Crônicas

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A diferença está na despedida


Permitir e encontrar alguém que lhe permita a sua permissão é dar mais uma chance a esperança.

A esperança confia no improviso; para ela, é possível um último sorriso antes da meia noite e resgatar o contentamento que passou o dia inteiro brincando de “esconde esconde” com a sua expectativa.

Mundo real ou mundo ideal? Nenhum dos dois! A esperança não cria expectativas, ela desenvolve oportunidades e se oportuniza da casualidade, nunca da causalidade.

Analise o esforço do vendedor de sorvete na praia em pleno dia nublado. Analise o maratonista vencendo seus desafios com outros tantos melhores que ele. Analise a dedicação das formigas levando dias para construir o seu formigueiro e uma bola mal chutada por um pai com seu filho desmoronando todo um trabalho? E o comerciante em janeiro, vivendo de trocas e mais trocas?

Eu me identifico com isso. Aposto no incerto. Não desisto no primeiro não porque o primeiro não sempre vem acompanhado do desconhecido e do receio. Eu dou uma chance à insistência porque existe uma parceria de confiança entre nós, posso insistir no refrão errado, mas um dia acertarei na melodia.

Muitos desistem fácil da esperança por falta de conhecimento ou por excesso de julgamento. Pergunte a ela o motivo do atraso e ela lhe dirá sem pestanejar. “Existe um respeito hierárquico a ser seguido e às vezes o chefe lá de cima me pede pra ficar até mais tarde em outro atendimento.”

Atraso tem tudo a ver com espera, ou você tenta enganar as regras do jogo e fazer o contrário?

Portanto, espere, aguarde, permaneça alí, do lado da guarita a espera da sua oportunidade, mas jamais confunda paciência com conformismo, adote as táticas da esperança: não crie expectativas, desenvolva oportunidades.

Jamais diga adeus à esperança, diga no máximo um “até amanhã” e de preferência beije o dorso da sua mão sintetizando aquele amor ingênuo dos tempos de adolescente.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Paixão é descanso. Amor é trabalho



A rotina é o algoz da permanência e a alforria da reciclagem. Nos divorciamos da tolerância.

Ninguém tem mais paciência com a última porta batida, o último tapa na mesa, a saideira com os amigos após uma discussão...

Par perfeito tem um monte por aí dando sopa, difícil é achar o par suportável.

Paixão é descanso. Amor é trabalho. Não queremos uma primeira vez, mais de uma vez.

O ar está rarefeito para o amor, por isso, a maioria prefere envolvimentos menos densos, mais respiráveis e menos autênticos. Ninguém mais perde tempo ensinando, todo mundo quer achar o voluntário com PHd nos lençóis e MBA na conquista.

Já dizia Isaac Newton: “Se fiz descobertas valiosas, foi mais por ter paciência do que qualquer outro talento.” Talvez aí esteja a razão de tanta incompetência: Cansamos do ineditismo da descoberta.

Aliás, muito aliás, além do desinteresse pela descoberta, nós já nos apresentamos com o nosso manual automatizado debaixo do braço, ou seja, facilitamos todo o mistério para o interessado e assim, deixamos de ser surpresa para sermos mais uma leitura com final previsível.

Nós somos mais óbvios que placa de trânsito.

Em poucas horas é possível descobrir tudo, porque o tudo se editou em três estágios:

- Troca de olhares.
- Frases ensaiadas.
- Atalho para a cama.

E assim nos transformamos em frutas, espalhadas na quitanda ou em produtos pendurados em uma gôndola qualquer.

Puritanismo? Falso moralismo? Sexismo?

Não não, vivência no circo mesmo. As críticas existem embasadas no que se quer da vida, no atual momento e no enlace que você se depara consigo mesmo. Se você se ama, você não precisa disso.

Mas carregamos dentro de nós uma suspeita vontade de ludibriar a solidão, o medo de estar só num sábado à noite em pleno verão, isso assusta. Dá calafrio imaginar que tem um mundão lá fora tomando todas e trocando fluídos e você lá, de bem com a TV e a almofada do sofá.

Não tá na moda sofrer, é démodé. Melhor é estampar um sorriso, desfilar por cima do sofrimento e vestir-se de um conto de fadas qualquer, afinal de contas, o show não pode parar, e você nem faz tanta questão que ele pare.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A teoria do homem ideal



Toda mulher solteira a procura é míope...

A maioria.

E todo homem solteiro que investe é previsível.

Um fato.

O homem solteiro é uma vítima das suas ações repetitivas e da sua dependência de locais ensaiados.

O que convida a mulher para a balada exibe em primeira mão a sua insegurança e coloca a rejeição sempre na vanguarda das suas investidas; se levar um fora, ao menos terá a penumbra e outras candidatas mais fáceis para disfarçar o indecoroso insucesso.

O que convida para um bar possui a coragem vinculada a uma certa maturidade, mas ainda assim, por estar num local de “despojo social”, se favorece dessa poluição visual para inverter o processo “locutor e ouvinte”, ou você nunca notou que quando sai para um bar com um pretendente, você fala bem mais que ele?

O que convida para um jantar (eis a previsibilidade mor) possui uma bifurcação intencional: Ele pode ser um meigo, fofo e protecionista da conquista engajada ou pode ser um ardiloso, meticuloso e ordinário comedor, que se compraz desse cenário para ludibriar a presa. Ele ataca se defendendo ou usa sua defesa para atacar.

O que convida para um cinema (embora esta expedição pertença à classe cronologicamente inferior as demais) geralmente é monossilábico, ou sofreu algum revés catastrófico quando criança (rejeição dos pais, notas baixas na escola ou um algum tipo de deboche da menina preferida da 7ª série) ou realmente não sabe dialogar com o sexo oposto, na dúvida, ele vai te encher de pipoca e tentar uma investida surpresa quando te oferecer um halls.

Mas calma, embora esta crônica pareça com um “manual do apocalipse conjugal” existe meu último sopro diante dessas incursões amorosas “bem sucedidas”, porém ensaiadas...

Caminhada no Parque!

Esse tipo de abordagem aniquila qualquer pretendente que viva de edredom e chocolate aos domingos, mas também não precisa ser uma campeã de triathlon, basta entender que para se encantar é preciso conhecer... E caminhar.

Se um homem te convidar para caminhar em algum parque você estará diante de algumas opções e expectativas não usuais. Aqui, a realidade com as intenções se revezam, se coincidem e não existe nenhum sistema comercial como nas demais investidas.

Imagine!

Você, com uma roupa totalmente casual, cabelo preso e o moço de camiseta, bermuda e boné...

Pense no desafio: o homem que te convida para uma caminhada em plena luz solar, não se importará se sua cara estiver inchada feito uma bolacha trakinas, nem tampouco ligará para seu rosto limpo sem os quilos excessivos de maquiagem.

O cara realmente quer te conhecer, e o que é melhor: ele quer que você fique por dentro das suas intenções, sem joguinhos mirabolantes, sem dizer o que não é e sem fazer moral materialista sobre o melhor bar ou restaurante mais top.

O não óbvio pode ser muito mais atraente do que você imagina, e pode romper paradigmas que poderão ressaltar uma beleza que você desconhecia.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Travessuras sim. Gostosuras não!



O amor anda assustado, medroso, covarde, bundão mesmo... Sem vontade de sair de traz da penteadeira, tomou um susto tão grande que ainda acha que os monstros não abandonaram a casa, estão a espreita esperando ele sair para fazer suas necessidades fisiológicas.

Necessidades fisiológicas?

Sim, ou você achava que o amor é um semideus?

O amor tem vontade de ir ao banheiro, de falar palavrão, de ser indelicado (ás vezes), de se irritar e de enganar também... E muitas vezes ele faz tudo isso de uma vez só.

Enfim...

Agora não mais. Antes ele era o dono da verbete, o fodão do discurso engajado e o top one da cobiça (todos queriam ele, a qualquer custo).

Ele revitalizava, enobrecia, engrandecia, rejuvenescia e de quebra, ainda era um “nobreak” na vida alheia, bastava à energia se esgotar que lá estava ele para te dar um “up”...

Agora ele se encontra encolhido por detrás de um móvel velho, empoeirado e esquecido... Esperando impacientemente a desistência inesperada dos monstros...

Mal sabe ele – o amor – que os monstros só querem diversão, ou doces em troca de travessuras... E mal sabem eles – os monstros – que se eles não tivessem esta aparência aterradora, o amor já estaria fazendo parte da brincadeira, porque ele cansou das pessoas e hoje não troca uma travessura por uma gostosura.

Mal sabe ele – novamente o amor – que os monstros que estão brincando de “pega pega” com ele, são amigos divertidos interagindo com a data festiva de Halloween...

A vida se recicla e os problemas se renovam, é quase que um casamento em comunhão de males, e o amor ainda não aprendeu a manobrar a travessura de que os verdadeiros monstros estão sem máscaras, são exímios vendedores de sua patente e estão por aí, todos os dias, sem precisarem de uma festa ou data para mostrarem sua autêntica fantasia...

Talvez ele já esteja sentindo os sintomas desse medo de sair da penteadeira, talvez – inconscientemente – ele já esteja decodificando as máscaras da realidade e os monstros bons dos maus...

Que bom.

Que ele faça bom uso das travessuras (para quem merece) e das gostosuras (para quem ainda acredita em sua força).


Happy Halooween!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma leitura desconcentrada


Ele germina pelas oportunidades que são geradas pelos encontros. Vive da ótica fora da ética e da insistência ingênua dos que são fiéis a ele.

Companheiro da tristeza de muitos que investiram cegamente e confundiram sombra com presença, ausência com frequência e por aí vai...

Uns o usam como muleta, evitando erroneamente as suas feridas, outros usam durante o inverno e outros mal sabem que usam, até se sentirem usados, ironicamente, por uma atitude entre causa e efeito.

Embora ele permita inúmeras tentativas, erros, topadas, deslizes e recriações, quem o usufrui não perdoa os erros do postulante, oque me parece um tanto contraditório... É como se Jesus retornasse a terra para punir a humanidade, sobrepujando os ensinamentos do seu criador.

Inversão de valores doutrinados por uma sociedade voltada para o individualismo; todo mundo procura por si próprio e ninguém, absolutamente ninguém vive sem um amor, entretanto, aí vai mais uma contrariedade:

Fazemos da solidão uma morada, quando na verdade ela deveria ser uma pousada: sazonal, sabática, de veraneio, mas jamais uma fixação aderente aos nossos sofrimentos e ressentimentos.

O amor não trai, nós é que somos ilegítimos com ele mesmo.

O amor não pune, nós é que julgamos e tateamos mal... Bem mal.

Todos os amores podem ser verdadeiros, nós é que somos mentirosos.

Você disse que ele era “permanente” para uma pessoa “provisória”!? Azar o seu, o amor não fala, ele faz, mediante o tempo, a paciência e a persistência.

O amor é uma literatura gostosa e de fácil compreensão, nós é que metemos uma porrada de dilemas e conflitos afetivos separando seus capítulos como uma espécie de marca página.

Ele está aí, por aí, em todos os lugares, mas nós (muitos de nós) nos escondemos tão bem dele que depois não conseguimos nem nos encontrar de nós mesmos, e assim vivenciamos sombras e sobras, sombras criadas por um holofote que um dia terá sua energia cortada, ou você acha que viverá para sempre esta vida?

Mas existe algo que não é contraditória nessa intersecção de valores e propósitos:

Nós não temos mais paciência para ele; cansamos das segundas chances, das pisadas na bola, das crenças, das investidas... Das oportunidades de crescimento.

Não se dá fermento ao amor, se dá permissão, mas o medo em sofrer congela os próximos passos, e daí não andamos, pelo menos com ele.

E pra onde vamos sem ele?

Eis a questão:

Não temos tempo para deixar o amor se apaixonar... E assim ele se vai, sozinho para um lado e você, sozinho para o outro.

Quer uma dica?

Ao conhecer uma pessoa, pergunte se ela é medrosa ou audaciosa e coloque isso como o primeiro item do seu processo seletivo.

Quem tem medo de errar jamais conhecerá a felicidade. A felicidade é feita para quem tem coragem em sofrer.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Paisagem insensata



A rua que passo com frequência me rogou uma peça; me fez a tua imagem surgir inesperadamente.

Sorri sozinha, em uma espécie de frenesi mudo. Você passou apressadamente, com alguns agasalhos te protegendo do frio incessante e do vento da moto, coisa de gente louca. Andar de moto nesse frio confuso de uma primavera aparentemente sem sol.

O sol está em cativeiro, mas você não. Estava livre, levando alguns tapas do vento na cara e talvez por isso, não notou minha presença andarilha na calçada da esquerda.

Gosto de te ver assim, de repente, como se você fosse um segredo meu. Confissões alternativas de uma paisagem inusitada inspirada por uma surpresa, interrompendo uma tarde nostálgica proveniente de um sorriso inevitavelmente involuntário.

Nossa, bastou reavivar aquela paisagem para regurgitar todas as palavras neste parágrafo.

Alí, naquele breve momento de segundos viscerais, tive a confirmação das minhas expectativas, outrora desapegada por conta da vida rotineira de um dia frio.

Quando ando pelas ruas eu me descubro. Em meio a tantas mutações mundanas e tempestades repletas de contrariedades e oscilações, caminhar é um exercício ambíguo para mim... Vou além da despedida inevitável que é chegar ao itinerário.

Caminhando eu sou uma romancista. Parada eu sou uma alienada devorando os desamparos da sociedade (ausência de rotina, de algo fixo, de se prender continuamente a uma meta).

No mundo de hoje, o efêmero roubou a cena da consistência. Ninguém aprecia estas breves oportunidades que é ter uma paisagem diante dos olhos.

... E sem insistência do tempo sua paisagem passou, sem espessura, mas deixou uma gravura que guardei para mim, naquela tarde de outubro, sintetizando o desejo de uma nova surpresa, uma nova paisagem...

... Uma paisagem insensata para a minha compreensão, no entanto, palpável para dezenas de cenários, literários ou não.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Intensidade não cansa, auxilia na diversão



Somos intensos demais para Paris, Veneza nos cairia bem.

Como não posso ir até Veneza, transformo meu canto em aguas calmas e turvas sem deixar o passeio da gôndola de lado.


... Mas a minha Veneza não é uma romântica de filmes e passeios de legitimidade física monogâmica. Eu vou além da pintura desse cenário.

Ela possui um romantismo incomum e que não segue os canais dos rios como as ruas de Veneza. Não existe uma previsibilidade estancada e alguns dogmas seguem na corrente circular de um bom vinho despejado em uma taça de cristal: "O homen certo é o errado. O homem ideal é imprestável"


É a lei natural da desigualdade, longe da "Veneza pop". 

Mantenho certo distanciamento dessa "Veneza pop" pelo fato de ter sobrevivido a uma turbulência emocional que não me pertencia, mas que precisei enfrentá-la por merecimento.

Eu sou um sobrevivente! E um déspota passional inveterado, reformulado pelo mar adriático (aquele mesmo que abastece os rios passivos de Veneza).

Faço do bar, um mundo particular. Das minhas escolhas, histórias breves de vida longa. Debato e dialogo com o ego alheio com a mesma sapiência de um psicólogo.

Me divirto com a conquista. Insights são quase tudo nessa vida, só precisamos emprestar os tímpanos ao coração e deixar as taças fluírem dentro dos nossos fluídos físicos.

Existe uma sensualidade no individualismo. De tanto que acharam que um dia eu seria, eu fui e me tornei.

Afrontando constantemente a solidão, eu desafio e encaro o silêncio dos espaços finitos dos meus 50m2 só para ter a sensação - quase que libidinal - desse "tormento positivo".

E, de quebra, nessa conjuntura excitante entre tormentos e esclarecimentos cumpro - quase que obrigatoriamente - um ritual inaugural proveniente do rompimento do cordão umbilical outrora convivido em família.

Muitos me taxariam de "solitário homem da caverna duplex", mas eu ainda prefiro entender que essa solidão é ditosa, convidativa e irresistível, tal qual um passeio de gôndola na Veneza pop.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Faróis e lingeries



Conhecer os cheiros do mundo e respeitar os faróis, atributos de um sedutor nato.

Mas qual é a relação entre aromas, farol e consequentemente lingeries e conquista?

Tudo possui uma correlação de acordo com o seu poder de alcance visual e da sua compreensão para com a existência hormonal feminina.

Mulher não ultrapassa farol vermelho, nem tampouco ignora os aromas sustentados pelas partículas de O2 da nossa Torre de Babel. Mulher é plano sublime do realismo possível, basta mirar e extrair a conferência que aquele olhar transmitiu.

Ultrapassar o farol (já no amarelo) é correr riscos existenciais. O farol fechou, desacelere, abra o vidro e aspire e inspire profundamente o que a natureza está lhe ofertando gratuitamente naquele momento.

Afine-se com o propósito.

Se você se predispõe a ultrapassar o bairro que reside, deve levar em consideração o contingente demasiado de faróis, eles são fundamentais para a organização entre a sua ansiedade e a sua paciência.

Levando em consideração um dado factível de que o conquistador de hoje se adequou vertiginosamente as transformações do mundo moderno e sucumbiu aos modismos acelerados do approach destemperado, seduzir despretensiosamente é uma arte despencada no desuso.

Ninguém conquista hoje em dia respeitando as proeminências de um farol... A lingerie é o alvo principal e pra se chegar até ela, o cabra planta até bananeira no meio fio do último andar.

A verdade é que os roteiros de hoje são muito previsíveis e o homem sedutor é invariavelmente confundido com o mulherengo, devido à facilidade que algumas delas impuseram no preâmbulo da conquista.

Nossas principais musas inspiracionais da nossa ereção mental e carnal transformaram a trilogia do Senhor dos Anéis num gibi de 15 páginas. Não queremos um livro filosófico de Friedrich, mas também não precisa ser as citações enjoativas da Clarice Lispector.

Não mostre os atalhos para se chegar a tão cobiçada lingerie, nós gostamos do joguinho dos sete erros, vulgo conquista... Aquele voyeurismo da paixão, entenderam? Olhar, desejar, desejar, olhar, devorar...

A conquista de hoje é o Mercadão da Sé de ontem, o que não se aproveita (quando maduro) vira resto na calçada, se oferecendo por muito pouco, ou por quase nada.

Se eu não fosse cronista, na verdade meu filme começaria assim:

Uma frase de efeito circunstancial em uma situação inesperada (como a estagnação quase que perpétua de um farol vermelho). Sorrisos levemente acanhados. Intersecções de falas rápidas. A conquista imediata do telefone e o elemento surpresa estrategicamente elaborado para um futuro convite.

