Crônicas

terça-feira, 31 de maio de 2011

O foco da foca


A foca e sua impetuosa vontade de viver. Para a foca, a terminologia “a união faz a força” é praticamente um princípio universal... Juntas, as focas conseguem o que individualmente jamais alcançariam: a sobrevivência.

Porém, como toda cadeia operacional e organizacional, existem falhas. Focas não nadam em grupos, o que facilita seu próprio óbito perante os grandes tubarões brancos... É aí que as focas perdem o foco.

Alguém já viu a foto de uma foca perdendo o foco? É triste!

Com aproximadamente seis meses de vida, o filhote de uma foca já consegue nadar com suas próprias pernas, ooops, com suas próprias nadadeiras... Concentração, determinação, objetividade e?

Foco!

Por isso eu prefiro as focas que as baleias, por exemplo.

As focas usam sua gordura como isolante térmico se protegendo do frio, ao contrário da baleia, ou de certas baleias, que transformam sua banha em exorbitante estético, saindo pra night com nano saias e nano tops... Não deveriam exibir sua graciosidade no Epcot Center?

Como diziam os Mamonas Assassinas: “No mundo animal “ixeste” muita putaria”.

Enquanto eu me debruço nas asas supersônicas da minha imaginação, as focas estão lá, dominando os oceanos com seus nados desengonçados e cheios de duplos-twist carpados aquáticos... Verdadeiras bailarinas do mar!

Apesar disso, as focas são autênticos mamíferos “low profile”!

Você já conversou sobre alguma foca com alguém? Experimente! Faça isso nos almoços superficiais da empresa pela qual você “nada nada” e morre sempre na praia... Puxe assunto com uma gata na balada falando de uma foca qualquer... Só não ouse falar sobre focas tomando todas, será a mesma coisa que encher a boca de Rufles e falar Fandangos...

Assunto focas: Metodologias sobre uma baboseira de um dia gélido e com cara de feriado.

Será que Deus não poderia nos transformar em focas? Ou ao menos transformar nossa selva de pedra em: rochedos/ bancos de areia/ zonas marítimas?

A única foca que toma chuva são as focas que focam em uma bolinha para fazer com que um bando de bípede imbecil aplauda a façanha de pé... Qual a graça em fazer graça com uma foca? O único lugar que Circo tem Ibope é no desenho do Pica-Pau.

Bom, não quero ser uma foca suburbana que vive miseravelmente à custa dos humanos... Quero ser uma foca independente, vivendo ao livre com minha colônia e de vez em quando sendo fotografada pelas lentes do Discovery Channel, afinal de contas, toda foca precisa de um pouco de popularidade vai?

Foca que se preza não dispensa um holofote!




Moral da história: As focas são desocupadas, mas você não! Volte ao trabalho!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Singularidade atípica


Ao mesmo tempo em que me encanto me assusto!

Desequilíbrio natural da gangorra chamada vida.

Entretanto, decidida a dar mais uma chance para mim mesma e para a minha possível felicidade (sim, possível porque ele a transformava em concreta, palpável)... Eu resolvi (provisoriamente) retroceder em minhas defesas... Ultimamente, o destino anda me dando enjôo.

(Ela nutria um insolente desprezo pelo amor)

Solidariedade comigo mesma ou singularidade com o que vejo diante dos meus olhos?

Os dois!

Nós mulheres temos essa noção de singularidade humana como ninguém, porque somos humanamente humanas, porque somos humanamente sensíveis, porque somos humanamente perceptivas e porque somos humanamente intuitivas.

Somos (ás vezes) desequilibradas em nosso equilíbrio, mas jamais insensatas em nossa sensatez.

As mentiras me deixaram mais fria. Hoje entro em um relacionamento como se fosse participar de um Reality Show. Todo cuidado é pouco!

Mas o jeito desprendido dele começava a me intrigar. Ele ia devagar demais para os dias de hoje, sabe? Uma passividade dúbia: Ou ele não apressava o momento porque tem mais de uma no “setlist” ou ele realmente se interessou e quer me cativar pausadamente.

Como vou saber? To ansiosa pra desvendar essa trama, porém, continuo dentro da minha concha!

Será que ele vai me tirar dessa vida on line de msns, facebooks e twitters e construir ao lado dele um Blog repleto de histórias interessantes e contos inebriantes?

Esse meu lado B me mata um dia, isso, ele mesmo, o lado bipolar: Dispenso uma fila de espera, mas no fundo vivo a esperar um romance em tela cheia. (High Definition de preferência).

