Crônicas

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Feliz 2011, com ou sem lentilha!


Esse período gestativo entre o Natal e o Réveillon é de pura inanição, entretanto, me oferta uma agradável sensação de ociosidade e introspecção alheia...

Introspecção alheia? Isso mesmo!

Começo a questionar a relação de “causa vs efeito” que não se moldam a lógica e ao bom senso (vulgo superstição). Confesso que, além de não entender ao certo essas crendices, me irrita um pouco a prática delas...

Pra que serve? Por que é feito?

E o xeque mate crucial da minha tese: Deu resultado?

Oras, se a história de pular sete ondas tem como base de fundamento histórica a justificativa que o mar remove as impurezas da pessoa, pular as ondas então seria algo totalmente equivocado uma vez que pular as ondinhas confabula (na prática) o afugento ou repulsa que se tem das próprias ondas, correto?

... Sem apuros técnicos, a pessoa (então) deveria mergulhar de cabeça na água e lavar-se de corpo e alma nas águas salgadas do mar.

Porém, faço uma ressalva à minha brilhante ideia: ao mergulhar, certifique-se sobre a existência dos OSBI (Objetos Submersos Bem Identificados), nessa época do ano, as pessoas possuem o hábito suíno de oferecer “coisas” a Iemanjá, tipo: arranjos de flores, garrafas de champagne, bijouterias e velas... Numa dessas, você pode enfiar a cabeça em um desses utensílios e acordar no hospital achando que foi re-batizado pela própria Iemanjá.

Engraçado é analisar o egoísmo alheio na hora de uma dádiva. Seguindo o dito popular que tudo que você faz vem em dobro, não culpe a Deus pelo fracasso do teu ano sendo que na hora da divina devoção, você ofereceu Cidra, flor de cemitério e bijouteria para Iemanjá. Eu pelo menos nunca vi neguinho doar Moet Chandon, Velvet Cliquot ou jóias da H-Stern... Não faria mais sentido?

E eu não paro por aqui. Existem outras manias que eu considero arbitrárias a racionalidade humana:

Acompanhar a vida de famosos no fim do ano... Dá pra acreditar?

Dá!

Vou utilizar novamente minha tese difundida em 3 estágios de indagação:

Pra que? Por que é feito? Deu resultado?

Seu intelecto vai adquirir notáveis avanços em seu QI se você souber onde o Totó (Tony Ramos) vai passar o Réveillon? Vai ficar mais rico se souber o que a Gisele Itié fez no momento das tão esperadas doze badaladas? Vai ficar mais sexy se souber quem foi o famoso que esteve em cima do trio elétrico nas ruas calorosas de Salvador?

Não........................... Né?

No quesito mania, temos uma infindável variedade de crendices e contos do vigário:

Passar inteiro de branco, como se estivesse fantasiado de Garpazinho ou de boneco de Marshmellow dos Caça Fantasmas. Usar cueca ou calcinha amarela. Chupar sementes de romã. Colocar dinheiro no tênis. Folha de louro no bolso...

Usar lençóis novos na primeira noite do ano? E nas 364 noites restantes?

Já perceberam isso? Existem mais regras no ritual do ano novo do que em uma repartição pública!

Minha avó já dizia pra minha mãe: “Não coma aves no fim do ano, elas ciscam pra trás e isso traz má sorte”... Começo a entender o motivo de ver tanta mocinha de nano saia na balada (em pleno inverno) beijando tudo que tem calça jeans e tênis pela frente.

Quanto ao conselho mesozóico acima. Posso comer carne de ornitorrinco, de fuinha ou de dragão de Komôdo?

Simpatias à parte... Acho que a emoção e a efervescência do ano novo devem-se mesmo às manias que nós brasileiros possuímos na hora da virada...

Ser neurótico não é opção de ninguém, mas nós sempre inventamos inúmeras opções para justificar as nossas neuroses.

Feliz 2011... Com ou sem lentilha!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Efêmera transição


Muda-se a cor dos cabelos, muda-se o tamanho das calças e até mesmo o seu comprimento...

Muda-se a marca da pasta de dente (no meu caso, obrigatoriamente, porque deixaram de fabricar a signal de listras vermelhas)... Muda-se de casa, de apartamento, de carro, de peguete, de marido, de celular, de país... Enfim...

Muda-se a tolerância, a ponderação, a libido, o foco das críticas, a aplicação e a dedicação... Muda-se também o formato das nossas canelas, comprometidas com as topadas pela vida afora.

Mudam-se quem acreditamos ser e tentamos incansavelmente mudar as pessoas que acreditam no que somos...

... Por que insistimos em pilotar a mudança alheia?

Enfim... Muita coisa muda e muda muita coisa, mas mudar nem sempre tem a ver com migrar e evoluir.

Migra-se os julgamentos, os trejeitos, as manias e os hábitos. Muitas vezes repassadas para os filhos ou absorvidos pelas pessoas de convivência diária (esposa, marido, roommate etc...), migra-se de XP para Windows 7 (se fodeu quem fez isso) e migra-se também a vontade de estar perto de quem está junto, para quem ainda está distante desejando estar próximo o mais próximo possível...

Migra-se de blog, de conta do Outlook, de Orkut para o Facebook, de MSN para salas de cinema, de Telecine para HBO, de comoção para frustração... Vixi, tanta coisa.

Mudar é mó barato, mas mudar também é um combo (nem sempre você ta afim de comer a batatinha frita, mas pede por conta da promoção), tipo CD de coletânea: você compra por conta de duas ou três faixas dentro de uma gama infindável de porcarias. Aqui, o pacote que acompanha uma possível mudança é intitulado de crítica ou rejeição.

As pessoas reparam, comentam e apontam, como se o espelho delas fossem você.

Há distorções e discordâncias até mesmo na coloração de uma piscina, mas não deve haver limitações na hora de tomar decisões: Pegue gosto pelas mudanças, mas nem pense em mudar sua forma de rir de lado, de sorrir com os olhos ou até mesmo de falar suas gírias... Pessoas que mudam sua essência vivem pegando fila (e com bala de troco).

Quer uma dica?

Junte no mesmo pensamento a mudança, a migração e a evolução. Pronto: Você acaba de se tornar um ser humano híbrido e extremamente funcional!

Bom, é isso...

Ahá? Você deve estar se perguntando: “Ué, cadê a evolução?”

Para isso devo traçar uma analogia simples e rudimentar sobre “evolução e involução”:

Lembra da Liga da Justiça? O Super Gêmeos com o seu anel estavam sempre evoluindo, inovando, diferentemente dos heróis de hoje: Lady Gaga, Justin Bieber, Restart, Dilma, Fiuk, Tiririca...

Entendeu?

Feliz ano novo para todos que compreendem a evolução como forma de involução e para todos que evoluem á medida que presenciam (de camarote) a involução pós-moderna dos seres de hoje.

Um brinde ao equilíbrio da nossa essência!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Possível / Provável / Remoto


De todas as coisas possíveis que poderiam ocorrer em minha vida, o improvável aconteceu: Me apaixonei!

E nesse estado interplanetário causado pela paixão me equivoquei: Imaginava que viveria um conto de fábulas e que minhas noites seriam regradas a vinhos importados, guardanapos de linho e uma simbiótica sinfonia no colchão...

Com essa expectativa projetada falsamente pela minha empolgação eu notei que adocei exageradamente a vida a dois e amarguei demais a minha vida. Paixão improvável sobrepujando um amor provável: rancor, frustração e dor!

Agora fui tomada por uma inquietante e torpe vontade de ficar só. Perdi o encanto!

Botar fé no amor moderno? Nem São Tomé com binóculo infravermelho acreditaria!

Rompimentos que desafiam a lógica e o bom senso, e só; ou você já viu o amor possuir sabedoria e racionalidade? O amor é ilusionista (ele engana você) e só envelhece pela falta de intensidade.

“Possível” é depender dos desígnios da sorte. “Impossível” é contar com a possibilidade de uma remota reviravolta. Esse é o mau do ser humano: acreditar nas pessoas como acreditamos em nós mesmos.

Probabilidades prováveis e possíveis:

O alcance dos nossos sonhos deveria ter o alcance dos nossos dedos, assim o improvável sairia de cena. Entretanto, haveria graça sem a rejeição do improvável? Tudo que vira provável perde a graça porque deixa de ser imprevisível para se tornar calculista... Convenhamos, mulher gosta de coisa fácil?

Vem cá, é possível namorar em regime semi-aberto? Isso é remoto, mas não impossível.