O que importa agora é como ela vem...


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Os achos que se acham



Ela veio repleta de “talvezes”. Eu – com certa inveja – vim lotado de “achos” – afinal de contas, é deselegante conhecer uma mulher de mãos vazias...

Nos olhares cruzados, a certeza de que estes “talvezes e achos” não interromperiam o aflore desse momento quase perfeito.

Pois bem...

As incertezas surgem justamente quando estamos certos do que queremos. O achismo só complementa o roteiro, ele vem por trás, feito um véu destoando à visão.

Pra ser feliz no amor há de se abstrair este desejo irrefreável de ir à busca das nossas certezas só para adquirirmos uma condição estável para os nossos sentimentos e temores.

Sentimentos e temores; eles que se explodam, não tô nem aí pra eles!

Sentimos tesão pela perseguição em saber o que não sabemos e se descobrimos o que queremos depressa demais, amargamos a vontade em prosseguir. Criamos uma espécie de “contraceptivo imaginário” e com isso ativamos o desinteresse pelo efeito, não pela causa.

As relações atuais são moderníssimas, a libido concentra-se mais no “depende” do que no “concordo”, mais na “visão” do que no “olfato”, mais na “perspectiva” do que na “expectativa”.

A gente dificulta quando ama de verdade e facilita quando ama de mentira.

Esqueça as donzelas do Walt Disney, o amor mudou de canal e está assistindo programações mais destemperadas, como Tom & Jerry ou Papa Léguas... Sabemos que um deles sempre se fode, mas é divertido analisar esse “pega-pega” incessante.

... E quando tudo finalmente entrosa, um dos lados vem com alguma artimanha para sabotar o companheirismo, existe algo de dignidade em ficar sozinho em dias imprevisíveis, divagando sobre a pintura uniforme da parede...

Aliás, melhor que hipotetizar é olhar para a mesma parede e entender que ela precisa de reparos – aliás – é fundamental que ambos enxerguem os mesmos reparos, caso contrário, teremos uma parede repleta de reboque e massa corrida por fazer, tipo às obras superfaturadas da nossa prefeitura.

Veja minha “análise imunológica”:

O “talvez” oferta a ela, condições de experimentar sempre algo diferente, imprevisível ou até já ensaiado, enquanto que eu me oportunizo dos meus “achos” mudando de opinião (ou de ação) sem a menor culpa.

Não confunda liberdade de expressão com libertinagem em expansão, não existe joguinho infantil ou dancinhas compensatórias. Aqui tudo tem seu respectivo espaço, inclusive para sentimentos e para os temores que tanto afligem aqueles que se expõem um pouco mais.


A emoção nos desmente publicamente. O silêncio desmistifica as incertezas. Qual você prefere para pendurar na sua parede?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sincopadamente amor



Tenho certeza de que muitos aqui não fazem ideia de como compor uma música. Ninguém aqui carrega uma clarineta debaixo do braço, muito menos um saxofone no case... No máximo um porta-cds com algumas canções favoritas.

Faltou paciência para as aulas de piano e faltou interesse para as aulas de guitarra. Você sentiu “dó” na primeira nota e já tratou de dar a “ré” na segunda.

... Mas sobrou vontade. Vontade para as aulas de meditação... Você pensou, pensou, pensou e fez da sua vida uma coletânea.

Um pout pourri!

Escrever uma melodia precisa ter – antes de mais nada – sincronia com a emoção, audição perceptiva e simpatia com as notas musicais ao qual você está se atrevendo a aguçar.

Muitos adentram um aposento calmo e pacato colocando uma bela trilha musical de fundo e depois – quando o anfitrião ensaia os primeiros passos da dança - a pessoa se retira por conta dos 74 minutos.

74 minutos; o tempo de duração de um CD convencional.

Aí está o ponto nevrálgico: Se sua vida é tão convencional assim, como você pretende transformá-la em um clássico?

Para se tornar um hit na vida de uma pessoa você precisa fazer bonito no palco. A questão vai além dessa performance; muitos insistem na mesma coletânea.

Sabe aquela fórmula ensaiada, testada por você em várias situações e que fizeram sucesso? Sim, isso é uma coletânea! Você fez uma gororóba de boas investidas e juntou tudo em míseros 74 minutos...

Acontece que você não se dedicou horas incessantes dentro do estúdio e achou que o sucesso seria eterno.

Já ouviu falar na expressão “One-hit wonder”? Sim, você virou um artista de um sucesso só e, hoje, você ocupa algumas boas lembranças de algumas pouquíssimas pessoas.

Hoje ninguém mais se importa em ocupar o topo das paradas, se ranquear entre o “top five” de um chat importante e renomado, ninguém tá nem aí se vai virar sucesso um dia...

Num mundo onde os repertórios são variados, a maioria se predispõe a desafiar o destino e se arriscar compondo vários "jingles", por isso as doces melodias estão caindo em desuso, se tornando quase que uma dissonância.

Na "audição" deles, é mais vantajoso participar de um "American Idol" a compor uma carreira solo... Vai saber...

domingo, 11 de agosto de 2013

Inventando saudades


Do pouco que me recordo da minha infância, lembro-me que debochava copiosamente das pessoas que admiravam estranhos... Tirava sarro e pensava comigo mesmo: “Que ridículo chorar por causa de um ídolo”.

A criança vive de simbologias, mas quando essas figuras saem de cena, damos importância a uma realidade nada virtual...

A saudade inventa e revigora o nosso ímpeto de enxergar um ponto além do horizonte... Um ponto que mesmo distante, buscamos incessantemente chegar até ele em corpo físico...

E depois notamos que após a chegada a este ponto, temos mais um adiante, numa espécie de “esconde esconde”... E brincamos de “pega pega” até o fim dos nossos dias, em uma longa e extenuante caminhada...

Toda perda é imprevisível, mas ela nos aponta para valores indescritíveis que estavam adormecidos dentro de nós, descobre-se o que não é mais, o que não será, mas revela-se o que está por se eternizar: A saudade.

Não é fácil enxergar o que não se pode enxergar mais com os nossos olhos materiais. A nossa fotografia mental é o melhor recurso para nos aproximarmos dessa vontade incontida e pressentirmos um contentamento intangível, porém real.

Restam as canções. Por detrás da ausência, sobra um alívio ofertado por uma trilha sonora que ouvíamos juntos, ele – ao volante – eu, descobrindo a estrada...

E que estrada! Não se permitia buracos, oscilações bruscas, muito menos invariáveis mudanças climáticas, era sol o tempo todo.

Quando surgia alguma manobra mais grosseira, ele tratava de me acalmar em uma espécie de recapeamento, o que hoje traduzo como “a chance de recomeçar”.

Temos muita dificuldade em aceitar um abandono repentino, uma perda imprevisível, talvez seja por isso que muitos renunciam o fracasso dos laços e evitam a recordação, o que acredito ser um suicídio indireto. É tão desumano escamotear uma despedida.

Por isso elevemos a nossa sabedoria e sensibilidade à forma mais poderosa de sobreviver depois que inventaram o amor; a lembrança.

Hoje, entendo perfeitamente as lágrimas que escorrem ao trazê-lo em minha memória. Hoje entendo perfeitamente porque as pessoas choram quando um ídolo se vai, por isso invento saudades.

Te julgo imortal em minhas lembranças e as transformo num porto seguro. Esta é a maneira mais anestésica que encontrei para suportar o sofrimento causado pela ausência. Assim convivo amistosamente com o meu luto interior, na certeza de que em breve nos encontraremos novamente para curtir mais uma estrada juntos...

Valorizem o Dia dos Pais, pois somente quem passa este dia sem o seu principal protagonista, sabe que o espetáculo passa batido e sem aplausos.

Aproveitem essa estrada como se não houvesse o amanhã.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Detendo tendências



Nos dias em que falta articulação nós atrofiamos os movimentos físicos, entretanto, convocamos a memória para rodopiar o tempo a fim de deixa-lo tonto...

Enquanto ele gira e vê tudo passar apressadamente em círculos, nós divagamos em nossas ficções nada científicas...

Em nossas ficções os beijos dispensam as paixões e a fotossíntese das nossas mutações é orgânica... Evitamos as dúvidas.

Sem dúvidas a gente escolhe.

E escolhemos aquela paixão bacana e equivalente, que nos procura após uma briga e que não se autoflagela com o inalcançável. A gente vive junto. A gente se dá bem!

As nuvens são de algodão. Os Girassóis sobrevivem no inverno. O amor não é fotografado e todo exagero é ficcionista.

O algoz do exagero é a indiferença, a indiferença com uma pessoa que definitivamente não merece tamanho desprezo: Nós mesmos.

A gente se deixa pra outra hora com o exagero. Sabotamos o tempo que era pra ser nosso e, como uma espécie de “Goya”, engolimos o prazer da apreciação... A velocidade da mudança é tão vagarosa quanto a sua tartaruga que engoliu erroneamente o rivotril que você deixou cair despercebidamente.

A gente rouba. A gente pega emprestado. A gente devolve...

Mas só devolvemos quando o tempo para de girar e o mundo volta a sua normalidade constante e passiva, girando lentamente em torno do Sol levando exatos 365 dias, 5 horas e 48 minutos para completar uma volta...

