A ideia de que seremos “questionados” ou indagados
perante Deus sobre nossas obras aqui neste planeta escola me faz repensar sobre
o juízo Final.
Juízo final...
De fato, o final é inexorável, o que me assusta mesmo é
o juízo.
Juízo do que algumas pessoas fazem do seu próprio juízo
e da maneira como conduzem a sua vida.
Juízo final...
O que fizemos e o que não deveríamos ter feito e
fizemos?
Ou melhor:
O que não fizemos e por que fizemos do jeito que
achamos que deveria ser feito?
A crença de um julgamento do homem tendo Deus como juiz
levando em consideração os atos executados por este me espanta.
Mas o que é o Juízo Final?
Eu tenho uma ideia!
A divindade suprema (opinião privada de cada um) chama
o sujeito eloquentemente em particular e – com uma mão carinhosamente em seus
ombros – lhe pergunta:
Filho, o que foi que você fez durante toda a sua vida?
Uma pergunta simples, entretanto, em detrimento de seu
sofrimento contínuo e unilateral em busca do poder a qualquer preço, do ter sem
pensar além do ter e do pouco pelo saber, é impossível responde-la em 5
minutos.
Gaguejou... O sujeito - sabotado por uma gama
avassaladora de pensamentos, culpas e receios - gaguejou, hesitou, vacilou,
fraquejou, bobeou, transformou uma pergunta decisiva em um silêncio morno.
Conhece gente morna?
Aquela que economiza sorriso, que poupa
questionamentos, que não admira o ato de contestar, que fala gesticulando a
cabeça em tom de aceitação, que conjuga a cautela como consternação absoluta do
seu cerne.
Gente morna... Abraça de lado, não sabe o que é apertar
uma mão, desconhece o medo pelo fracasso ou a descarga emocional pela
conquista, vive de “sei lás”, de “tudo indo”, de “seja o que Deus quiser”.
Gente morna... Tanto faz para as despedidas, tanto fez
para as permanências, vive sem ter muito o que fazer num mundo onde se precisa
de gente pra se fazer muito. Acredita piamente nas fórmulas e justamente por
isso, não altera alguns coeficientes fundamentais para o seu aprimoramento,
simplesmente vive assim, morrendo vagarosamente, dia após dia, suspiro após
suspiro, sem se dar conta de que todo ser – por mais medíocre que seja,
necessita deixar algum tipo de legado.
Nem fria... Nem quente... Gente morna.
Enquanto muitos se julgam diariamente compreendendo que
a razão é oriunda da alma, gente morna prefere a cautela pelo não risco, a
ocupação de matéria e ponto final... Apertam “esc” para a ousadia e dão “enter”
para os atalhos da vida.
Atalhos da vida... Encurtar um caminho é reduzir o
sofrimento e diminuir o conhecimento porque a gente só aprende na dor e só se
agiganta perante os desafios, por isso que viver contraria a matemática: viver (dividir) é igual a somar (compartilhar).
Trocar é crescer, isso é viver. Quem não troca não se
equivoca e quem não erra não aprende a crescer. Viver é a capacidade de
partilhar, por isso a vida é um milagre para os inquietos... Não para os
mornos.
E aí você me pergunta:
Mas todos nós sairemos de cena um dia, a vontade em
permanecer não importa, correto?
Sim, é verdade, mas se você entender a máxima que o
único jeito de ficar é fazer falta, você será eterno, aqui ou em qualquer outro
lugar.