É gostoso ficar só. Aquela sensação libertina de chegar em casa, deitar de calça jeans e sutiã, meter o pé no sofá e calar-se enquanto procura alguma asneira na TV a cabo... Quero uma solidão pra chamar de minha e um machão pra ligar quando certas necessidades vencerem meu ócio de ficar no sofá... Delivery emocional, auto estima diz “uau”.

Mas tudo isso se sucedeu há muito tempo, assim, remotamente, e tudo não passou de um ardiloso improviso, afinal, a vida aqui é provisória, indefinida e transitória. Não comemorarei bodas com ninguém, mas chegarei ao final dessa jornada com um sorriso pelo que improvisei.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Catástrospectiva 2010


A tão derradeira data está se aproximando, o final do ano está chegando e com ele preservamos alguns conceitos capitalistas e ortodoxos como às idas frenéticas e desesperadoras as lojas, mas antes, quero abrir alguns parênteses:

No decorrer de um ano ininterrupto, muita coisa fica no inacabado, justamente para renovarmos esse ciclo e transferir o desafio para uma próxima fase... Assim como em um jogo de Playtation, vencemos alguns obstáculos, ultrapassamos algumas fases e gostaríamos imensamente de conseguir vidas extras, porque diante de tanta banda 3G e tantos notebooks, viver hoje uma vida só tá osso (como diz o maloqueiro do meu vizinho).

No entanto, diante de tantas tantas tantas coisas que rolam em 365 dias (hoje, mais precisamente, 351), uma única e insignificante atitude é capaz de tamanha meditação: a substituição do calendário de cozinha.

Esse revezamento sem revezo vem adquirindo muitos reveses ultimamente. A cada substituição para um ano vindouro, ficam as cenas e as imagens do passado na 3ª pessoa do singular e do plural (esqueça seus ganhos, dividendos e somatórios) vamos falar da vida que se passa por trás de uma TV de plasma:

Imaginar o conteúdo da Retrospectiva desse ano é tão previsível e pragmático quanto às enchentes que ocorrem nos meses de janeiro (garanto que minha metáfora será pauta de mais uma Retrospectiva).

Imbuído do meu humor negro, enumerei algumas catástrofes que fizeram parte das pautas do Datena, das páginas sangrentas do “Notícias Populares” e que em alguns dias estarão na Retrospectiva 2010. Aqui, eu intitulo pomposamente de “Catástrospectiva 2010”, mas você pode também entender como um “Pout pourri da desgraça”, “Top 10 das bestas do Apocalipse” ou “Medley do Capeta”, como preferir.

Começando pelo despreparo dos nossos governantes e autoridades em evitar acidentes, temos a tragédia de Angra dos Reis que evidenciou a ingenuidade das pessoas em desafiar os desígnios da natureza.

Falando em desígnios da natureza, o terremoto do Haiti consternou mundialmente etnias, povos e culturas em um movimento solidário para com um país que já era um exponencial de pobreza e um espelho pra quem reclama desnecessariamente da vida:

Tá chateadinho porque seu celular não funciona? Tá bravinho porque a internet do escritório caiu e você precisava passar uma planilha para o seu chefe? Vá para o Haiti!

No quesito matança e chacina, o Jason vai precisar de mais filmes “Sexta Feira 13” para retomar o trono, ocupado pelo nosso retumbante Brasil: O caso Bruno, o caso Mércia, o cartunista Glauco e o filho, a mãe que matou oito bebês, o julgamento dos Nardoni, enfim, uma seleção do terror moderno, muito pior que Jig Saw, Michael Myers e Freddy Kruegger juntos!

O genocídio brutal e inescrupuloso do homem perante a fauna aquática também encabeça a lista das catástrofes, como o vazamento de óleo no Golfo do México. Condenação? Alguns milhões de dólares de multa. Reparação? Reconstituição? Restauração?

A desorganização também invadiu a nossa melhor e mais visionária matéria prima: O futebol. Com uma seleção totalmente bisonha, o Brasil fez feio na Copa do Mundo, coisa pra Dunga nenhum botar defeito!

Musicalmente falando, o mundo se encaminha na velocidade do som rumo a 2012. Bandas e cantores que desafiam o bom senso e envergonham nossos tímpanos eclodem misteriosamente e, quando notamos, já ocupam a mídia com jabás e hipnotizam a massa burra e acéfala da nossa sociedade...

... Banda Restart, Hori, Strike, Cine, Fiuk, Lady Gaga, Justin Bieber mostram que para o mau gosto musical não existe limite, nem para o mau gosto conceitual. Pegue os Ursinhos Carinhosos e os Teletubbies e compare, é de graça!

