Crônicas

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dormir junto é parcelar o amor


Acordar num sábado com quem fez a gente passar noites em claro antes da conquista é algo indescritivelmente belo. Acordar num domingo preguiçoso e sem epitáfios sociais ao lado de quem - agora - nos faz ficar acordado por contemplação é esplêndido.

Mas acordar juntos sempre que possível é a idealização de uma eternidade desejada.

No lugar da modernidade de se acordar em casas separadas, eu defendo o sorriso estampado ao ver um lindo café da manhã montado à mesa.

Raciocina comigo: Dormir juntos todos os dias é parcelar o amor em inesquecíveis e efusivas prestações.

Dormir juntos de domingo para segunda-feira é diagnosticar a felicidade pelas palavras de afeto e pelos desejos de bem querer durante a semana que se inicia.

Dormir juntos durante a semana é dar alforria ao sacramento de que todo amor só germina e floresce aos finais de semana. É aniquilar o sentimento de saudade de imediato, sem rodeios, e sim, com rodopios pela cama e sorrisos matinais com irreverência e bom humor.

Não dormimos de conchinha, entretanto, entrelaçamos os nossos pés como se ambos conversassem uma língua confidencial.

Enquanto eu me mexo dormindo, ela se remexe em meus sonhos.

Enquanto eu a abraço com minhas pernas, ela se entrelaça com seus braços.

Enquanto ela dorme sorrindo, eu acordo feliz.

Enquanto ela passa seus cremes aromatizados, eu arrumo a cama.

Enquanto ela sorri pela mesa de café feito por mim, eu a ponho em meus braços beijo sua testa e agradeço por mais um dia de convivência.

Para nós, amar não é sobrevivência diante da rotina, e sim preservação da rotina pela vivência, porque a rotina para quem dorme junto é sempre uma novidade.

Em nosso mundo todos os ambientes são quartos, mas é no quarto dos quartos que nos amamos por inteiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário