Crônicas

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cem anos em cento e poucas palavras



Tudo faz cem anos! A invenção do ar condicionado, a Harley Davidson, o Cometa Halley, a Bússola, o Relógio, as Caravelas... A Dercy Gonçalves.

Das vagarosas caravelas reféns da vontade dos ventos aos supersônicos de 1200 km/h. Da breve silhueta do Cometa Halley às sinuosas curvas da Harley Davidson... Das desculpas esfarrapadas da sua mulher (pra não transar) se defendendo com uma enxaqueca aos cem anos da invenção da aspirina...

Os 100 anos da moda e os 1000 anos do Mestre Yoda! Os 100 anos do sutiã e os 100 anos do mestre Niemeyer. Os 100 anos da borracha e os 100 anos do automóvel... Os 113 anos do Conde Drácula e os poucos anos da Maga Patalógika.

Dentro da nossa cachola, pipocam as mais inusitadas ideias: Você observa uma imagem na rua e começa a divagar sobre ela, ou simplesmente estuda objetivamente o que deseja inovar e pronto, surge um novo Prof. Pardal!

O tempo é o co-autor da peça! Ele imortaliza uma obra literária, consagra uma peça inovadora e afunda um dedicado inventor, afinal de contas, não somos feitos de chips, e sim de células... Será? Eis uma tese a ser discutida dada a insensibilidade de alguns seres pensantes.

E nas minhas cento e poucas palavras não cabem acontecimentos sucedidos há pouco tempo, com exceção desse precoce painel dedicado as teorias engraçadas e enfadonhas das tramas definidas e indefinidas do nosso cotidiano (dentro desse circo humano intitulado bestamente de vida!)

Aqui, juntamente com vocês, não resisto à tentação de expor o que me vem à mente: Socializo, banalizo, ironizo, improviso, polemizo, unifico, emociono e entretenho...

E se para alguns o reconhecimento não vale nem uma paçoca, saiba que vocês são a minha cama elástica para a criatividade...

Obrigado pelos saudosos e surpreendentes debates nos comentários, pela companhia virtual e sempre intelectual, pela entrega, pela empolgação.... Obrigado pela participação de vocês quase que conjunta aos meus textos e as minhas histórias.

Cem anos em cento e poucas palavras? Não exatamente. Hoje comemoro cem crônicas para vocês que são "cem palavras"...

... Obrigado por estarem presentes me dando esse presente que á a presença de vocês!

“Enquanto vivemos na pressa, as crônicas não morrem depressa. Elas prolongam a nossa pressa de viver em presságios gostosos de se ler”

André L Evangelista

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Homens mimados não comem mamão!


“Homens mimados não comem mamão
Não comem mamão pra não dar indigestão
Fazem qualquer coisa pra ter razão
Usam xampu especial, sabonete facial e loção...

Homens mimados não são carentes por opção
Adoram elogios que terminam com “ão”
Amam um paparico, adoram um dengo e gostam de cafuné no cabeção
Precisam de elogios, precisam de atenção e louvam um espelho com devoção...

Homens mimados são pacifistas e idealistas
São narcisistas e oportunistas
Atacam no momento exato
Sem deixar vão ou hiato.

Homens mimados são fofos por natureza
E quando encontram sua “presa”
Vão conquistando-a com sutil destreza

Dizem por aí que o homem mimado não quer amar
Não quer ficar, namorar, muito menos casar
Então o que eles querem? Nos desencorajar?”

Demorou, mas abrimos a caixa de pandora e desvendamos pra vocês, as facetas de um homem mimado, (na verdade perguntei a mãe de um amigo meu mesmo):

O que seria dessa espécie sem uns afagos aqui e acolá? Sem elogios, sem afirmações e sem o prato pronto na mesa?

O homem mimado é um artista! É sincero, articulador, meigo, carente, birrento, eloqüente, requintado, romancista e polemista... A lista é extensa...

