Crônicas

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O suficiente para...


Falando abertamente?

Ela não teve a pretensão de me conquistar, tampouco imaginava que eu era propenso as verdades inteiras de uma relação a dois... De fato, nem eu mesmo sabia se era merecedor de algo que tanto eu fugia... Acho que havia transformado meu coração em um souvenir, somente com pequenas e passageiras emoções.

Ela não teve a pretensão de me conquistar, mas decretou (involuntariamente) um feriado em seu coração, um feriado prolongado mediante ao que ela apostava para aquele momento de “férias”.

Férias...

Enquanto ela visitava minha casa como se fosse uma turista se encantando pela mesma pousada, meu coração, em uma batalha desonesta com meu cérebro, dizia que suas emoções pelas suas visitas já haviam se transformado em uma estadia contínua.

Me contive.

Lutei inconscientemente tentando me convencer de algo que já não fazia mais sentido: imaginar que disponibilidade tem a ver com felicidade.

Me enganei, e presenciei um dos equívocos mais deliciosos que um ser teimoso poderia provar: a paixão.

Enquanto eu, tolo mortal, me fazia de desentendido sem notar os sinais que a vida me tacava na cara, ela fazia uma falta contida dentro de uma saudade incontida...

Sua imagem me saltava aos olhos sem hora marcada. Seu perfil no Facebook se tornou uma constante visita por mim. Será que estava tentando ludibriar a saudade?

Hoje, sinto mais saudade dela do que de mim.

Ela não precisou usar minissaia. Não precisou usar decotes fúteis e apelativos. Não se vangloriou de joguinhos banais de conquista. Não se promoveu usando o que muitas mulheres acham que é fatal, a vulgaridade.

Ela foi erótica com o sorriso. Ela foi sedutora com o caráter. Ela foi irresistível com suas verdades. Ela foi imbatível com a falta de pressa.

Ela foi querendo não querer.

Querendo não querer. Ela não teve a pretensão de me conquistar, mas hoje, a única coisa que não queremos é ficar longe de todo esse bem querer, e no nosso caso, querer é poder.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

23 de outubro de 2014


Há exatos 124 dias arriscamos uma nova combinação - eu - me propondo a uma espécie de desintoxicação pessoal - ela – substituindo os vínculos afetivos da solidão.

Decodificamos a fatalidade ilusória que permanecia latente em nossas vidas: encontrar alguém que realmente nos fizesse ser alguém.

E conseguimos!

Espiamos a vida lá fora sem notar que dentro de nós (ou muito próximo a nós) existia um pequeno lampejo de crença pelo amor esperando ser descoberto para se tornar – então – um incêndio de proporções que dariam inveja a Roma incendiada por Nero.

E conseguimos!

Passamos pelas assombrações de um quarto vazio. Ultrapassamos – temerosos - a inquietação por algo que nos deixasse finalmente em paz. Sobrepujamos rótulos, protocolos, paradigmas de que para ser feliz basta sermos nós por nós.

Mentira! Somente um amor de verdade é capaz de tamanha façanha. Sozinhos somos partículas presunçosas a viver uma vida dissoluta ou desregrada.

Pra música tocar de novo, precisamos de amor. Necessitamos de alguém que nos desperte este amor.

... E você é a mais grandiosa e sublime sinfonia que alguém poderia compor.

Obrigado por eu ser o seu acorde, a sua melodia, a sua composição – sem você – não haveria canção, não haveria orquestra e me arrisco a dizer que nem os anjos teriam suas arpas angelicais.

Amo você, eternamente, como uma canção inesquecivelmente bela. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Predisponha-se!


O amor não envolve carência. O amor não envolve pura e simplesmente o fato de não ficar só.

O amor não envolve a necessidade de entrar no cinema acompanhado. Nem de jantar num sábado a noite com alguém do lado.

O amor envolve predisposição.

Predisposição de sorrir com a felicidade do outro.

Predisposição de botar no colo e aplacar uma cena de ciúme.

Predisposição para ouvir/falar equacionalmente em uma discussão.

Predisposição de entender a colocação adverbial de tempo das velhas histórias, porque passado é um portfólio de experiências que nos moldam para um "futuro presente" chamado de recrutamento.

O amor envolve a predisposição de sair:

Sair da sua veste, do seu casco, da sua redoma, do seu invólucro e arriscar ao novo caso, porque o amor não vive de acasos, e sim de predisposição.

Vive quem - atrevidamente - ama.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dormir junto é parcelar o amor


Acordar num sábado com quem fez a gente passar noites em claro antes da conquista é algo indescritivelmente belo. Acordar num domingo preguiçoso e sem epitáfios sociais ao lado de quem - agora - nos faz ficar acordado por contemplação é esplêndido.

Mas acordar juntos sempre que possível é a idealização de uma eternidade desejada.

