Crônicas

domingo, 30 de dezembro de 2012

Eu me viro bem



Eu me viro bem nos dias em que o isolamento social não me oferece nada que enalteça a minha intelectualidade... Ou que me faça vibrar por algo inédito.


E olha que me contento com a simplicidade das coisas, indenizando o meu bom gosto, óbvio.

O que duplica a minha sensibilidade é a lassidão:

- O tédio que te impede de sair porque a água que cai lá fora restringe tuas opções e castra a tua criatividade.

- Você nota que o marasmo é um isolamento não térmico porque tudo que poderia ter uma ênfase calorosa sucumbe ao pragmatismo gélido da falta do que fazer.

- O Facebook vira Orkut.

- O celular brinca de vaca amarela.

- Os lugares sintetizam apenas a formulação de uma construção civil (cal, areia, cimento, tinta) se você não está bem acompanhado, ou pelo menos com quem você desejaria estar.

Mas aí você lembra que pra consertar a vida é preciso se apossar daquele faniquito que não te deixa descansar (vulgo desespero). Você levanta de sobressalto, liga o som no talo e começa a farejar algo pra fazer...

Vale arrumar o mau contato da TV a cabo. Vale organizar a prateleira de DVDs. Vale arrumar o armário da escada que não vê tua cara há anos. Vale montar um setlist maneiro no Itunes. Vale sair de moto curtindo o vento na cara se aquecendo da memória decorrente dos últimos dias em que você passou com a tua pessoa especial antes dela viajar...

Enfim, vale absolutamente tudo. Até se recuperar mentalmente de um resfriado e decidir correr a prova da São Silvestre mesmo sem treinar.

O importante é inovar!

São poucas horas até chegar a tão cobiçada virada do nosso calendário. Em breve tudo retoma o seu ciclo: A chuva pára, o sol volta, o Facebook volta a ser nosso divã, a amada retorna ofertando sorrisos de saudades e você se introspecta durante alguns minutos dialogando com a sua voz interna e pensa consigo mesmo:

Valeu a pena se decompor na solidão e se banhar em seu autoconhecimento para recompor a distância de tudo e de todos de forma mais revigorada e mais planejada.

A solidão é uma fiel e prazerosa confidente, desde que você ensine à ela o momento certo de levantar da mesa, botar a xícara de chá dentro da pia, pegar o guarda chuva e se despedir.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A espreita desse trem



Nada - absolutamente nada - permanece intacto diante da correria do tempo. Por isso é fundamental ter braços fortes e mãos sedentas de vontade para agarrar todas as oportunidades enriquecedoras da vida...

A vida (assim como o amor) é um trem descarrilhado; Basta agachar pra amarrar o cadarço e já era.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tuas palavras facilitam-me o andar


Tuas palavras calçam minha segurança e sustentam a sola dos meus pés nos tempos mais áridos. Sinto um “poder levitacional” mesmo quando avisto um terreno movediço...


Elas remontam os tempos da pedra e, assim como os paralelepípedos, formulam tortuosamente o meu caminho...

Tortuosamente? Sim, a perfeição cansa. Ela é uma contradição em salto alto!

Em tuas palavras não sofro por teorias ou achismos – sofro - ás vezes, na tentativa de emancipar um elogio por algo óbvio, mas, assim como as ruas que tuas palavras pavimentam, não posso prever a sua topografia; sigo em frente.

Dentro da minha escala de valores, penso que:

Na geografia funcional: uma distância de 10km. Na Astrologia: Distância que mede um astro (ela, obviamente) à eclíptica (ás vezes sofro alguns apagões) e na confabulação dos sentimentos; distância entre ser exagerado e ponderado.

Latitude, amplitude, atitude. Simples, não?

Em tuas expressões faciais eu me apanho em constante estudo, mas jamais deixo essa ciência de lado em prol de um sistema adivinhatório, porque aprendi que hipotetizar os aborrecimentos traz mais constrangimentos ainda. Pura verbete gramatical.

Tuas palavras cumprimentam sentimentos que antes nem se falavam, hoje, participam até de happy hour.

Tuas palavras saem dos meus ouvidos e se transformam em uma força motriz. Impressionante o quão se torna mágico um dia com tuas palavras: O trânsito flui, o calor não me irrita, a chuva não me descontrola, os aborrecimentos não drenam minha energia, enfim, minha espiritualidade agradece!

Tuas palavras, em qualquer tonalidade ou desinência me dão o aporte necessário para manter a sua presença, mesmo estando ausente.

Isso é mágica?

Não.

É a volta constante do arrebate do primeiro encontro. Este é o segredo para a minha rotina: Ela é uma novidade a cada dia!