De acordo com a mãe desse meu amigo, esse mau comportamento começa lá na infância:

“Minha mãe sempre fazia minha lancheira. Colocava bisnaguinhas “seven boys” com uma pequena fatia de queijo e outra de presunto, e nunca se esquecia do Nescau, também feito por ela!” (O entrevistado pediu para não ter seu nome revelado).

A bisnaguinha tinha que estar envolta de papel alumínio e tinha que ser precisamente embalada para não ser contaminada... Tais cuidados poderiam ser altamente nocivos até mesmo para sua opção sexual. Mimar demais apodrece o caráter e se torna um prejuízo incalculável para todos que conviverão com este ser metódico e..... pomposo.

O tempo passou, e essas tranqueiras cresceram, adquiriram conhecimento, e mais paparicos da mãe, do pai, das tias, dos amigos (...) (...) (...)

Formado em comunicação, pós graduado em persuasão e mestrado em chantagem. O homem mimado possui elementos altamente nocivos para quem pretende ser a dona da situação. E se a mocinha for do tipo “generosa”, cuidado! Ele vai te envolver te fazendo se sentir culpada por alguma coisa que você não fez, (só pra tirar o bico da cara dele).

É mais fácil convencer um republicano ou um publicitário de qualquer coisa, menos convencer um homem mimado a crescer! A maioria vive num mundo onde o Peter Pan é o Rei supremo! Afinal de contas, isso é uma vantagem: Pra que crescer quando se pode viver feito criança?

Alguns aprendem a abandonar a fralda, mas as recaídas são eminentes!

O homem mimado transmite sensações bipolares nas pessoas que convivem com ele: Dá pra sentir raiva, ódio, amor e paixão de uma só vez.

É possível ter vontade de arrancar seus cabelos a dentadas? E instantes depois, querer por no colo e fazer cafuné? Simmmm! Com o homem mimado isso é amplamente viável!

Nos instantes de raiva mortal, você gostaria simplesmente que ele te xingasse, te ofendesse, chutasse a mesa e batesse a porta, mas não... Ele permanece ali, com cara de criança carente e arrependida!

O papel de vítima lhe cai bem, o papel de intimista também! Entretanto, como se fosse a um horóscopo, quando as coisas se acalmam e o sol volta a brilhar, lá está ele, todo caridoso e atencioso com você (que filho da puta meticuloso!)

Alguns modelos são facilmente confundidos pela sociedade feminina, isso porque existe uma linha tão fina quanto fio de cabelo que distingue um homem de libra e um homem mimado. Cuidado para não fazer confusão! Em alguns casos, essas duas vertentes se unem a uma só massa, já pensou a fusão disso?

Tal qual como fruta na feira, existem centenas de estereótipos de homens mimados, mas como o espaço é curto, vou lhe dar um conselho;

Quer identificar um mimadinho? Ofereça mamão para ele!

De qualquer forma, a maioria são todos do bem, afinal de contas, defeitos todos nós temos... Vai por mim!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Prioridades, opções e afins...


Bem me quer mal me quer... Bem me quer mal me quer... Arrancaríamos as pétalas de uma plantação inteira de margaridas e, mesmo assim, não chegaríamos a nenhuma conclusão. O veredicto final é quase sempre do “talvez”. O “sim” ou o “não” ficam a critério de quem escolhe.

Eu explico:

Escolher e ser o escolhido implica um sistema de rotação cíclica, e depende única e exclusivamente de uma palavra jocosamente chamada de “destino”. Nesse mundo estereotipado, “photoshopado” e cínico, o destino exerce sua força com mais facilidade, isso porque a lei da gravidade dá uma mãozinha pra que as coisas justas se sobreponham às desonestas.

Tudo bem! Vamos deixar o lado “sacerdotista” e “virginal” de lado e vamos falar da realidade:

Suponho que entender essa relação de prioridade, opção e escolha não seja uma questão de inteligência, e sim, de perspicácia e malandragem. A luta entre o oportunista e o apaixonado...