No lugar da modernidade de se acordar em casas separadas, eu defendo o sorriso estampado ao ver um lindo café da manhã montado à mesa.

Raciocina comigo: Dormir juntos todos os dias é parcelar o amor em inesquecíveis e efusivas prestações.

Dormir juntos de domingo para segunda-feira é diagnosticar a felicidade pelas palavras de afeto e pelos desejos de bem querer durante a semana que se inicia.

Dormir juntos durante a semana é dar alforria ao sacramento de que todo amor só germina e floresce aos finais de semana. É aniquilar o sentimento de saudade de imediato, sem rodeios, e sim, com rodopios pela cama e sorrisos matinais com irreverência e bom humor.

Não dormimos de conchinha, entretanto, entrelaçamos os nossos pés como se ambos conversassem uma língua confidencial.

Enquanto eu me mexo dormindo, ela se remexe em meus sonhos.

Enquanto eu a abraço com minhas pernas, ela se entrelaça com seus braços.

Enquanto ela dorme sorrindo, eu acordo feliz.

Enquanto ela passa seus cremes aromatizados, eu arrumo a cama.

Enquanto ela sorri pela mesa de café feito por mim, eu a ponho em meus braços beijo sua testa e agradeço por mais um dia de convivência.

Para nós, amar não é sobrevivência diante da rotina, e sim preservação da rotina pela vivência, porque a rotina para quem dorme junto é sempre uma novidade.

Em nosso mundo todos os ambientes são quartos, mas é no quarto dos quartos que nos amamos por inteiro.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Necessidades não catalogadas


Não era amor.

Era uma necessidade de se sentir necessário. Um documentário para o imaginário. Um tributo ao extraordinário. Um brinde ao incendiário.

Não era amor. Eram dois celulares dominados pelo silêncio, vibrando – poucas vezes – por pessoas que ainda persistiam em romper essa lógica.

Não era amor. Eram duas mentes se oxigenando, se libertando dos pensamentos rarefeitos de histórias pretéritas, ambas, mal sucedidas, mas que nos moldavam para uma chance maior, para um desafio apoteótico, erótico, total exótico para aquelas almas que ali se reconheciam.

Não era amor. Era a interpretação de todos os sentidos, fazendo um único sentido, o nosso sentido, a nossa forma olfativa de amar as palavras que trocamos juntos com o atrito dos nossos corpos em movimento.

Não era amor. Era a desconstrução de um mundo real pela construção de um mundo ideal - O nosso mundo - intocável, insólito, peculiar entre nós, mas visto com indiferença pelas visões externas.

Não era amor. Era a fusão inexorável de duas solidões. Solidões que se somam, que se completam, que se preenchem e que se fundem espiritualmente em um único cenário. Na cama ou dentro de um armário, sem receituário e muito longe da compreensão de um dicionário.

Não era amor.

Era o apetite, o desprezo pelo limite. A vontade incessante de se plugar a dois e se desligar do mundo dos bilhões. A união legítima de dois pensamentos em busca de um lugar seguro, o nosso porto, o nosso cais, a nossa casa. Aqui, tudo é permitido, inclusive a fragilidade das nossas inconcordâncias.

Não era amor, era o próprio amor depois das três, numa tarde frenética, numa escapada estratégica para a devoção assimétrica de dois corpos em simetria. Convivência, quebra de tabus, obediência ao que nos faz bem, somente ao que nos faz bem.

Não era amor, era o medo inconsciente, o pavor pela distância, a redenção pela aproximação, o descontrole pela saudade, a imposição química e física pela gana de estarmos juntos.
Não era amor, era melhor, muito melhor que o amor.

Inexplicável. Concordante. Incontestável. Cúmplice. Realidade incontornável.

... Nós!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Namorar causa desgosto para quem vive sem gosto


Rodeado de fingidos, como se fosse um jogo de Pôker, a gente chega num momento da vida em que dissemos para nós mesmos: É melhor estar só, do que mal apaixonado.

Entretanto, pedimos – lá no inconsciente – para que tenhamos alguém que nos assista e nos rebobine quantas vezes acharmos necessário.

Olhamos a nossa volta e cansamos!

A mesma modice, a mesma mesmice, a mesma idiotice. Tirando o ar, tudo que gravita a nossa volta se faz desnecessário, perde o brio, a coloração, a fantasia.

O passaporte perde a validade e nos sentimos imigrantes clandestinos diante dos nossos encaixes.

Encaixes? Sim, encaixes.

Existem pares que são pares e por isso são pares...

Existem os pares que nasceram sem um par e que passam a vida à procura desse outro par, aos quais chamamos de ímpar.

Existe o encaixe neutro, aqueles que combinam tanto com os pares e os ímpares, mas que continuam neutros porque de tanto escolherem o encaixe ideal, permanecem desencaixados e sem a sua tão sonhada medida.