Engraçado, nossa capacidade de elevar nossos pensamentos é extremamente admirável. Enquanto enfrentamos um engarrafamento colossal nas avenidas de São Paulo, ainda conseguimos falar ao celular e pensar em como será o jantar de hoje à noite...

Assim somos nós, mulheres; esse aglomerado de hormônios, essa combustão de sentimentos e essa fusão de intuições...

E por falar em jantar, a “pauta” do assunto acabou de me mandar uma mensagem de texto pedindo para eu descer...

Mas já?

Eu mal comecei a escova...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sessão obsessão: Sentimento homicida


A saudade pode até ser classificada de mitológica, filosófica, assintomática, sentimental e até neurótica, não importa! Mas sem dúvida alguma deveria estar classificada entre as dores mais “maleditas” do mundo.

É bem pior, ou melhor, muito pior que enfiar o dedinho do pé na ponta da porta antes de acender a luz. Bem mais dolorido que morder a língua na pressa de comer! Bem mais irritante que dar com a cabeça na quina da janela e bem mais sofrida que as enxaquecas pós-ressaca!

Tão irritante quanto prisão de ventre, a dor de uma saudade só deve ser igualada a dor de um pé no traseiro, porque intrinsecamente você sentirá saudade após levar o “kick”... Isso pertence a nossa natureza humana e resgatam os primórdios da humanidade; aquele papo de terapia que você tem toda quarta feira sabe?

Enfim, Para surgir os primeiros sintomas da saudade basta o coração assumir o controle do speech, veja a seguir:

Com a saudade é possível imaginar um conto de fadas onde você é o super herói da cena.

Imagine um monte de bichinhos carnívoros (os saudadinhos), querendo avidamente seu coração, tentando sugar suas energias e você lá, jogando raios de otimismo e perseverança pra cima dos saudadinhos. Um esforço em vão! Não resolve lutar contra!

Imagine outra situação.

Você, num combate intelectual, tentando incansavelmente disfarçar o tempo, enganando os comandos do cérebro com pensamentos do tipo “esqueça ela, esqueça ela, esqueça ela!!!!”. Após extenuantes e demorados 2 minutos uma voz interior rebate: “Não consigo, não consigo, não consigo!!!!”

Avanço e recuo:

Veja a medicina forense: já avançaram em pontos que antes eram inalcançáveis pelo homem: transplantes de células tronco, cirurgias a lazer e plásticas de rápida recuperação, enfim, inúmeras soluções de infindáveis doenças, menos a cura da saudade!

E o que falar então sobre os avanços da aviação? Com seus projéteis invisíveis com velocidades supersônicas, alguns até param em pleno ar (vi isso no Discovery Channel).

E a Ufologia? Que a cada semestre desvenda um mistério intergaláctico, seja com os buracos negros ou com a descoberta de uma nova galáxia...

O mundo evoluiu para patamares superiores! A humanidade se desenvolve rapidamente, mas e a porra da cura da saudade, cadê?

Até a tecnologia avançou! Claro, em prol da porra da saudade. Porque hoje em dia você abre 20 vezes sua caixa de emails, na esperança de encontrar um recadinho da amada e só se depara com spams e mais spams.

Você entra e sai do Facebook e do MSN só pra ver o rostinho dela, ou pra xeretar se algum atrevido deixou algum recado para ela.

Você transpira MSN, na expectativa de ver o nome dela subindo ao lado direito do monitor (será que ela vai me notar aqui?).

A telefonia celular não fica atrás e presta sua cumplicidade maligna em benefício da “diabólica” saudade (já disse muita “porra”). Já analisou em quantidades o número de vezes que você abre o celular só pra ver se tem alguma mensagem dela? A obsessão é tanta que sua a vontade já não escolhe mais local de exposição: Abre o celular quando acorda na pia do banheiro, no café da manhã, no trânsito, na fila do banco, em meio a uma reunião... No banheiro.

O celular é aberto até mesmo sem ele ter tocado. O coração se sacia e a razão se envergonha! Pelo amor de Deus!

Eis um apelo! Estrategistas marqueteiros e publicitários de plantão: É preciso se unir com força máxima para derrotar o Ibope dessa tal saudade!!! Vamos derrubar essa candidatura que não se cansa de destruir milhares e milhares de corações pelo mundo afora.

Existe site de relacionamento com esse nome, nome de Motel (deve ter, sei lá), de pousada, de Rádio FM, de cartão virtual. Até em frase de caminhão essa megera está inserida, como pode ter tanto poder instituído em um só nome?

A única coisa que irrita mais que sentir saudade é ouvir palpite dos amigos. Em tempo: “Se conselho fosse bom...”