Sim, porque enquanto uns querem por um momento, outros querem pra vida toda:

Ele se entrega, ela evita! Ela queria um príncipe, ele queria só mais uma! Ele queria algo sério, ela levava na brincadeira! Ela o imaginava em diversos lugares, ele a imaginava em diversas posições...

Opostos se atraem ou se distraem?

Era uma vez uma pessoa que vivia muito solitária; cabisbaixa pelos seus inúmeros insucessos e pela sua bigamia excessiva com todos que entravam em sua vida. Tinha uma dificuldade tremenda de aceitar o amor como uma custódia permanente e hipotecar o futuro era com ela mesma, isso porque sua soberba e orgulho sempre falavam mais do que seus sentimentos... Assim era a Srta Prioridade.

Um dia, a Srta Prioridade encontrou com o Sr Opção. Seus olhos se cruzaram várias vezes, porém, como a festa que eles se encontraram estava lotada de opções, a Srta Prioridade tratou de colocá-lo pra escanteio. Não dispensou, mas também não acolheu.

Indignado e absorto, o Sr Opção esperou o varrer da festa, se aproximou da Srta Prioridade e disse:

- Não se encantou por nenhuma opção?

E a Srta Prioridade replicou ironicamente:

- O amor brinca de “esconde esconde” comigo.

E o Sr Opção rebateu:

- Já reparou que quando se compartilha os desejos, eles passam a ser mútuos? Prioridade não tem a ver com platonismo, e sim com saudosismo e reciprocidade.

A Srta Prioridade lhe sorriu debochadamente e se despediu em seguida, dizendo:

- Amanhã virão outros e os que já passaram podem voltar também... Afinal de contas, eu sou a prioridade e trato todos como opção!

Moral da história: O ideal continua sendo o mesmo, até que outro ideal substitua o ideal que seria ideal para essa vida, à vida da Srta Prioridade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Não era amor...

Não era amor, era:

- Uma mentira conivente. O imprevisível em conjunto. O querer estar junto. O “algo” indecente...


- A aceitação de algo inaceitável pelo desfrutável. Pela necessidade de não conversar. Por não ter o que falar. Por não ter que escutar...

Não era amor, era:

- O apetite. O limite. O desprendimento. O não comprometimento e a insatisfação de não dar satisfação...

Não era amor, eram:

- Duas desculpas. Duas hipocrisias. Duas assimetrias em uma simetria. Dois celulares desligados. Duas matérias plugadas. Dois desocupados em uma mesma ocupação, desejando mais de uma posição...

- Dois interessados. Dois egoístas. Dois narcisistas. Dois idealistas. Dois loucos. Dois insanos. Dois mundanos em um mundo insano, o mundo de dois mundanos...

Não era amor, era:

Pela mesma luz efusiva dum abajur. Pela falta de entender. Pela desnecessidade do “ter que saber”. Pela disponibilidade imperecível. Pelo inadmissível acessível e tangível... Pelo momento inesquecível...

Por não ter que arrumar, nem limpar. Por não ter que interpretar, nem parafrasear. Por não ter que consertar. Por não precisar ser. Por não precisar remanejar, só ligar. Por não precisar sentir o que não sente...

Não era amor, era:

Não precisar acompanhar, idolatrar, plagiar ou mimar. Precisar ver, deitar, grudar, suar e acordar. Não precisar apontar o dedo. Precisar entrelaçar os dedos. Não precisar debater, nem sofrer, nem dissolver, e sim: acender, aquecer, efervescer, convencer e amanhecer...

Não era amor, era:

Esquecer do horário e lembrar-se do itinerário. Pensar no “inimaginável” e se contentar com o imaginário. Comprometer-se com o instante. Não prometer promessas. Comparecer sem conhecer... Compreender.

Não era amor, era:

Uma opção. Uma prioridade. Uma vaga e mera casualidade, dualidade... Falta de pluralidade. Entre quatro paredes: Afinidade e elasticidade!

Não era amor, era:

Contingente. Abrangente. Irreverente. Independente. Negligente. Imprudente... E muito mais que isso: era correspondente!