Os pares neutros, geralmente sentem um certo incômodo no cotovelo ao ver um casal feliz – como se fosse uma predileção da sorte sermos escolhidos pelo destino para formar uma união, mas se esquecem que par ideal não existe, partes ideais sim.

Alguns ficam na torcida inversa, de costas para o campo, torcendo para uma ligação repentina com choro de fundo, torcendo por um whatsapp escrito “Amiga, brigamos, me ajuda?” Ou mesmo na torcida silenciosa(aquela vibração sórdida, porém calada que a pessoa faz em seu âmago).

Ecos de um mundo adulterado; pessoas que preferem ser “mais uma”, ao invés de “serem a única”.

Por isso é bom amar no anonimato, assim distanciamo-nos dos que não possuem a competência de sentir o amor.

Por isso é bom desapegar das coisas mundanas e dos encontrinhos sociais nas baladas e bares para se apegar a novas oportunidades, porque o amor sempre nos perdoa, ele sabe que precisamos nos oferecer erroneamente ao provisório para um dia capricharmos assertivamente no permanente.

O mundo provisório é povoado pelos neutros, porque os neutros não arriscam, não pulam o muro e muito menos se atiram ao precipício. Para eles, frio na barriga é ver o pretendente no whatsapp on line ignorando sua presença.

Para eles, suspiro é aquele docinho brega de padaria. Apaixonado é coisa de sessão da tarde e companheirismo é esquenta com os amigos.

Certo ou errado, apropriado ou inadequado, traduzir o amor é um ato de sensibilidade e coragem.

Amor: 4 letras, 2 consoantes, 2 vogais e 2 humanos aptos a juntarem forças e fazerem o mundo girar.

Medo: 4 letras, 2 consoantes, 2 vogais, 1 pessoa e 1 estado (solidão) fadados as fugas e as locadoras aos finais de semana.

Amor e medo: A diferença gramatical é sutil...

Só a gramatical.

Quem tem medo de errar jamais conhecerá a felicidade. A felicidade é feita para quem tem coragem em sofrer.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A sociedade anti-sofá


Em face da nossa teimosia em brincar de “esconde-esconde” com as nossas realidades, a gente se sabota, se adultera e se contamina em uma auto-colonização equivocada de nós mesmos.

Eles falam mal do Dia dos Namorados querendo um dia protagonizar uma mesa de jantar a dois.  Levantam orgulhosamente e afonicamente a bandeira do Dia dos Solteiros exclamando-se em redes sociais e não se tocam que o protesto infantil não é uma questão de opção, e sim de incompetência em estarem sozinhos.

Eles levam horas e mais horas se produzindo, mas na balada, no club ou no barzinho com som ao vivo, mais parecem seres de uma “fabricação em série”, todos com o mesmo dialeto e com as mesmas roupas.

A carência por um cavanhaque roçando o pescoço é muito mais forte que o medo do auto enfrentamento num sábado – sozinha - entre o sofá, livros e a HBO.

O ímpeto de comprar um camarote e se exibir com Chandon cheio de foguinhos de artifício na garrafa é muito mais forte que a meditação de ficar em casa assistindo o UFC sozinho ou curtindo o sobrinho com a família.

E assim a vida segue em lugares cheios de gente vazia:

“Aqui estou de volta, sem perder a razão das minhas defesas. Aqui estou de volta sentindo-me só, mas entorpecendo o vazio por meio de olhares insinuantes e justificativas entre amigas.

Aqui estou de volta; salto alto, tinta na epiderme vislumbrando uma gola em “v” com o peito depilado e braços torneados. Se ele disser que estou linda e perguntar meu nome já me sinto plena e convicta das “minhas realidades”.

Aqui estou de volta, francamente, não me importo em fazer atividades que enalteçam a minha saúde, gosto de fumar, gosto de encher a cara e amo selfies com garrafas de Veuve Clicquot, Absolut ou Smirnoff, quando não tem playboy chamando pro camarote a gente caça na pista com ostentação.

Balanço as coxas até dar câimbras, bebo até perder a postura (postura?), mas chego à minha casa satisfeita pelo que vivi, afinal de contas, amanhã a vida acaba, temos que viver tudo que há pra viver, não é mesmo?

Outra coisa que não me importo e também não perco o meu tempo são com as indagações que os amigos mais velhos, mais experientes, namorados ou casados me fazem, não me aniquilo por certos porquês:

Por que estou aqui? Por que tenho 33 anos com pele de um crocodilo com um centenário de vida? Por que gasto horrores com xampus “fancies” se vivo fedendo cigarro? Pra que cremes e mais cremes se pareço um guaxinim com olheiras intermináveis?

Aphe, cada perguntinha besta pra se fazer, não ligo pro que dizem.