365 dias; Quantas temporadas podemos vivenciar, hein? E ainda temos 5 horas e 48 minutos para se jogar no sofá, assistir a série favorita, tirar um cochilo e voltar a viver de novo.

Assim como a terra não é perfeitamente esférica (seu diâmetro equatorial possui imperceptíveis 40 quilômetros de diferença do diâmetro polar), nada é fixo no céu, nem mesmo as nossas cabeças infiltradas nas nuvens...

Já que a Terra não é perfeitamente esférica, vamos viver as nossas tangências, ultrapassar pelo acostamento se for preciso e percorrer essa estrada vertiginosa e cheia de contrastes perpendiculares até completarmos estes 365 dias...

E o que faremos depois do cochilo no sofá?

Nos reinventamos! Sempre com o amor no banco do passageiro.

O amor é a única força existente capaz de não andar em círculos repetitivos (como a Terra). É o único motivo capaz de te fazer levantar do sofá após o cochilo e viver mais 365 dias...

Cíclico ou insólito, o amor é amor e ponto. Não existe exagero, existe abstinência.

Seguir achando que ele não fará falta é como descolorir uma Aurora Boreal ou impor uma cor ao crepúsculo.


Nada é fixo no céu, nem mesmo o nosso planeta... E temos 365 dias, 5 horas e 48 minutos para provar isso! 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Esboços ensaiados



Dez meses sem uma gripe. Dez meses sem sequer um resfriado. A prevenção é sem dúvida a melhor forma para evitar a reabilitação...

... E por falar em prevenção...

Entretanto, uma outra forma biológica de bactéria invadiu meu sistema imunológico e os sintomas se colidem dentro de dois mundos distintos: O mundo real e o mundo ideal.

O ser humano possui a intrépida mania de dar título a tudo, aqui, eu chamaria de “esboço”.

Um esboço é a aquisição inicial de um formato, uma vida que se inicia na arte de um pincel, na concepção de uma crônica repassada para os dedos, no choro mútuo de uma reconciliação...

Quem analisa uma obra prima e entende que ela ainda permanece inacabada contempla a arte em tudo que vê porque a vida é uma plena continuação de outra história que precisa ser redigida, dando vazão às outras oportunidades.

Tempos atrás tinha o hábito de sabotar meus esboços. Quando via que um esboço já estava praticamente enfatizado em sua total forma de concretização (coloração/ imagem/moldura) eu simplesmente vinha com uma borracha e apagava tudo.

Rompimentos que desafiavam a lógica e a compreensão. Mas vem cá: Admiração e contemplação possuem lógica?

A arte deve ser vista como um desenho de uma criança: com ternura, sobriedade e sensibilidade.

A arte só se conjectura como arte quando ela é contemplada, sem castrações analíticas e sem solicitações. Assim como o amor, quando você pede pra ser admirado, deixa de ser uma admiração.

Hoje, alguns meses depois, este esboço adquiriu uma forma divinamente bela, virtuosa e esplêndida em cada centímetro, em cada ranhura, em cada dobrinha não permitida a olho nu.

Por isso a criação é tão brilhante: A arte passa despercebida sem a percepção de um olhar atento, de um olhar curioso e interessado, por isso muitos não apreciam uma sinfonia, simplesmente porque não possuem a apuração para separar todos os seus acordes.

O meu esboço se transformou em arte, uma arte que não permite estante, não permite pregos nem o ofício de uma parede branca...

A minha arte é viva, ambulante, discordante, compassiva, harmônica e possui um olhar que me faz enxergar toda a arte que nela habita...

... E como todo mundo adora dar nomes pra tudo que vê, a minha arte já tem um nome; com algumas letras divididas em vogais consoantes e significados que a cada dia oferecem novos panoramas...


Faça a sua arte você também; amplifique, permita-se, disponha-se, desmistifique-se. A imaginação é a nossa realidade mais profunda. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A espreita de uma espera




"Que eu queria poder te dizer sem palavras.

Eu queria poder te cantar sem canções.

Eu queria viver morrendo em sua teia.

Seu sangue correndo em minha veia.

Seu cheiro morando em meus pulmões.

Cada dia que passo sem sua presença.

Sou um presidário cumprindo sentença.

Sou um velho diário perdido na areia.

Esperando que você me leia.

Sou pista vazia esperando aviões."


Vander Lee

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vivendo sem Tulipas



Gostar de Tulipas não é fácil. É conviver obrigatoriamente com uma relação fadada as idas e vindas, ao manejo da sensibilidade, a percepção da tradução dos sinais e principalmente a sagacidade do “saber tratar”.

É aprender a viver sem as pessoas que vivem sem você... Complexo!

