Crônicas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Old habits die hard

Meia noite abandono o alvoroço dos aposentos mundanos e me arrasto para meu apartamento. Rompo o silêncio fidedigno dessa atmosfera de trevas e ar rarefeito. O silêncio, porém, era traduzido em uma comunicação inseparável entre a geladeira e a máquina de lavar que agora cochichavam com a televisão que acabei de ligar.

Com a TV ligada interrompo o barulho da geladeira para pegar algo que acompanhe a minha sede e o meu “tour” pelos canais da Sky. Um certo programa me faz relembrar o episódio de hoje:

Me pego em uma profunda hipnose:

"Gosto – ás vezes - de proclamar o meu egoísmo de combinar e não ir, ligar e depois não atender, prometer e não cumprir tudo, entretanto, me confronto entre meus delírios e meus mistérios, entre meus dilemas morais e promíscuos. Não há certo ou errado, não há carência sem pessoas e não há desafios sem segredos.

Sou um segredo desvendado em uma confidência individual; Um misterioso sem ser mentiroso.”

No território da moralidade, sou encarado em diversos graus de desaprovação; desmonto algumas noções, desaponto muitas mulheres e incito o lado corajoso das mesmas: Emboto, inspiro, desafio, provoco, mas, após a conquista; me disperso.

“Ser o que querem eis a questão!”

Ao deitar em meu sofá, minha posição corpórea me remete às sessões de terapia – sempre as quintas feiras – dia propício para me beneficiar das minhas dúvidas e inaugurar as próximas aventuras do fim de semana em uma espécie de “sitcom” norte americana.

Ao deitar em meu sofá, coloco em evidência a interação entre minha imaginação e a minha atuação, o que para um solteiro convicto, isso se intitula: “solidão”.

Solidão - para nós - é o estado amórfico entre a singularidade convicta e as vitórias invictas das manobras elaboradas espontaneamente.

As relações modernas são plásticas. Por que se desiludir com uma pessoa se podemos se iludir com uma zona sul inteira?

“Em algum lugar da zona sul tem alguém totalmente a ver com a minha totalidade.” - Entorpeço a minha esperança por este encontro vivendo uma vida açucaradamente destemperada.

Isso quer dizer que eu sou diferente? Não, isso quer dizer que eu sou incompatível com as projeções precipitadas que fazem de mim. Por que tanta pressa? Pra que anular uma etapa? Qual o sentido de burlar um caminho ou reter um estágio?

O amor não é um trem apressado que desobedece aos sinais de parada. O amor é uma ciência exata:

Equação:

Olhares cruzados com algumas traduções + Frases bem feitas + Elogios neutros + Improvisos x Sala de cinema + Jantares = Beijos e afagos.

Viu? O amor é uma ciência exata. As pessoas que são exatamente inexatas.



Inspired by the motion Picture "Alfie, o sedutor". Sounddtrack by Mick Jagger - Old habits die hard.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vai saber...

Tudo começa mediante uma programação pré-estabelecida por uma razão; um convite de uma amiga, um aniversário do amigo da amiga da vizinha da sua prima, a despedida do amigo de trabalho, a despedida da vida dissoluta da amiga rumo ao casório, enfim...

Vai saber...

Você avalia suas condições hormonais e verifica se a sua integridade física poderá ser ameaçada pelo seu árduo dia de trabalho... Após isso, você chega à sua casa e se entrega a uma deliciosa ducha imaginando como será ela... ... ... A sua noite!

Vai saber...

Ligações realizadas, comunicação estabelecida; bora por essa beleza toda nos holofotes da vida...

O trânsito incomoda, mas você não se entrega. Chega à porta, fila... Sorte: Você encontra aquele amigo que não via há tempos e que só agora sabe que ele literalmente “manda e desmanda” na balada. Pronto, sordidamente você e suas amigas ultrapassam outras retardatárias na fila.

Bolsa na chapelaria, cartão de consumo na calça jeans, vamos mapear o ambiente... Opa! O seu sistema “night vision smart picture” captou uma bela imagem... Você, audaciosa e levemente oferecida, se aproxima da imagem - olhares cruzados e uma mensagem de “deixa pra depois” vinda do seu cérebro informada pela sua vaidade.

Aqui o pecado é fresco, mas a paciência é madura.

Vai saber...

Cotovelos no bar, uma tequila! Risadas entre as amigas, olhares de sim e uma sutil coreografia: Copinho na mão e cabeças inclinadas para cima... Copos batidos no balcão do bar e outro pedido: desce mais uma!

Precisamos beber pra saber... Vai saber!

Ao som daquela música que te faz enlouquecer você cai na pista e segue a risca a sua conquista. Ele, nota sua presença pelo movimento dos seus quadris dançando alucinadamente, gira o pescoço e se aproxima de você...

Passou reto? Certeza?

Vai saber...

Exibicionistas etílicos são os que mais encontramos na balada. Na certa faltou coragem...

Vai saber...

As horas seguiram disciplinadamente com o seu avanço, os olhares não foram mais desejáveis, uma amiga sumiu, a outra passou mal e a bebedeira ocupou a diversão...

É... Os tempos mudaram, a conquista se tornou obsoleta na balada comandada por um bando de machos “serial kissers” que se atrapalham para conversar mais do que 15 minutos com uma lady...

Vai saber...

A tolerância possui enjôos que o próprio Engov desconhece.