Aqui estou de volta, as coisas perderam o sentido, a rotina literalmente acabou com a festa, mas eu to aqui pra ver e ser vista, afinal de contas, a única coisa capaz de sobrepujar o tempo é o Ego.

Mudam-se as maquiagens. Mudam-se o dress code. Mudam-se os cabelos, mas a festa do branco, o festival sertanejo ou a feijoada com pagode continuam “bombando”, e é isso que realmente importa.”

E assim ela vai aos embalos de terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo à noite, sem conhecer, claro, um John Travolta da vida.

A real é que pessoas que agem com autenticidade estão dentro de casa, talvez por isso haja tanta gente boba e desinteressante falando da idiotice dos que estão na balada, sem se dar conta que estão dividindo o mesmo balcão ou a mesma pista de dança.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aposentos ambíguos


Na solidão prazerosa e barulhenta dos meus movimentos encarcerados dentro da minha casa, eu descubro um novo aposento.

Este aposento não vivia aqui, era uma espécie de universo paralelo e paradoxal às minhas intenções vividas neste meu mundo. Um aposento aparentemente ambíguo.

Um mundo de enfrentamentos, no entanto, pautado por mecanismos repetitivos de busca, de exaurimento e de satisfação imediata por aventuras breves que reverenciavam o Ego, mas abandonavam o amor próprio.

Me procurava, fazia questão de me perder novamente e por vezes achava que me encontrava; vivenciava amores modernos com problemas antigos, paradoxal, não?

E nesse pega-pega com nuances de esconde-esconde eu notava um dado de realidade diante desse mundo lúdico: Como é fácil a gente se esconder de nós mesmos, somos exímios atores interpretando uma peça de meias verdades e de mentiras inteiras.

Notei - diante dessa apresentação teatral - que muitas me aplaudiam, levantavam de suas cadeiras e sorriam com certo orgulho. Idolatravam a peça, o texto e o roteiro, mas de fato, gostavam mesmo da condição fixa de serem apenas a expectadora, sentadas num sofá preto tomando um bom vinho.

De repente, como um portal se abrindo – típico dos desenhos do He-man – este mundo com novas intersecções se mostra para mim; convidativo, altruísta, filantrópico e insólito.

Quatro adjetivos que prefiro soma-los a apenas um: O amor.

Entender o amor não é complicado, saber manejá-lo é que envolve sensibilidade, coragem e bravura para adentrar neste universo cheio de depurações e emoções.

Neste aposento, descubro o corpo de uma mulher; dócil e voraz, passivo e inquieto, pueril e malicioso, que me transmitem sensações intensas e por vezes antagônicas, como a edificante arte de estar vivo.

Neste aposento, eu aceito a potência dos meus sentimentos sem embargar os meus medos e receios. 

Aceito a ventania de pé e me permito à cegueira momentânea de encarar tais reviravoltas de frente.

A minha quadra se enquadra, meu mundo se unificou ao dela feito o início do Planeta Escola que habito – e o que é melhor – neste aposento – não guardo mais incoerências no criado mudo e as neutralidades pretéritas do mundo que abandonei não me fazem mais sentido.

Os que viviam o mundo que eu vivia podem até nos chamar de exagerados ou de incompreendidos, mas em nosso mundo, a covardia, a competição e o egoísmo não possuem visto, aqui só entra o que promove o riso.

Simples, assim.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A miopia pelo fim


Como é difícil entender uma rejeição. Pior que uma demissão, um óbito, uma mudança de bairro, a perda do cachorro.

Os rejeitados se transformam em seres irracionais diante de um simples vácuo: Um whatsapp não respondido, um inbox ignorado, uma ligação não atendida.

Custam a compreender que a negação é a hipoteca de um futuro, nunca a custódia permanente de um possível recomeço.

Transmutam entre o desejo carnal ao ódio moral em questão de segundos – depois – passada a vertigem – confabulam uma nova investida.

A rejeição não é um segredo disfarçado de fim, é o fim materializado diante de olhos que persistem pela miopia, a miopia do desprezo.

Mas – não deixando seu desespero se viciar pelo inalcançável – é compreensível.

Em que parte – distante da realidade atualizada – foi perdida as frases únicas, a linguagem personalizada, o jeito de beijar e de abraçar?

Mas, antes de qualquer parte indagativa e reclamatória, entra a mais viril, sorrateira e ardilosa das mutualidades humanas: O Ego.

O Ego, disfarçado diabolicamente de perguntas que o rejeitado faz a si mesmo:

Por que? O que foi que eu fiz? O que aconteceu? Por que ela acha que eu errei?

A insegurança da perda nos questiona de forma extenuante dentro de um tempo consideravelmente curto: esse drama não necessita de continuidade, ás vezes basta um encontro, uma trepada, um beijo na boca para o sentimento irrecusável da perda se transformar em desespero, carência afetiva e inaceitação.

O desespero dramático/mexicano de não ter mais notícias da pessoa de um dia para o outro nos aponta para um dado de realidade:

Desde que o desesperado não seja alimentado pelo “suposto esperado”, um open bar de vergonha na cara seria uma ótima programação para você encher a cara, tomar todas e acordar com a ressaca do amor próprio dividindo o edredom com você.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Catarina sem coração. Tinder sem depressão.


Cansada de encher a cara todos os finais de semana... De Neutrogena e Hipoglós. Catarina se aventurou no submundo-ninfo-tecnológico do Tinder...

Achou que seria amada, mas hoje se contenta em ser comida, o que lhe causava uma pseudo redenção emocional.

Antes de se endemoniar pelo aplicativo, se surpreendeu com a sua vaidade exacerbada e foi comida (não como gostaria) pelo seu ilustre ego – agora – de saco cheio de canalizar seus desejos em seu salto 15, debutou em seu primeiro encontro virtual de rasteirinhas - que – metaforicamente – lhe assegurava em evitar tropeços para “cair na real”.

Abdicou-se dos quilômetros de fala para ser a ouvinte (tarefa quase que transcendental para uma fêmea formada em publicidade, hoje, escritora solitária).

Mas foi precavida de previsões; não se assanhou no decote, tampouco fez questão do make na cara. Encontrinho as escuras merece gente às claras; sem escova, sem saia e sem batom mesmo.

Catarina foi ao encontro como se estivesse indo à padaria às 7h da manhã de um sábado chuvoso, azar do postulante a sua vagina que – no afã de achar que estava abafando – foi todo “paquitinho” ao encontro.

Mas era um paquito com cara de galã de rodoviária; barba por fazer, cabelo repicado, olhar de vagabundo nato (estilo Javier Bardem de ser).

De súbito, Catarina levanta o indicador e pede uma caipirinha de saquê ao garçom.

Enquanto Catarina ansiava por beijos lascivos e mãos abusadas brincando debaixo da mesa do bar, “Javier” exibia uma estratégia um tanto que exótica para estes tipos de abordagem; falou da Tia que mora em Conchal, reclamou do ar seco, orgulhou-se das suas coleções oitentistas e falou até da porra do pré-sal.

O rapaz estava tentado pavimentar o caminho para a cama, mas Catarina queria que ele passasse o rolo compressor nela sem muitos rodeios, afinal de contas, pra que o cara quer pegar balsa se podemos ir de avião?

Sua pressa em se sentir necessária trazia uma voz inaudível para o rapaz. Era o seu maldito desespero questionando o cenário: “Ele quer fazer sexo ou quer uma porra de uma terapeuta?”.

Em meio aos seus devaneios chamou o garçom e alterou o pedido: "Quero um suco de abacaxi com hortelã."

“Javier”, tentando ser o sedutor poético acanhou-se com a troca repentina de pedido e freou o acesso a dose de Whisky. Pensou consigo mesmo: "Sexo por sexo eu teria saído com a Babi, que tem 23 anos e adorava trocar fotinhas sórdidas pelo Whatsapp."

Beijos ceifaram as falas do rapaz, entretanto, Catarina, principiante da vida notívaga, havia acordado muito cedo e tido insônia na noite anterior, bocejou.

Bocejar num primeiro encontro é mais contraceptivo que calcinha bege ou bojo no sutiã. Desculpas foram postas a mesa:

A ironia é super indicada nessas horas de afronta moral: “Noto que o suco de abacaxi com hortelã te deu sono, vamos embora?”.

Catarina, sem entender a derrapada, vestiu-se de seu ego e aceitou o convite.

Mais uma noite dormindo na transversal da cama, só para ocupar um espaço imaginário de um companheiro.

Se cabe uma moral da história: Na próxima vez, vá de salto, é mais confiável que uma rasteirinha.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Moça, me responda: o que você faz no Tinder?


As desculpas sempre são maiores que os acontecimentos. Catarina deixou de ser donzela em período integral e decidiu seguir o coelho branco.

Ao encontrar o pingente vermelho em forma de chama reluzente, viu ali a oportunidade bater-lhe a ponta dos dedos, geralmente do indicador.

Imaginou encontros pomposos em restaurantes com guardanapos de linho. Imaginou-se também se aposentando da balada (aquela espécie de ambiente teatral notívago que engrandece o ego e potencializa as olheiras).

Imaginou também que todos os subterfúgios que permeavam aquele ambiente repleto de gente carente sairiam de cena (e do bolso também); gastos excessivos com estacionamento, gastos desnecessários com substâncias etílicas que a lubrificavam socialmente, fora os agregados: maquiagem, roupa, scarpins, manicure, pedicure, podólogo, cabeleireiro.

A propósito, toda essa produção para ficar 5 horas ou menos suando diante de um lugar abarrotado e com pouca luz. Compensaria muito mais se fosse para prestigiar a entrega do Oscar, por exemplo.

Enfim...

Entrou no Tinder!

Como toda expectativa gera uma frustração, com Catarina não foi diferente. Sua expectativa a engoliu como a pintura de Francisco de Goya, isso porque a moça tratou de selecionar demais o seu próprio cardápio, uma expectativa de 1.80 (ou mais), que morasse próximo a ela, que tivesse uma carreira profissional resolvida e que não a imaginasse sem calcinha logo no primeiro encontro.

E mais: Que fosse esteticamente bem cuidado. Socialmente bem relacionado e que respondesse positivamente a todas as suas necessidades, todas.

Catarina foi além, além da zona desconhecida das suas projeções em formato de sombras avidamente alimentada pelo seu alter ego.

Tentou uma... Duas... Três vezes e pronto, descambou para o “simulado dissimulado” que todo ser humano inseguro adora por em prática.

- Rejeita por antecipação, tipo adulto adivinhando o que a criança quer, pura dedução baseada na sorte.

- Não deixa espaço para explicações, vai logo tratando de julgá-lo por traumas oriundos de outras frustrações amorosas.

- De aplicativo das probabilidades para achismo das possibilidades matemáticas:

Foto só de rosto significa que é gordo. Poucas fotos significa que é feio. Fotos com amigas é mulherengo, perfil sem propósitos significa falta de inteligência. Fotos na academia é narcisista. Fotos com óculos de sol é um feinho tentando ser atraente.

Tudo bem tudo bem, salvo algumas bizarrices existentes, eu te pergunto: E a foto que você tem na frente da Torre Eiffel? E as fotos de biquíni? E as fotos em preto e branco?

Quando as desculpas são maiores que os acontecimentos, não será um “match” que te fará subir a um altar, mas serão alguns critérios e julgamentos que te farão comer pipoca vendo telecine num sábado à noite.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Síndrome de Estocolmo



Diante da realidade e da simbologia que permeiam minha vida momentaneamente solitária, eu tento entender a lacuna que se passa dentro de mim e o que distancia o Mundo Real do Mundo Ideal.

Horas tento tomar contato com o buraco negro que se alojou dentro de mim, horas digo oras, não vou fazer nada pra isso, se ele está lá, deixe estar.

Defendo – com lascívia e engajamento - a prática do permitir, mas noto que muitas vezes é mais um discurso em forma de uma catarse do que um posicionamento em busca de seguidoras.

Sim, eu disse seguidoras.

É muito mais fácil tomar contato com o ego por meio de seguidoras, do que de seguidores insensíveis que ainda perdem preciosas duas horas de seu tempo vendo homens correndo atrás de uma bola.

Quer saber o que se passa na mente de um homem que ainda se encanta na sessão de detergentes e de produtos de limpeza do mercado?

Há um passado em nosso presente, um conjunto de vivências que nos fazem dizer muito mais “sim” do que “não”... Em tempo: Isso não é um elogio, ok? Leve em consideração que um sim nem sempre esboça sorrisos e um não nem sempre borra maquiagens.

Homens solteiros que não sabem dizer não tomam contato com uma ideologia semelhante à Síndrome de Estocolmo, a conivência com o agressor.

Homens solteiros que não pensam em dizer não porque o “não” não os compraz, não os levam a lugar algum. Não há desventuras, não há intersecções, não há desafios para quem sempre diz sim.

Esse complexo mecanismo de funcionamento gera muito mais energia  se o rapaz morar num sobrado.

Se cabe um #nãoficadica, morar num duplex é conviver distintivamente com a discórdia e a concórdia. Não há encontros entre a morte e a vida e, embora possa ser um local pequeno, não há esbarrões nem na sala, nem no elevador.

Enquanto a intuição está na sala, confabulando mais uma aventura, o instinto está no quarto, distraindo o ego com mais um desenho oitentista.

A conivência não predomina em nada, nem mesmo quando a intuição se sobrepuja ao instinto, tipo criança quando perde a partida de futebol na escola, vai embora no ônibus sem olhar para o amigo.

Entretanto, existe a presença de sentimentos hostis com muito respeito e esportividade, não há espaço para debates, o debate aqui é moral e convive no silêncio de uma casa recém reformada.

Engana-se porém, quem pensa que respeito e maturidade caminham juntos neste cenário dúbio e prolixo. Sobra impulsividade e falta maturidade emocional para ambos.

E quando não há uma conclusão, quando os sistemas se dividem pela metade ou, melhor dizendo, quando nada se enquadra na própria quadra, o Whisky entra em cena e estabelece a paz... Temporariamente.

Porque o sim provisório ás vezes é mais encantador que um não a prestação.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O cheiro bom da vida


Tudo é diferente, entusiasta, estupendo.

É como abrir os olhos num imenso corredor de guloseimas deliciosas, ou mesmo a paisagem pacificadora de uma linda casa no pico de uma montanha.

A gente espreguiça reclamando de alguma coisa, ou pensando nas tarefas chatas, mas isso não cabe a este dia.

A gente estica os braços e pernas e os lábios se esticam juntos, graciosamente, coreograficamente, esboçando um sorriso leve de uma certeza quase incerta de bem estar.

A gente abre o armário como se estivesse abrindo uma carta de uma pessoa estimada. A gente se abre pra vida feita aquela janela teimosa que nunca se fecha, mesmo quando não há vento.

A gente disfarça por amor, e se revela espontaneamente em gestos.

Tropeçamos diante de tantas atrações, de tantos entretenimentos, convites, propostas (noturnas, diurnas, mais noturnas).

A gente se permite, e o medo a gente enfia no cativeiro.

A gente não esbafora, a gente suspira. A gente não se encara no espelho, a gente se flerta.

O andar é diferente, confiante, seguro, consistente. A fala é altruísta, indulgente, solícita.

É o dia sagrado da gentileza, e como tal, não cabe o mau humor. A procrastinação, os resmungos e a insatisfação migram para os Galápagos, convivendo entre os dragões e os répteis de lá, muito embora trombemos com alguns pelo caminho, a gente se torna imune ao seu odor neste dia.

Uma espécie de repelente nos torna invisível perante os que não sentem a energia mágica e por vezes anestésica desse dia.

Nosso olfato capta as melhores essências; o aroma convidativo do café, o cheirinho de campo da torrada, o cheiro do carro limpo, o cheiro de um abraço... O cheiro do sol.

Respirar numa sexta feira não é precisar de ar, é fazer uma nebulização com a alma.

Uma ótima sexta-feira, amigos aromáticos!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Uma quinta de primeira



Quinta-feira, eu, você e minhas provocações distraindo a sua concentração no filme do Tarantino.

Quinta-feira, porque bondade não é ingenuidade; uma coisa é malícia, outra coisa é maldade.

Quinta-feira, dia de se deixar em paz, porque é o penúltimo dia do ócio e um dia antes do ofício, sexta-feira, sem eira nem beira, uns de coleira, outros na bandalheira.

Quinta-feira, dia sagrado da ausência de postergação; se tiver que apostar, arrisque, se tiver que tocar a campainha com uma garrafa de Sauvignon na mão, toque e se jogue em puxões de cabelos e arranhões antes mesmo de adentrar na sala.

Se não houver atrevimento, não é quinta-feira, volte 3 casas e permaneça na segunda-feira.

Quinta-feira, dia nacional dos amores incertos, mas que, lá no fundo (no fundo da garrafa de Sauvignon) você bem que desejaria que fosse o certo.

Enviou dezenas de mensagens para o destino, mas, como ele é uma criança endiabrada, trouxe este para você aprender a saborear a vida sem precisar se preencher em outros frascos.

Quinta-feira, dia que antecede a tão ludibriosa sexta-feira, por sinal, se fôssemos reparticionar os dias da semana em nosso cérebro, ela, sem dúvida ficaria com o ego; capciosa, petulante, arrogante, cheia de si... Mas a gente, que não é dessa gente, preferimos a quinta-feira, esta sim não depende de ninguém, nem da quarta, nem da pretensa sexta.

Entretanto, e neste texto cabe um tanto, há de se respeitar a 3ª Lei de Newton (ação e reação), a quinta-feira depende da sua inércia ou da sua tenacidade em vivê-la na adrenalina ou na passividade de um filme da sessão da tarde, porém, como a sessão da tarde passa todos os dias (de segunda a sexta), nosso alto astral ainda prefere o inigualável sábado.


O sábado ainda nos oferta a sensação de sair de uma cabine com uma capa vermelha e um “S” no peito, vai entender...

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Basta!


Existe uma fase da vida que a gente deixa de ser aquela silhueta projetada em pessoas para virarmos realidade. É o momento de evitar o sofrimento do calendário, imaginando as razões que te levaram a não estar mais com o passado.

É o rompimento do cordão umbilical com certas satisfações que você tem que dar a certos compromissos, uma espécie de queda livre de um Bungee Jump (sem corda), sentindo o vento na cara.

É a fase do namoro consigo mesmo, de se olhar no espelho e se orgulhar do que é, ou encarar os defeitos, apontar as fobias, sentimentais (ou não) e seguir adiante sem ter que mudar por conta de algo ou alguém.

É sentir uma saudade nostálgica num sábado à noite. É se indagar sobre o que nos leva a ficar lendo um livro num sábado à noite ou libertar a imaginação ao pensar em nossa jornada até aqui... Num sábado à noite.