Esse sentimento te transforma em locutor, não em ouvinte. Falar, falar e falar, como se o desabafo fosse fazer algum milagre. Francamente não faz mágica, mas a sensação de alívio refresca e ludibria o coração e a mente, afinal de contas, pra que sentir saudade se a pauta é a causa da saudade?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pé na bunda de quem dá no pé


Pé na bunda deveria ter o seu exercício sob os regimes do CLT, ou seja, quem entra com a bunda deveria ter seus 40% de investimento ressarcido. Haveria mais cautela e mais reflexão, afinal de contas, não é justo sair com uma mão na frente e a outra atrás (na bunda) obviamente.

E o teu desempenho diário na manutenção desse relacionamento enquanto que a devoção do lado de lá era feita a conta gotas?

E todo investimento feito por você durante meses e até anos enquanto recebia uma sensibilidade do tamanho de uma lata de atum?

Isso sem contar a sua inesgotável tolerância em suportar o mala do irmão dela (ou dele) fazendo piadinhas momentâneas de você nas reuniões atemporais de família.

E os sapos que você engoliu? Daria pra constituir uma lagoa do tamanho do estado da Flórida.

Por isso eu digo:

Natureza contratual para um amor banal!

É digno dizer que muitos já estariam com sua estabilidade financeira satisfatoriamente assegurada, e que outros, na contramão desse processo, estariam praticamente entrando em concordata, mas uma coisa é certa em afirmar: Quem entra com a bunda não tem fundo de garantia, mas tem garantia de ir no fundo...

Eu acho extremamente desnecessário e descabido apontar um desertor, mas entendo que a relação entre “consumidor” e “fornecedor” vem sofrendo atavicamente com a falta do pós venda e, convenhamos, existem altas doses de cinismo defender um desfecho emocional como equilibrado e igualitário... Isto no exciste!

Reconstituição escrita (falas gravadas entre um casal moderno)

(mulher chama docemente o marido)
- Mô?
- Sim mô, o que houve paixão da minha vida?
- Preciso te falar uma coisa que tá entalada...
- Então desentala mô!
- Cheguei a conclusão de que não dá mais pra gente dividir o mesmo edredon.
- Quero o divórcio!

(marido, sorridente, rebate de bate pronto)
- Jura mô?
- Nossa!!! A nossa simbiose é mesmo indefectível. Você acredita que ontem ia te falar isso? Aí você pediu pra eu tirar o frango do congelador e quando voltei acabei esquecendo.

Acredite que o Tiririca saiba escrever, mas jamais acredite num papinho desses... Caso contrário, por que chamaria “pé – na - bunda”?

Portanto, e com muito tanto, se você se sente injustiçado por ter agradado tanto por tão pouco tanto e mesmo assim levou a bota, faça um abaixo assinado e encaminhe-o no congresso. Lembre-se: Pra todo fundo sempre há uma emenda!

Aprovado este novo sistema, exija o seu mérito e o seu desempenho de trabalho juntamente ao órgão responsável, e não mandando mil mensagens de texto com pedidos de desculpas e frases humilhantes do tipo “não vivo sem você” ou “volta pra mim”... Se desculpar do que? Você se doou mais que uma ONG. Vai pastar meu!

Não deixe a pessoa que destruiu seus sonhos sair ilesa, vá atrás dos teus direitos!!!

Chega de conselhos mofados pós “pé na bunda”! Chega de choramingar feito filho único! Chega de abandonar seu amor-próprio por conta de quem não te merece!

(Ufa)

Enfim, me pairou uma dúvida: Como será o formato do ressarcimento? Trabalhos comunitários? Doação de cestas básicas?

Bom, agora é com você!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O abacate e o tocador de tuba


A única justificativa que tenho para não ter encontrado um mísero abacate maduro para saciar minha vontade de tomar vitamina de abacate com açúcar mascavo em São Paulo é porque o abacate não tem o glamour que merece...

Não me conformo com o anonimato do abacate em São Paulo, a 3ª maior cidade do mundo, onde corri para 3 grandes mercados e não encontrei o bendito abacate.... Nem duro!

Mas o descaso não reside só em São Paulo, a América Latina não consome abacate como nos países europeus e na América Central... Será que por tal fato os indivíduos dessas regiões são mais evoluídos e adotam a prevenção pra tudo?

Inteligência é afrodisíaco. Abacate também!

É desolador ver o pseudofruto do abacateiro (peguei isso do Wikipédia), sendo jogado no precipício do esquecimento e da ingratidão, assim como o pobre tocador de Tuba.