Pra finalizar, ainda temos Tiririca e Dilma Roussef fechando as cortinas negras do nosso Creep Show 2010.

Será que vem mais merda até o badalar da meia noite do dia 31 de dezembro? Melhor não subestimar a Lei de Murphy. Lembre-se que quando você acha que alcançou o fundo do poço, descobre que no fundo do poço existe um porão...

Fim do primeiro ato!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Perdas e danos


Como se exibisse seus ensinamentos aprendidos na Escola Acadêmica de Coreografia de Moscou, tratou de adentrar pelas pontas dos pés em seu apartamento (em momentos de aperto descobrimos dotes impensáveis), ele nunca tinha ido a Moscou, muito menos feito balé...

No outro hemisfério do apartamento, ela (uma cônjuge inocente) sucumbia em sono pesado.

Voltamos o olhar para ele (réu não confesso), que já havia transformado suas destoadas conjugais em hábitos bilaterais. Sua impávida confiança lhe oferecia tranqüilidade, uma tranqüilidade constante, porém efêmera...

O costume advém da prática constante e da falta de punição causada pelo elemento surpresa, nesse caso, tratado de um caso amoroso... Lembremos que a ocasião sempre faz o espertalhão.

De súbito, ao passar por todos os cômodos, se deparou com uma cena terrivelmente assustadora: ela aguardava-o sentada (abraçada com seus joelhos e com a cabeça levemente inclinada para baixo)...

Vocês lembram quando eu disse no início do texto que ela dormia em sono profundo? Mentira! Era só pra dar emoção a essa intrépida relação.

Cochichando educadamente ela fez a pergunta clássica dos contos de traição:

- Onde estava?
- Trabalhando.
- Até essa hora? Fazendo o que?
- Nada!
- “Nada” é uma palavra esperando tradução, especifique-se!
- “Esperar” é uma palavra esperando compreensão. Vou dormir!
- Aqui você não deita! Vá deitar esse corpo usado junto de quem te usou!

Absorto e calado diante do flagra, deu meia volta, fitou efusivamente a porta e se encaminhou rumo à rua.

- O que vou fazer agora?

Um curta metragem passava em sua mente à medida que olhava para trás e via a luz do abajur acessa do quarto deles (agora só dela).

- O que ela está pensando em fazer?

Antes, o proibido garantia 80% da diversão, mas e agora? Com a outra sabendo da outra? O modismo engessa a emoção, e aquele frio na barriga com medo de serem descobertos deixará de apimentar a promiscuidade que os dois tinham, a coisa vai perder o brilho, vai desbotar e... Falir!

Em breve, veremos mais um caso (sobre um caso) de relação remota ávida pela entrada de terceiros...

Qualquer conduta conjugal inadequada e culposa também tem incidência e reincidência. Vale à pena remoer suas ações em razão da causa que provocou a dissolução da sua sociedade conjugal? Hoje ela delicia-se com a vida livre, leve e solta que ele a fez enxergar.

Ele (por sua vez) procura fragmentos no passado à espera por respostas. Em meio ao descaso com o acaso do seu antigo caso ele relembra:

“Ontem à noite, a noite estava bem fria... Tudo queimava e nada aquecia. Hoje vivo apertado, quebrando minha coluna num sofá cama num pombal de 50mt2 no centro da cidade”. Perdi a honra e o conforto num pacote só!

“Ontem à noite, à noite tava fria, e só ficou mais fria pela escolha que eu fiz. Vivemos de escolhas e hoje eu sou a renúncia da escolha que um dia deixou de me tratar como escolha!”!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Filho bastardo


“Não te avisto e mesmo assim você me causa um efeito avassalador e enigmático. Sou um aprendiz e um mero protagonista diante das tuas percepções”, disse a visão ao olfato.

Olfato, de fato!

Reconheço que existem regras tocantes no tocante ao toque e que as regras de atração são indefinidas em suas infinitas opções, mas noto injustamente uma injustiça... (Calma, eu chego lá).

Na fala, estabelecemos limites, mesmo que efêmeros por conta do momento. No olhar acontece o primeiro beijo, o lampejo de um presságio, agradável ou não...

No toque, reinventamos e inventamos os gestos, onipresentes diante da vastidão de um universo.

