Crônicas

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O passo do primeiro passo

O esforço começou timidamente, como se fosse o primeiro discurso de um palestrante...

Mas começou, de qualquer forma ele começou...

Talvez pela ótica de quem julga, uma atitude “minimalisticamente pequena”, mas para ele, uma imensa atitude executada em silêncio, sofrida e angustiante, o passo do primeiro passo.

As mudanças geram desconforto, mas propiciam ajustes que se fosse pela inércia, jamais seriam notadas.

Mudar é agachar sobre a idade. É ludibriar a teimosia das tuas convicções enraizadas desde as primeiras topadas da tua vida. Sinalizá-las no momento certo é ir à frente no tempo e dar uma volta e meia a mais que qualquer mortal nessa corrida incessante chamada de vida.

A única controvérsia em mudar é ser convencido por você mesmo que mudar é um caminho longo e sem perspectivas. Os seres humanos se convencionaram a acreditar no protocolo que diz “quem ama não modifica, aceita do jeito que é”.

Nós somos a dúvida e a salvação!

O adversário mais ferrenho e mais competitivo da nossa vida somos nós mesmos. Lutar contra a própria vontade é a mais viril e cruel das batalhas...

Se perdemos continuamos com nossas convicções, se vencemos abrimos um alçapão de oportunidades; nos reciclamos.

Reciclar é aceitar, não é inovar! Inovar é produzir o Ipad 8, o Iphone 10GS ou uma barra de diamante negro com as mesmas calorias de uma folha de rúcula.

Reciclar é ir além das tuas ambições, dos teus anseios e da sua benevolência.

Reciclar é se tornar um super humano, por isso não é nada fácil!

Entretanto, acima de qualquer força vertiginosa, acima de qualquer adversário ou acima de qualquer super humano, existe o amor.

Quem ama tem a energia depositada em cada gota de suor ofertada pelo esforço. Quem ama se tele transporta e vai além...

... Além das tuas ambições, dos teus anseios e da tua benevolência.

O amor, assim como qualquer início ou recomeço é como as mudanças: ocorrem em um silêncio digno e incessante. Quando você menos sentir, já estará sentindo o amor.

Mudar sempre, desde que o crescimento seja a meta e que essa meta esteja na platéia, aplaudindo o teu esforço e a tua glória, afinal de contas, para todo motivo existe uma mudança e para toda mudança existe uma motivação.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Beleza qualificada

A beleza que enxergo é insana e se concentra logo abaixo da epiderme, infiltrada em uma veia escondida; quando ativada emite vibrações que percorrem lucidamente cada poro desse corpo balzaquiano de trinta e poucos anos...

Insanidade é palpável sim e não vive somente na ponta da língua!

Ela vive nas nuvens onde se formulam rostos. Ela sobrevive nos contos negativos do mês de agosto. Ela mora entre a certeza e o suposto. Ela saboreia o teu gosto e sorri diante do teu desgosto.

Minha beleza é longitudinal e empírica, vive há poucos milhares de centímetros da minha pia, do meu armário e do portão da minha casa. Vive a exatos segundos de uma mensagem de texto ou das teclas do meu Iphone.

Minha beleza é bonita, porém, muito mais interessante que a própria face visual de quem a vê... Vale muito mais a beleza do interesse que o interesse pela beleza. Ela prefere o anonimato da certeza que a publicidade da inveja.

Minha beleza é exibicionista, mas não é metida, possui um grau equivalente ao amor que sinto. Afinal de contas, o amor é exibicionista, sempre queremos ser mais do que somos e sempre nos dedicamos mais que o normal. Fazemos coisas que até a nossa progenitora duvida!

Não existe só confiança. Existe fé!

Minha beleza, digo, a beleza que contemplo, não é caracterizada pela inércia, muito pelo contrário, existe algo de surpreendente e enigmático do qual ainda não descobri o motivo da minha sensibilidade e do meu apreço. É uma beleza que a cada dia mostra uma faceta diferente e eu nunca sei o que está por vir...

Inconstante!

Minha beleza é uma insaciável pergunta.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Homen na pia, mulher no volante


Há exatos cinco meses venho pondo em prática uma atividade que vem me orgulhando a cada esponjada e a cada gota de detergente: Lavar louça!


Não, não, isso não foi um erro de digitação: Lavar louça está para um homem assim como dirigir bem está para uma mulher, sabiam disso?

Pois é!

E se as mulheres possuem os menores índices de acidentes atrás de um volante (nos deixando por vezes furiosos com isso), nós homens estamos ocupando o trono de “cuidadosos na cozinha”, haja vista, nós somos muito mais precavidos e atenciosos com as louças, pratarias, copos e jarras... (Isso também as irritam).