Não era amor, era melhor, melhor que o amor!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A CBF e os sete anões


O que todos aguardavam não foi o que todos esperavam, porém, já sabiam: Dunga usou da previsibilidade ao “nomear” os seus fiéis e comprometedores súditos.

Durante o anúncio da convocação, a palavra “comprometimento” e “fidelidade” percorreram inúmeras vezes o discurso do nosso teimoso técnico que abdica do bom futebol para ganhar de 1X0 no sufoco (não pensem em ver um futebol bonito em ação com um time tão cheio de jogadores inexpressivos).

Lista de Dunga ou Lista de Schindler?

Futebol burocrático que vai fazer com que todos os santos sejam invocados nessa convocação, assim é a nossa filantrópica seleção! Figas e patuás na mão; vale de tudo pra soltar o grito de campeão!

Eu, como torcedor e palpiteiro me divido em duas esferas: Humanidade ou unanimidade? Se a unanimidade é burra, onde fica a coletividade dos seres humanos diante da seleção brasileira? Dunga foi contra tudo e contra todos em prol do que ele acha certo, ciente de que suas decisões lhe trarão os méritos ou a extradição para outro país.

A seleção de dunga surpreende a todos, até a própria FIFA se rendeu as surpresas do treinador em não levar Adriano e Ronaldinho Gaúcho. O técnico Maradona ficou com inveja e entrou para o fã clube de Dunga, deixou os craques Riquelme, Cambiasso e Zanetti de fora da seleção Argentina... Fala sério!

A seleção brasileira parece um campeonato de Stock Car, repleto de volantes. A zaga merece elogios, mas e a lateral? Que esculhambação que é essa? Cadê o André Santos, o Roberto Carlos? Lateral de ofício não tem, nem adianta que essa Copa não vem meu bem!

O Brasil não concordou com a seleção do Dunga, mas quem disse que a concordância é uma preocupação para ele?

E como todo brasileiro é técnico, confira as opiniões de alguns “famosos” e “celebridades”:

Machado de Assis (fez de tudo um pouco, até foi escritor): - “Se eu fosse o Dunga, tiraria o Dunga.”

Cuca (Sítio do Pica Pau Amarelo): “Se o Dunga convocou o saci pererê, por que eu fiquei de fora?”

Branca de Neve (E os seis anões): “Minha greve de sexo abalou a cabeça do meu anãozinho lindo, vem cá vem bebezão?!”

Serginho Malandro (???): “Glú glú mon a mour, essa seleção vai ser um perú, rá!”

Pato Donaldo (Sobrinho do Tio Patinhas): “Hahhahaha, o Ganso ficou de fora lá lá lá lá lá lá....”

Tati quebra barraco – “Já é sensação, dom dom dom dom dom”

Padre Quevedo – “Isto nom ecziste!”

Caco (Muppets Show): “Como que um fantoche é o técnico da seleção?”

Maradona – “Viva La Argentina, gracias Brasil.”

Magda (Sai de Baixo): “Essa seleção do Dumbo tá dando o que falar, né genteeee?”

Mijaê no Muru aê (técnico da Argélia) – “Ótima escalação! Assim temos chances de aparecer também!”

Bambi (personagem pomposo de Walt Disney): Poxa, levaram o Josué e eu fiquei de fora? Tô bege!

Chaves (O Chaves pô): “Burroooooooooo, dá zero pra ele!”

Bruno Coimbra (filho do Zico) – “Só no Playstation ô oh, só no Playstation ô oh.”

Moisés (Arca de Noé): O Asno convocou um Bambi, deixou o Pato de fora, desistiu do Ganso e vai levar uma Anta? Apaga a luiz, Jesuis!

Zagallo (lenda “ainda viva” da seleção): “A frase: Dunga é um burro tem 13 letras! Vai Brasil!”

E assim, Dunga e o Sr Ricardo Teixeira escreverão mais uma história no rol das histórias das Copas do Mundo, mas relaxa, será escrita com “Grafiti”, qualquer borracha apaga!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A migalha nossa de cada dia


Perdi meu emprego há dois meses, na verdade ele me perdeu. Tenho qualificações e sou muito habilidoso no que faço...