Em nossa audição, captamos a melodia incrível de tudo que criamos e de tudo que foi criado, não por nós, mas sim por quem desenvolveu toda essa parafernália intensa e complexa chamada de Planeta Terra. Nós só adaptamos algumas coisinhas a mais.

O olfato é o filho bastardo dos sentidos. Valorizamos a arte e a importância da comunicação visual, nos sensibilizamos com a música, com os sons da natureza e esquecemos-nos de valorizar o que respiramos.... Esquecemos ingenuamente que podemos sobreviver sem ver e ouvir, mas, e se o ar acabar?

Diariamente respiramos milhões de partículas de informações, mas não damos sua devida importância porque a mídia nos envolve diariamente com os outros sentidos.

Sua língua pode ser afiada como uma espada samurai (Hattori Hanzo, a minha preferida) e seu olhar pode ser tão devastador quanto uma bomba atômica, porém, se você não tiver o olfato para despertar suas reações, você será uma pessoa indiferente ao passado e inerente ao presente.

O olfato é o elo da lembrança com as memórias mais preciosas da vida, mas poucas vezes é reconhecido!

Tudo bem tudo bem, você vai me chamar de exagerado (não nego, sou libriano), mas convenhamos, as empresas precisam investir mais no aroma, as indústrias precisam desenvolver novas experiências, coisas jamais vistas, ou sentidas, ou cheiradas (propriamente ditas).

Já imaginaram um Pen drive com seus arquivos aromatizados? O que dizer então de uma música em especial com o cheiro daquela pessoa que protagonizou aquela canção com você? E fotografias com cheiro? E o seu Iphone com uma mensagem de texto aromatizada da pessoa?

(Voltei pra esse mundo).

Olfato, de fato!

O aroma é o circuito mais curto pra se chegar ao desejo. Sabiam disso? Quantas vezes você ficou feito louco na rua olhando para todos os lados em busca do estimulante de suas lembranças? Vulgo perfume “dele”, ou “dela”?

Perfumes caros: Usados apenas em ocasiões estrategicamente bem sucedidas!

Um brinde a nossa memória olfativa!!! Chega das lembranças comuns e tradicionais, é muito gostoso imaginar através do aroma, conseguimos até mudar o cenário, o figurino e até mesmo o protagonista...

Sei que é difícil tirar nota azul no boletim do amor, mas não podemos equalizar a força dos sentidos ou o gosto só tem gosto na ponta da língua? Ou ao abrir das pálpebras? Ou ao ouvir eu te amo?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Distância próxima


Quem disse que pra estar por perto é preciso estar perto?

Noites longas... Vidas curtas...

Imensurável mensurar uma distância, não temos esse poder. Nós homens nos limitamos a sentir as emoções de um presente e os arrependimentos de um passado... As projeções de um futuro são irrisórias e incertas.

E se o homem não pode comprovar aquilo que não está ao seu alcance (mesmo com todo esse avanço tecnológico existente) e mesmo sabendo que a exploração do universo representa ainda uma insignificância diante da sua grandiosidade ou mesmo em sua amplitude...

... O que diria então a saudade que sinto por você?

Caminho em um extenuante deserto cujo horizonte é insólito e improfícuo. Diante do sol, sinto o corpo padecer em suor e lágrimas, o sol provoca sede, entretanto a sede de te amar me faria melhor do que qualquer outra substância.

Entre uma duna e outra, a brisa te trouxe para minha visão... Vejo seu reflexo como um espelho d´agua, sorrindo, uma imagem holográfica. Entre as piscadelas dos meus olhos você desaparece repentinamente... A minha angústia resplandece em anseios e o desespero toma conta de mim.

Acordo!

Abro os olhos lacrimejados, corpo quente (alguns cento e poucos graus Fahrenheit), ainda sem consciência exata do que houve... Na penumbra não enxergo nada, acendo a luz e caio na real: era somente um sonho!

Algumas pessoas próximas a mim dizem que têem medo de perder a pessoa que amam até em sonho. Eu não tenho mais esse medo porque a realidade está longe de retomar o seu ciclo habitual; perdi você em vida e hoje vivo um pesadelo. Sonhar com você ainda é um saldo, uma anestesia geral.

Ontem passei em frente a sua casa, você estava na janela, debruçada, olhando para o nada. Você não me viu, talvez pelo temporal que desabava diante dos teus olhos. Pensei em gritar teu nome, mas de nada adiantaria... Você olhava para o nada e o nada se resumia a tudo que eu pensava sobre nós...