Assim como uma conquista, existe toda uma cadeia de mimos e afagos para fazer com que as idas e vindas não se transformem somente nas idas. Natural de qualquer relação em que haja afeto. Em análise primitiva; deve ser contemplativa para ambas as partes. Certo?

Errado!

Para a Tulipa não é bem por aí... Sol moderado, vento moderado, umidade moderada, alimentação super cuidadosa... E tudo isso só para ela encantar o seu ambiente com a sua luxuosidade, o seu refinamento e a sua pose, simples assim.

E se você destratá-la, ela não reclamará! Seu silêncio é a penitência cruel e indagadora da sua consciência. Ela é movida por atitudes; destratou ela murcha, prática e sem rodeios.

Entretanto, se imaginarmos que para todo esforço, existe um merecimento, podemos nos comprazer da sua simbologia calcada pela antiguidade: Amor eterno, amor perfeito, amor irresistível. Um tenro consolo motivacional para seus adoradores.

Mesmo sobrevivendo diariamente debaixo de um teto de vidro, ter uma Tulipa em casa é conhecer e se desconhecer todos os dias; é embrulhar e desembrulhar desvendando uma novidade a cada dia. A durabilidade depende da dedicação.

Um capricho necessário à vida dos que a contemplam sem precisar verbalizar, simplesmente sentir, prosseguir e preparar um novo plantio para que a ida seja precedida pela vinda, vivendo sem Tulipas.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cordialidade inóspita


Algumas histórias se reparticionam em vários episódios, como se fossem capítulos dentro de um único seriado e ainda na mesma vida... Outras possuem uma continuidade que ultrapassa outras vidas, ás vezes nascem na mesma época, ás vezes se desencontram na erraticidade...

Pois bem.

Com exceção da era Paleolítica, onde os homens não faziam janelas em suas cavernas, a humanidade desde que descobriu a necessidade de se relacionar, sempre teve duas lendárias escolhas de interesse mais sério: Janela ou porta.

Após uma bem sucedida aproximação, o desejo de ir além acontece naturalmente e você busca amplificar essas condições, seja à espera paciente de um convite (entrando pela porta da frente), ou burlando os protocolos e nutrindo sua ansiedade pela alternativa mais rápida: a janela.

Tome nota: Não existem relacionamentos que começam pela porta dos fundos, você está no canal errado.

Analise:

Entrar pela porta necessita de conquista e de aceitação; tem todo um aparato envolvendo este cenário: paciência, criatividade, gentilezas, respeito, confiança e acima de qualquer coisa: credibilidade.

Pela janela: Existe algo que cativa nesta ação. Mesmo não sendo adequada, ela possui elementos que incitam e aguçam a nossa curiosidade. Nos indagamos sobre esta audácia, porém, dado as primeiras impressões, deixamos rolar...

Aparentemente você não viu nada inapropriado nessas duas opções, correto?

O equívoco está no sujeito que pratica as opções.

Muitos se acostumam a entrar pela janela e se esquecem que a porta seria - em tese - a forma mais educada e eloquente de se entrar na vida de alguém.

O sujeito se transforma num invasor de residências e impreterivelmente será confundido por um ladrão, dado sua expertise em arrombar janelas... Sua vida se torna uma verdadeira aventura e com a prática, logo mais estará pulando muros, atravessando cercas, fazendo coisas que nem o homem aranha seria capaz... Um autêntico praticante do “Le Parkour”.

É fato dizer que muitos renunciam a opção convidativa da porta por conta da indecisão da dona da casa. O sujeito até possui uma inclinação caseira, mas, em detrimento das incertezas, opta pelo trajeto mais fácil.

A porta nos rende uma certa tranquilidade, mesmo sabendo que não existe nenhuma quietude numa relação, ser convidado nos transmite uma real sensação de certeza... Basta fazermos nossa parte na manutenção de futuros convites.

O papel de quem entra pela janela é de resistência e o adeus é sempre uma falsa mentira.

Não se pode acreditar em términos, nem desconfiar das rupturas. Quem entra pela janela acredita nas metáforas e não leva a sério todas as palavras. Ele prefere terminar com ele mesmo e sair pela porta ao invés de terminar com ela e sair pela janela.

Quem entrou pela sua vida por meio de uma janela raramente desiste porque ele impôs um cuidado demorado nesta ação. Foi tudo planejado, embora para você parecesse uma surpresa.

Ele teve todo cuidado de não pisar no rabo do gato e te acordar no meio da noite com um susto. Ele entrou de mansinho sem acender a luz e teve que tatear toda essa manobra no escuro.

Cá entre nós:

Se o invasor estiver mesmo interessado, ele pode aparecer no centro do seu quarto com um lindo buquê e beijar o dorso da sua mão com um olhar de “oops, desculpe a invasão”.

Mesmo não havendo uma relação, tudo é relativo.