Só não entendo uma coisa: se tenho tantas qualidades, então por que eu fui dispensado? É estranha essa relação de bom grado com as pessoas não é? Geralmente os dedicados e solícitos sempre saem com a marca do tênis alheio impresso no traseiro...

Perdi meu emprego há dois meses e talvez saiba o motivo de mais uma frustração em minha vida; sou indomável, arredio e indigesto, quer dizer, não digiro qualquer coisa, falou torto eu respondo torto também. Sou como um espelho, o reflexo que as pessoas vêem é a imagem das suas próprias atitudes e ações.

Perdi meu emprego há dois meses. Na verdade sempre fui um bom aluno, era prolixo e desatento, mas na hora de passar de ano eu tava lá, suado, mas com o diploma na mão. Entretanto, nunca fui adepto às frases pré fabricadas, odeio quando as coisas caem no dito popular. E com essa doutrina rebelde, não cedi a uma bendita frase feita: manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Manda quem pode, obedece quem não tem outro emprego em vista, isso sim. No mundo corporativo, a hipocrisia é o dispositivo essencial para a sobrevivência nas baias:

- Olá Patrícia, bom dia, tudo bem?
- Tudo bem Sr Pedro, como vai a sua esposa?
- Eu não tenho esposa!
- Oh, desculpe. E os filhos? Como vai a Isadora?
- Também não tenho filhos, muito menos uma filha chamada Isadora.
- Mas me conte Patrícia: E o curso de SAP que você está fazendo, bons resultados?
- SAP? O que é isso Sr Pedro? Não sei de curso algum, deve ser a Patrícia do RH.
- Hehe, tudo bem então, tenha um bom dia.
- O Sr também.

Assim é a convivência em uma multinacional. Já notaram que em uma grande empresa, os desconhecidos desconhecem os conhecidos? Mas conhecem protocolos internos do tipo: Integrar-se com desconhecidos mesmo se você não for um conhecido?

As “majors” vivem de status. Uma vitrine que transmite propositadamente o que não se vive lá dentro. Os líderes permanecerão sempre nos holofotes da fama e do heroísmo enquanto que nós, os vassalos, seremos enterrados com nossos bons corações num cemitério chamado de anonimato.

O sistema de recrutamento também sofreu alterações com a crescente onda de pessoas desempregadas. Hoje, na tentativa de dizer a verdade, o entrevistador diz a mentira:

“Olha, adoramos seu currículo, mas você é muito superior a vaga pretendida”

Isso entra como um alfinete nos tímpanos de quem ouve, dói tanto quanto ir ao podólogo arrancar uma unha encravada. Pior que isso, só ouvindo da namorada (o): “Olha, não quero mais continuar com esse namoro porque você é muito pra mim e eu não estou preparado”.

Trabalhar engrandece, enaltece, aborrece e emagrece! Vivemos em uma gestão de conflitos obrigatória para nossa sobrevivência, irrisória para nosso intelecto. Entramos em uma Companhia sabendo mais do que quando saímos dela, isso porque adquirimos os vícios internos e a forma como eles direcionam a empresa...

Os vícios trazem malefícios, difícil se desvencilhar deles quando mudamos de cenário. Disso não posso falar absolutamente nada. Não tenho vícios! Apenas hábitos e dentro dos meus hábitos existe a escolha da minha dieta, e, sinceramente? Engolir sapos não faz parte do meu cardápio!

Perdi meu emprego há dois meses. Cobra-se pelo que se sabe e não pelo que se faz, e pelo que eu sei, é uma situação cíclica e passageira, já já as oportunidades aparecem, os contatos ressurgem e as entrevistas voltam a ser uma obrigação. Com seus entrevistadores predispostos a nos assediar moralmente com seu discurso engajado e manipulador...

