Crônicas

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Quando o provável e o improvável vão pra cama


Assim como é possível misturar limão com coca-cola, batata palha com cachorro quente e bebida com pessoas, é possível fazer amor no sexo casual.

O provável e o improvável no mesmo ambiente pode oferecer uma certeza deliciosamente absoluta, desde que haja disposição e aceitação por este vínculo aparentemente desvinculado.

Pessoas sexualmente inativas se tornam amargas, remungonas e mal educadas, isso porque vivem em busca do recheio da sua panqueca (tampa da panela tá muito démodé), e se esquecem que o “recheio” pode vir via celular, sem esforços exaustivos, no máximo uma maquiagem, um difusor de ambiente e uma boa trilha sonora.

Você não precisa fazer sentido. Não precisa ter gênio forte de tequila, muito menos alma leve de guaraná. Você diz o que condiz e dane-se. O que vale aqui é o abuso.

Mas não o abuso execrado pelos moralistas, e sim o abuso desafiador das tuas chancelas... Das tuas barreiras.

Tire a sandália. Só pega gripe quem tem medo do chão gelado.

Aperte o botão vermelho e abra as comportas da tua vida, deixa o casual entrar. Tire esse pó de dentro de você chamado pudor e vamos arejar a tua vontade de sair de si. Desfalque o recalque.

O sexo casual nem é tão casual assim, você tá andando com gente errada e ouvindo/lendo/vendo coisa que não deve.

Quer saber a diferença do sexo casual de uma trepada imediata?

Simples, não seja tão imediatista. Seja dono da sua palavra; cantada, falada ou escrita.

O sexo casual com amor é para quem sobreviveu aos tempos de parquinho. Se você tem medo de cair do balanço e enfiar a cara na areia, não insista, fique onde está.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Conduta conjugal inadequada


Existe algo de dignidade em ficar sozinho independente se a sua conduta conjugal com você mesmo é inadequada perante o julgo dos demais.

União pacificadora você só encontra em sociologia. “Dois corpos em um” você só aprende nas leis da química. Permanência contínua de duas matérias no mesmo local você só consegue no básico da física, e olhe lá...

Namoro coerente é namoro de adolescente. Não existe lógica em amar, existe lógica em deixar de amar.

Existe lógica na falta de equalização, mas não pode faltar ética quando sobra oscilação. Já imaginou se nos apoderássemos do controle remoto da vida do ser amado? Que enfadonha seria a vida?

Mesmo gosto pelos armários da reforma. Mesma preferência pela pasta de dente. Mesmo critério de escolha pelo bar que se frequenta. Mesma afinidade para comprar um carro, ouvir uma música, adquirir um livro... Enquanto isso, a individualidade sai de mansinho pela porta dos fundos para – mais tarde – tocar a campainha no momento da choradeira proveniente do pé na bunda.

Regras de convivência a dois? Prefiro a liberdade da conveniência de estar só.

Isso me faz abrir um parênteses.

O entrosamento das minhas antigas relações afetivas tinham um “dead line” tipo de agência de marketing; Quando tudo começava a dar muito certo, tratava de me sabotar e por uma dose homeopática de acidez entre nós.

Não procurava o desentendimento frívolo e infantil, muito menos punia os descompassos, mas deixava bem claro que aquilo que somos morriam conosco.

Não se força semelhanças, não se imita a mesma respiração ofegante, assim como não se arrasta a pessoa para o seu ritmo de orgasmo. O que tem demais se isso for desnivelado? Desde que você não seja egoísta, absolutamente nada!

A questão é o desespero que se formou no advento das mídias sociais. Muitos postam banners em suas timelines dizendo “mais amor, por favor”, mas não conjugam esse mesmo patriotismo platônico na vida real.

O amor de hoje virou gincana recreacional; os conjugues competem entre si pra ver quem cruza a linha de chegada em primeiro, ninguém estende a mão se – no decorrer da corrida – alguém tropeçar. Caiu? Te ajudo e vamos cruzar juntos como um casal feliz.

E a premiação?

Não tem problema, me sinto bem em vê-la no pódio representando nossa relação enquanto eu aplaudo de pé na torcida.

Enfim, voltando ao tema proposto:

Casal que é casal sabe que se por ventura surgir uma dor de cabeça simultânea, um toma Anador e o outro Neosaldina.