Eu sou prova cabal dessa tese; Nunca quebrei sequer uma xícara de café, derrubá-la no chão então nem se fala, sou mega disciplinado na frente da pia, porém, nada cauteloso no asfalto (coisa de homem).

E lavo bem viu? Nada de deixar resíduos de alimentos ou de espuma (isso seria um atentado a qualquer etiqueta de higiene).

Também pudera, sou supervisionado constantemente por um cachorro que fica ali, plantado do meu lado esquerdo observando atentamente cada movimento meu acima dele, ou seja, na pia.

De vez em quando tento ludibriá-lo jogando um brinquedo no meio da sala, mas o danado nem se comove com a minha vontade em distraí-lo; ele simplesmente não se descuida de mim!

Ainda assim, acredito que esse encalço canino diante do meu trabalho seja pura perda de tempo. Não me atrevo a cozinhar, mas mando muito bem nos afazeres pós-culinários!

Diante dessa minha expansão de modéstia desacautelada, eu afirmo:

Toda mulher quer um homem bom de pia!

Mas calma; a praticidade vem com o tempo, assim como andar, falar e fazer sexo.

Não que seja necessário um manual de sobrevivência, mas se o cara não tiver vocação para lavar louça, vá tentar tirar o pó da estante ou passar aspirador na sala. Lavar louça precisa de devoção, aplicação... Amor.

É por isso que o paradoxo traçado entre homem na pia e mulher no volante é essencialmente oportuno para mim, algumas mulheres dirigem melhor que muito marmanjo por aí, com devoção, aplicação e algumas ofensinhas de leve...

... E eu sou prova disso, porque enquanto piloto bem uma pia, ela pilota como ninguém o carro dela.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Irrita!



O que nos irrita comove, satura, provoca, exausta, mas por outro lado incita a sabedoria e o aprendizado, haja vista, é bom conhecer a fundo os motivos que nos irritam (só para ficarmos mais irritados ainda).


Já reparou que tudo que irrita possui um motivo de existência mais irritante ainda?

Veja:

- Risadinhas e conversinhas imbecis dentro do cinema: Mesmo no escuro é possível analisar a idade mental do indivíduo que ri sonoramente como se a sala de cinema fosse a sala de estar da casa dele.

Motivo da existência: A integração conjunta de imbecis no mesmo ambiente aponta para uma falha despercebida por você: Quem foi que te disse que o filme “Velozes e Furiosos” era “assistível”?

Restart e Fiuk: Se a música popular brasileira fosse as Torres Gêmeas do WTC, Restart e Fiuk seriam os aviões.

Motivo da existência: O capitalismo selvagem dos empresários e a maldita carência da massa por ídolos.

Piadinhas em Happy Hour: Se já não bastasse agüentar pessoas do escritório falando sobre metas ou fofocando da pessoa que não compareceu, ainda ter que ouvir piadinha de bêbado que quer se aparecer é o ápice da irritação.

Razão da existência: O Happy Hour (ao contrário do seu significado) foi criado por algum bajulador no intuito de galgar alguma promoção interna na empresa. O cara provavelmente já morreu, mas a sua obra virou lenda, e o bajulador, um mito.

Marchas: O Brasil é o país que mais possui dias para comemorar algo. Dia do fico, dia do amigo, dia do amante, dia do abraço, dia do jornaleiro... Se para cada dia comemorativo houvesse um feriado, a transação monetária do país seria “chinelos” e não “reais”.

Agora as marchas estão na moda. Antigamente era a irritante Marcha de Carnaval, hoje já tem no “setlist da desocupação”, a Marcha da Liberdade, a Marcha contra homofobia, a Marcha dos Vagabundos e agora a Marcha da Maconha.

Motivo da existência: O motivo eu desconheço, mas a causa todos conhecem bem: A causa do roxo na pele, a causa da irritação nos olhos por conta do spray de pimenta, a causa do braço quebrado, enfim... É até hilário, você defende uma causa que te causa casos.

Flanelinha: Esse indivíduo “sui generis” é um enrosco em nossa vida social. Veja: Você ta morrendo de pressa e a sessão do cinema vai começar. Prevendo que o Kinoplex estará cheio, você pára na rua, desliga o carro, sai, fecha o carro e, surge do além o flanelinha dizendo que você não pode parar onde parou.

Motivo da existência: Obra criada pela super população das grandes metrópoles para complicar o descomplicado.

Uma perguntinha: Quem é ele para dizer onde você deve parar?