Sem arrependimentos. Sem ressentimentos. Sem boicote. Sem sabotagem. A gente se convida a participar da nossa vida.

Para muitos isso se rotularia em desapego, para mim, reconstrução individual.

O desapego não é a chave da felicidade, aliás, não existe chave para isso ou para aquilo, as pessoas atribuem a esperança pela felicidade, como sendo um sentido primordial de vivência, de barganha, de escambo e, quando as coisas não vão bem, fogem da realidade sem tomar contato com a mesma.

E como fogem dessa vida? Procurando outra vida. Esse é o grande equívoco que cometem; repassar a nossa vida para uma outra administrar; projeções, expectativas, devoção, entrega, álbuns precoces no Facebook. Divulgamos o pretenso relacionamento como se estivéssemos vendendo uma ideia de exato, de correto, de bem maior.

Viemos com a ideia de que pra ser feliz é preciso ter alguém para preencher tudo que está repleto de vazio dentro de nós, repassamos a nossa sombra adiante e esquecemos que essa encarnação é única, intransponível e valiosa demais para arrendarmos para outrem.

O fato é que todos nós (implacavelmente) já servimos e já fizemos alguém de muleta emocional; ninguém escapa de um discurso bem arquitetado, ou de uma persuasão egoísta bem camuflada. É por isso que a frase de Oscar Wilde nos afugenta tão bem: “Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, muita sinceridade é absolutamente fatal.”

Revogo-me ao direito de ter um período sabático e entender que ausentar-se do valor inestimável que é fazer alguém feliz é temporário, como estar triste ou estar alegre.

Enfim, estar só é correr riscos, mas nos convidar ao autoconhecimento é algo digno de um apaixonado pela vida, pela própria vida.

O apaixonado jamais adia o encontro, e eu precisei me atrasar para entender isso.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Terapia gratuita


Uma vez que eu tenha a convicção de que não caí na terra por descuido, por sua vez, devo aproveitar a estada até que uma nave mãe me resgate de volta para uma nova erraticidade.

O que isso não quer dizer que eu tenha que aproveitar fazendo tudo, as pessoas custam a decodificar essa relação de aproveitar tudo aproveitando o nada.

Repense:

Estamos aqui pela terapia gratuita; seja pelos exemplos de humanidade, seja pelos corações anestesiados, seja pela perseverança de um mundo melhor, de uma vida mais adocicada...   Seja pelas vezes em que ficamos no vácuo a espera pelo ponto final das nossas interrogações.

Aí está a deficiência do populismo moderno: reivindicar resposta pra todo tipo de pergunta. 

Pensamento global, atuação local.

Muitos sorrisos ficam sem retorno, muitos abraços perdem os laços. Temos solução para todo tipo de lágrima, para todo o tipo de rejeição, e aí está o grande barato em viver: A vida pra ser vivida não precisa de respostas, e sim de mistérios.


Gosto de ser a Esfinge, as pedras de Stonehenge, a caixa de Pandora, a caixa de Jinx, menos uma caixa preta, indecifrável, pero no mucho... Aliás, decifra-me ou te devoro é uma frase que deveria ser revista diante deste mundo canibalista, to me esforçando pra ser vegetariano, mas tá fox.

E sem malas prontas eu optei por viver assim. Aterrissei, assentei-me diante do agito atemporal dos temporais humanos. Se crio um furacão em consequência da minha inconsequência, arrumo um jeito de viver no porão. Antes de ser do mundo, eu preciso ser regional, fiz o contrário e agora me convido ao renascimento.

Estou indo atrás de mim porque há muito só fugia, fruto de anos brincando de esconde-esconde, hoje quero brincar de pega-pega.

Certo? Errado? Inapropriado? Não existe certo ou errado, existe culhões. Quanto ao inapropriado, este é uma estrada de mão dupla com acostamento e retorno.

Sabe aquele moleque mimado que não deixa sequer um Playmobil na casa do amigo? Tô assim, não quero me emprestar, to afim de me dividir entre meus devaneios e buscar a soma pelo monólogo temporário, uma espécie de auto psicografia.

Se estou me preparando para exterminar zumbis eu não sei, o que sei é que não preciso mais chamar os Caça-Fantasmas para exterminar meus medos, hoje, faço meu medo ter medo do próprio medo.

No final, a gente atravessa a ponte, para no pedágio, volta algumas casas, gira a roleta e prossegue no jogo da vida, em busca sabe-se lá do que, talvez da efêmera e transitória felicidade.

E por falar na cobiça lendária de todos os seres, como um legítimo aficionado por crases, eu recito Freud: “A felicidade é um problema individual, aqui, nenhum conselho é válido, cada um deve procurar por si, tornar-se feliz”.