Se triste é não encontrar um abacate nos mercados de Sampa, mais triste ainda é a vida de um tocador de Tuba.

Me responda:

Com exceção do livro “O tocador de Tuba” de Chico Anísio e da teledramaturgia “Brava Gente” de Lauro César Muniz, onde foi que você se deparou com um solitário tocador de Tuba? É tão raro quanto encontrar torcedor da Portuguesa na rua ou mulher dando passagem no trânsito.

Raridade ou não, os tocadores de Tuba estão lá, com a boca no tubo cilíndrico do instrumento botando o diafragma pra funcionar. Com um adendo importantíssimo: Sem soluçar meu amigo!

Já tocou uma Tuba sem soluçar? Então...

Porém, arrumar emprego numa banda pra tocar Tuba tá tão difícil quanto encontrar abacate maduro em São Paulo. O livro do Chico tá quase de graça... R$9,00 reais...

Antigamente os desafios que um tocador de Tuba convivia eram solucionados medicinalmente; uma dor de dente aqui, uma dor de garganta acolá... Bastava arrancar o dente e a amígdala e pronto: Problema resolvido!

Já vi tocador de Tuba chutando lata porque não pode exercer o seu ofício por conta de uma insistente dor de garganta. Não arrancou as amígdalas, mas o destino arrancou-lhe o seu emprego.

Hoje a inovação é o pior desafio para um tocador de Tuba, assim como o guarda-chuva, o ralador de queijo e o liquidificador, a inovação nunca chega para ele, ou, mais precisamente para a Tuba dele...

Quem sabe se do imenso orifício onde emana a pacata sonorização da Tuba saísse um arco íris, o sol, uma imagem pirofágica ou até mesmo uma pomba, sei lá eu... Talvez os tocadores de Tuba saíssem do anonimato...

Pronto, em um breve parágrafo improvisei a cura para os tocadores de Tuba.

Retomando o tema proposto, alguém está disposto a pensar na solução da minha vontade em tomar uma vitamina de abacate?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Legítima loucura


Einstein defendia que a loucura era o ato de repetir as mesmas ações em busca de resultados diferentes. Eu diferencio os meus resultados através das mesmas ações... Insensatez? Não, loucura!

A loucura e sua face multifacetada:

Dentro da minha loucura, não consigo entender em absolutamente nada o mundo louco que vivo.

Dizer que a loucura de hoje reflete o egoísmo como alicerce é cometer uma injustiça histórica. Ser louco vai muito além disso! Ser louco é não entender a loucura!

Ser louco é não entender o que te prende as pessoas que te fazem algum mal, que te colocam pra baixo ou que vivem te criticando por isso ou aquilo...

Ser louco é não saber exatamente o motivo de estar vivo, mas, de alguma forma, se honrar por isso e tagarelar sozinho pelas encruzilhadas do teu caminho.

Ser louco é não dar chance a outras relações porque você acha que não deu chance suficiente para a relação que você se encontra.

Ser louco é buscar constantemente a aceitação de outras pessoas sem reconhecer que é da própria aceitação que precisamos pra seguir adiante.

Me chamou de louco? Volte cinco casas e fique duas rodadas sem jogar! A sociedade rotula a loucura à medida que as pessoas não vão ao encontro dos seus princípios, afinal de contas, se todos focam os seus princípios como o elemento central da vida, a vida não fica sem vida?

Viver a vida com um padrão protocolar de sanidade não é vida, é prisão. Masmorra!

Se a bajulação é o expediente inicial do puxa saco, a compreensão deveria ser o agente passivo da insanidade...

... Já tentou compreender os motivos que geraram a vida? O bairro que você mora? Ou simplesmente aquele carinho incondicionalmente misterioso que você guarda de alguém que passou pela tua vida o qual não consegue ter 10% desse mesmo carinho com quem te endeusa todo santo dia?

Gostamos do “X” que não tá nem aí pra gente e não ligamos pro “Y” que se oferece inteiramente para nós... Que matemática espiritual confusa que somos nós hein? Isso sim é loucura!

O amor é uma loucura repentina acumulada; É a soma de todos os teus medos, angústias e tormentas... Por isso o amor tem tanta aventura, tanta incerteza e tanta bravura.

Confesso, como um louco confesso, que adoro essa loucura feita de núcleo pastoso, placas tectônicas, oxigênio, camadas rochosas, litosfera, atmosfera, estratosfera e afins... Onde transitam tantos parasitas, cosmopolitas, moscovitas e claro, loucos!

Um brinde a inexatidão das razões do mundo que nos transformam paulatinamente em seres exatos dentro das nossas próprias razões.