcas perambulando pelas ruas, intituladas de pessoas.

Hoje em dia buscamos a aceitação de outras pessoas sem reconhecer que é da própria aceitação que precisamos.

Hoje em dia eu vislumbro um universo atípico dos dias atuais.

E não me pergunte como ele é, conforme o terceiro parágrafo, ainda me debruço em contos de fadas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Troquei meu par de bolas por um par de alianças"


Ricardo Inácio Bobo era a personificação de todo brasileiro sui generis: Valente, guerreiro, lutador e enérgico. Não tremia pra nada! Enfrentava os obstáculos impostos pela sua vida sem hesitar, como em uma pelada de futebol: Matava o problema no peito e chutava pra fora do campo.

Era um sujeito indomável com as mulheres. Obediência não cabia em seu dicionário meticuloso. Era do jeito dele e pronto!

Ricardo Inácio Bobo era culto, excêntrico e intelectual. Seu apartamento de 150m2 era muito bem dividido entre seus livros do Jabor e do Veríssimo, misturado com sua série completa do E.R e com seus produtos estéticos (shampoo, loções, cremes faciais, hidratantes etc...). Isso sem contar sua coleção infindável de DVDs (de Elvis Presley a Pet Shop Boys). Era uma fusão do homem das cavernas com o metrossexual.

Como todo homem machão e viril, Ricardo Inácio Bobo era uma divagação dúbia entre a vida de solteiro e a vida de solitário, porém sempre convicto. Escravo de suas paixões, ele proclamava fidelidade para sua vida de solteiro nas mesas de bar com os amigos, era sempre o último a deixar a cadeira e zombava dos casados que saíam sempre antes da uma da manhã.

Ricardo Inácio Bobo ironizava o casamento e ressaltava isso em bom som diante até mesmo das esposas dos amigos. Em seu ápice da bebedeira sempre recitava uma frase de Sócrates: O ideal no casamento é a mulher ser cega e o homem ser surdo.

Um autêntico single guy com selo de qualidade duvidoso. Era teimoso, inconstante, independente, indulgente, acolhedor e claro, boêmio. Fazia o que vinha á mente e na hora que bem entendesse, curtia avidamente sua liberdade e se orgulhava disso.

As festinhas no “apê” eram freqüentes, sempre comemorando á vida desprendida de obrigações e de responsabilidades. Sempre brindando ao desapego que tinha com o amor e com as mulheres.
De tanto reverenciar sua liberdade e autenticidade, um dia casou!

Foi num programa de auditório que Ricardo Inácio Bobo sucumbiu aos sacrilégios e paparicos de uma mulher. Ele teve a chance única da sua vida. Ele tinha que decidir entre ficar com uma batedeira multiuso e uma mulher. Era uma oportunidade única em sua vida, ali, dada de mãos beijadas.

Foi quando o apresentador do programa fez a pergunta chave histericamente: E você Ricardo Inácio Bobo, aceita trocar essa incrível batedeira por uma mulher moderadamente sedutora?

Segundos de extrema tensão gravitavam sobre Ricardo, uma vez que ele mal sabia o que estava fazendo, pois não ouvia a pergunta do intrépido apresentador.

Ricardo Inácio Bobo, sempre austero em suas decisões gritou impavidamente ao microfone: AAACEITO!

E foi aí que Ricardo Inácio Bobo trocou seu par de bolas por um par de alianças.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Aposentadoria anunciada


Jogador de futebol se aposenta e faz o que? Cai na balada! Tenista, pugilista, modelo, assessor, jogador de basquete, de vôlei de pôquer se aposenta e faz o que? Cai na balada!

Rabudo ganha na mega sena, fica milionário da noite pro dia e faz o que mesmo? Cai na balada! Com exceção da lendária Bocha (que aposenta o próprio indivíduo). Creio que os demais esportes sigam a mesma linha de desfecho.

As comemorações provenientes de um sucesso ou de uma conquista são sempre despejadas na balada. Já reparou nisso? Parece que o fulano desde o jardim de infância já planeja uma carreira de curta duração para desfrutarem, ainda jovens, os espólios dos anos gastos com o suor do corpo.

Espólio sim Senhor! A profissão já foi sepultada, um novo indivíduo surge dando vazão a um novo estilo de vida, á uma nova carreira: a carreira de baladeiro.

Francamente, eu não planejei a carreira de baladeiro desde o berçário, muito menos do jardim de infância. A profissão foi adotando forma num período pós Bart Simpson da minha vida. Início da era dos Nikes de cano alto e das camisas de Hóckey ou Basquete tamanho GG (que vergonha).

Uma época onde os anos 80 terminavam com uma saída triunfal que nos deixaria uma saudade inexorável. Entretanto, alguns conceitos e algumas crônicas permaneceriam traduzidos em filmes.

Como ficar inerte perante as peripécias irresponsáveis de Ferris Buller no filme “Curtindo a Vida Adoidado”? Eu simplesmente segui as instruções.

Mas hoje, na era do Ipod e dos celulares multifuncionais. Chego á conclusão de que já extrapolei demais na minha carreira desatada e destacada de boêmio condecorado. As razões para anunciar meu retiro são muitas, mas irei enumerar as mais relevantes:

As noites ininterruptas de sono em claro ao som do “tuntistun” do DJ (e o posterior gongo no ouvido). O genocídio quase que por completo das minhas únicas e preciosas células hepáticas (vulgo fígado), graças às terríveis substâncias estonteantes e “tonteantes” da vodka.

O complicado é aceitar essa decisão. Convencer a mim mesmo que foi a melhor opção e tentar participar de outros ambientes sociais cujo cenário foge totalmente do que estava acostumado.

É... Passar a tarja de capitão para os candidatos que estão chegando não é mole, dar as costas para sua principal coadjuvante (a pista de dança) não é fácil, subir para o camarote e ver meus súditos amigos assumindo o trono vai deixar um gosto de quero mais não só nas pernas, mas na boca também.

Entretanto, não posso infringir a lei humana. Subo para o camarote com imponência e com sensação de dever cumprido, torcendo daqui de cima para meus leais substitutos desempenharem o mesmo papel que me consagrou, quem sabe até melhor do que eu, afinal de contas, carreira profissional é vital para nós: amantes da boemia e da boa comunicação.