Enquanto não regresso ao mercado de trabalho, proponho um brinde ao nosso sistema empregatício de sobrevivência:

Um brinde a intangibilidade corporativa, composta por resultados virtuais e por um bando de bons marketeiros politicamente corretos.

Vale lembrar que Hitler e Edir Macedo vieram dessa mesma escola!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O amor repousa sobre mim


Como uma criança que pede um mimo, deito-o em meu colo. Como um maltrapilho que vive da gratidão de outras pessoas, eu o recolho e lhe dou o abrigo merecido...

Como um andarilho que vive de passos no asfalto pavimentado da vida, pego em sua mão e lhe guio pelo caminho tortuoso dessa estrada...

Como um escritor perdido nas linhas melancólicas de uma frase escrita, mas não dita, eu lhe recito um verso velado de encantamento e ternura...

E como um romancista preso nas celas do desengano e da amargura, eu apareço repentinamente com as chaves da liberdade entre os dedos para lhe salvar e lhe fazer sonhar novamente...

Hoje somos grandes amigos e profundos confidentes. Sinto-o ofegar dentro de mim e fazer meu coração palpitar quando ouço as canções que ele admira...

Em meu rosto, olhares e sorrisos homenageiam-no com cicatrizes impressas como uma tatuagem eterna, ora alegre, movidas pela perseverança, ora desanimada, por vezes frustrada com o desgaste das tentativas eleitas por ele mesmo...

Hoje pertencemos à mesma família, ás vezes eu sou o irmão mais novo querendo exibir meus aprendizados tolos, ás vezes eu sou a mãe, querendo cuidar de mim mesmo, mas no final das contas ele é sempre o pai dessa relação, ora puxando a minha orelha, ora aplaudindo minhas atitudes aprendidas com ele...

Hoje somos companheiros inseparáveis! Se fizer as malas para viajar, ele já está com a emoção nas mãos. Se eu for andar de bicicleta na ciclovia, ele se transforma em uma voz silenciosa e motivacional, por vezes chata e “cricri” também.

Se eu for cair na noite, seja num bar ou em um local cheio de pessoas querendo se divertir, ele incorpora o “irmão mais velho” e já vai me alertando: “Cuidado, não vá se machucar gratuitamente”.

Ele é um amigo que motiva e que me emotiva, do qual transcrevo as mais belas sensações que ele proporciona através de poesias, contos de fadas e crônicas. E nesse universo, juntamos nossas mãos e viajamos infinitamente na calda de um cometa, pelos anéis de saturno. Ele me conta histórias sentado em nuvens para eu sonhar em plumas, plumas do meu travesseiro...

Pela convivência contínua e ininterrupta, é certo dizer que ás vezes (poucas vezes) eu me canso dele. Canso-me por teimá-lo com ele, canso-me por ele deixar os acontecimentos acontecerem sem um aviso prévio, sem me dizer se o momento é de persistência ou de desistência, entretanto, mesmo nas situações mais adversas, ele surge para me mostrar que não existe casualidade em sua catequese e que vale a pena ser tolerante e dedicado.

Antes eu não o conhecia e hoje ele se tornou um agente ativo da minha existência, vivendo um contrato de coexistência, sem rescisão e sem separação aparente. Um caso eterno com a vida.

Com ele deixo minha vida ao acaso de um sorriso, ao espaço de um descaso, ao recondicionamento, à passionalidade artesanal de um convívio (artesanal sim, porque a germinação é diária, mesmo quando vc oferece sol em um dia que se quer a chuva).

Por ele vivo a calmaria das primaveras, a tranquilidade do outono, o aconchego do inverno e a agitação do verão... E ele lá... Sempre comigo: Passo a passo, dia a dia, tijolo por tijolo, na construção de mais um sonho e na promessa de mais um amanhã...

Eu posso até dormir na diagonal, só para a cama não parecer vazia, mas sei que ele estará lá, repousando sobre mim, o meu querido amor sem fim!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A chatice mora ao lado


Nosso equilíbrio existencial como pessoas que convivem em sociedade (ou em tribos) está cada vez mais escasso diante de tantos chatos existentes em nosso dia a dia...