A vida é assim, desequlibrada em seu equilíbrio. Enquanto uns acham que um punhado é tudo, outros que possuem muito mais que um punhado, acham que não possuem nada.
Ambição ou insatisfação? Talvez ingratidão.

Quem disse que pra estar por perto é preciso estar perto?

Estou longe de você, distante... Nem sei onde você está agora. Sua rotina virou novidade pra mim na medida em que não faço mais parte do seu cotidiano. Eu também me tornei uma novidade pra você? E já que voltamos a ser inéditos um para o outro, que tal recomeçar o início de outro recomeço? Vida nova, novas expectativas, novos objetivos, novas metas, enfim, tudo novo...

Atitudes? Hmmmm, não creio! Pessoas mudam de endereço, mudam de pasta de dente, mudam de celular, mudam até de peso, mas não mudam por simples vontade alheia.

Gerei um impasse. Retomamos o fim desse final, sem retorno, sem prefácio, somente o desfecho.

Porém, quando não podemos realizar, nos contentamos em imaginar. Imaginar como seria se o tempo do verbo “era” ainda pudesse ser conjugado como “é”.

Minha imaginação voa mais rápido que a velocidade da luz, por isso eu me pergunto:

Quem disse que pra estar por perto é preciso estar perto?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Apetites embotados


A ociosidade da ansiedade embota o ânimo. Exemplos invadem meus dedos que disparam as teclas das quais vocês recebem, digamos, de uma forma meio tóxica e nada poética. As toxinas fazem parte de qualquer configuração emocional. Os robôs do futuro estarão imunes a isso?

A ansiedade é a progenitora da ociosidade? Acho que sim, mas ainda sim possui uma relatividade ímpar, veja:

Esperar um farol abrir num sábado ensolarado indo ao parque do Ibirapuera não possui a mesma sensação que comer um Petit Gateau, mas também não te tira da sua zona de conforto, o farol vai abrir rapidamente e você seguirá o rumo que escolheu traçar no sábado.

Porém, entretanto, mas, quase tanto...

Esperar o farol da Av. Bandeirantes abrir numa segunda feira chuvosa e você mega atrasado é tão ardiloso quanto passar o Réveillon na serra. Um porre!

Abrimos nossa caixa de emails 20, 30 vezes por dia. Spams sobram, piadinhas e correntes então, mas e o bendito email que você tanto aguarda? Nada!

Apressar o tempo é perder tempo. Ganhar tempo é balancear suas expectativas. Escrever é fácil, dosar o apetite é que é o mais difícil!

Sua vontade nunca superou sua capacidade em realizar algo?

Não existe neutralidade para o ócio. Ele parece zombar da nossa cara frente a uma situação adversa. Bom seria se nossas emoções viessem dentro de frascos elaborados em farmácias de manipulação. Quer amar? Pegue uma receita a base de glicose e mel e visite a manipulação. Não quer se envolver? Transcreva algo com altas doses de racionalidade e pronto! Perfeito não?

Automedicação para a emoção é o fim da comoção!

Isso já nem me desanima mais, uma vez que não verei esse avanço científico nessa vida, o fato é que as emoções sentidas não são sentidas solitariamente, existe um complô, uma conspiração!

Acho que vou até uma farmácia de manipulação e ver se já tem algo relacionado à “Competência em inapetência”. Seria interessante controlar meus apetites, minhas vontades e meus desejos também, me expor menos, me impor mais...... Existe anorexia no amor? Não? Que pena!

Já que não existe anorexia no amor, talvez pudéssemos desenvolver um tipo mais avançado de bulimia, seria o fim dos nossos problemas e o fim dos terapeutas também!

Enquanto pensava no desfecho desse texto, fui pesquisar na Internet alguma simpatia para curar a ansiedade. Resultado: Not found!

Querendo ou não, assim como muita coisa que carrego comigo num pacote de “qualidades e defeitos de fábrica”, vou ter que conviver com essa sensação difusa e inexplicável chamada de ansiedade, mesmo assim, eu ainda repenso e reavalio minhas condições nesse ecossistema...

Pensando bem, eu acho que eu não sou tão ansioso assim, o mundo é que vive em “slow motion”...

Ou você vai me dizer que espera numa boa a espuma da Coca-Cola descer pra você encher o copo?