Vejam os estereótipos:

Os chatos diretos são os mais intragáveis: O cara mala intitulado de “O chato Super Bonder”, que gruda no teu pé e não descola nem com thinner; aquela mina mala intitulada de “A chata post it” que te inunda de recadinhos no facebook, Orkut, blog, celular... E os chatos indiretos do MSN e de outras redes sociais... Esses, bem mais fáceis de manipular, basta dar um clique e bloqueá-los da sua vida.

Pode parecer um exagero, mas existe um chato supremo diante de toda essa hierarquia social citada por mim. “O chato alfa” está do seu lado, na hora de abrir o portão da tua casa, no fundo do quintal, concreto a concreto, cozinha a cozinha, banheiro a banheiro, enfim, bem diante dos teus olhos e você só percebe sua “presença hostil” quando procura um momento de sossego em meio ao dia conturbado que você teve...

É aí que surge a força maquiavélica do vizinho! Isso, ele mesmo, o vizinho!

Suportar “os chatos beta” ainda vai lá, mas agüentar diariamente o seu vizinho “chato alfa” pode ser uma tarefa para o Jack Bauer da série 24 horas! Se difícil é suportar um chato meio período, o que diria conviver com um chato full time?

Note bem, vizinho bom é vizinho de fazenda, de casa de campo, de bairro, enfim, menos de parede! O vizinho é um indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele e geralmente ele absorve duas vidas em apenas um karma: a sua vida e a dele! Bastou uma discussão em um tom de voz mais agudo com a sua esposa ou mãe que o cara no outro dia já vem perguntar o que houve.

Preocupação? Não não, um sistema de absorção de assuntos alheios chamados fofoca!

Nunca discuta com a sua namorada após a labuta, você ta na tua casa e o vizinho ta na tua escuta!

Talvez este texto te abra a mente e feche o teu coração, mas reflita: O vizinho faz toda uma diferença na hora de adquirir um imóvel, e isso não é uma variável! Vizinho pra ser um bom vizinho precisa respeitar e seguir as leis do “quem chegou primeiro”. É justo e ponderável entender como funciona a vida, a rotina e a casa do cara que já tá lá há anos, sendo que você é apenas um novato que acabou de aparecer na área.

“Esse território já me pertence, vá marcar território urinando na privada da tua casa que é lugar pra consternado!”

O fato é que eu não quero interagir com o meu vizinho porque ele possui gostos amplamente divergentes aos meus: Tem três cachorros irritantes e barulhentos, torce pro time oposto ao meu, ouve pagode e deixa a televisão ligada até as duas da manhã em alto e bom tom...

Ademais, estaciona sua banheira móvel sempre com o pára-choque dentro da minha casa, atrapalhando a garagem.

Essas composições letais desenvolveriam uma arma nuclear para o Pentágono. Haja tanto mau gosto em uma matéria só! Além disso, tem uma empregada metida a soprano cantando Ivete Sangalo aos berros, todo o santo dia.

Eu imagino as injúrias e os pecados que eu cometi em outra vida para receber essas “dádivas” nessa vida!

O conceito do “bem morar” foi substituído pelo conceito do “vai cagar”. O respeito desce pelo ralo dos banhos demorados e sonorizados desse insolente, ou desce gradativamente pela torneira da pia que vive pingando com a panela cheia de água para dar um eco mais abrangente, e mais musical... Não tão menos irritante.

Esse cara não dorme? Será mesmo que cada indivíduo tem o chato que merece? Imagino então que do outro lado da parede do meu vizinho, more a encarnação do Saddam Husein, Alexandre o grande ou o fascista do Mussolini, sei lá, coisa boa que não é!

Entretanto, quando a paz é corrompida na solenidade do seu lar, resta praticar o intrépido e gostoso jogo do “toma lá da cá”. Também sei ser chato, vou pensar em algo irritante...

Com vizinhos, os contos da carochinha não possuem o slogan: e viveram felizes para sempre!