Crônicas

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um tango de argentino doido


O que Maradona fez para o futebol argentino é incontestável, mas até onde o grau de idolatria de uma imagem se confunde com o fanatismo e com a soberba de um ídolo? Maradona tem poder para dirigir uma seleção?

Diego Armando Maradona é a representação do céu e do inferno que um ser humano pode enfrentar na vida, é um senhor feudal e um vassalo ao mesmo tempo.

De carreira ascendente cósmica para um fundo do poço humilhante e difamado: Em 2004 ficou durante 11 dias internado entre a vida e a morte por dependência química da cocaína, a imprensa argentina dava enfoque em sua reabilitação, mas nunca tocou no assunto da sua prevenção.

Já no Brasil, a imprensa externava certo “deboche” e zombava da consternação do povo argentino. Por outro lado, a rivalidade entre a Argentina e o Brasil limita-se entre as quatro linhas do campo de futebol. Não há nenhum outro tipo de animosidade entre a população dos dois países. Existe muito respeito inclusive.

Maradona realizou façanhas notórias no futebol, mas o ponto mais viril de toda sua trajetória é o fato dele atingir em cheio todos os corações argentinos, uma espécie de Michael Jackson do futebol.

Não existe grau comparativo de adulação de um ídolo como é a adoração que “los hermanos” tem por Maradona, é algo transcendental! Basta analisarmos por um ponto de vista territorial: Pelé no Brasil é o rei do futebol, Maradona na Argentina é o próprio Deus do futebol!

Me impressiona perplexamente ver um time como a Argentina (recheado de craques mundiais) perdendo plasticamente em casa para o “segundo” time do Brasil. Opiniões inclusas, não posso entender que uma seleção que tem Daniel Alves, Felipe Melo, Elano, Gilberto silva e Robinho seja a seleção “top one” do nosso país, não tenho dificuldades com a minha vista muito menos com a minha inteligência.

De qualquer forma, Maradona perdeu em casa com o time completo e foi ovacionado? Os vilões, alvos da torcida foram só os jogadores? Não há nada de incongruente nessa relação passional? Existe algum tipo de compreensão para isso? Existe sim, e chama-se Maradona!

Podemos realmente dizer que a Argentina vive um período de carência de ídolos em seu país? Uma vez em que Evita Perón, Carlos Gardel e até Che Guevara deixaram saudades?

Participando ou não da próxima Copa, seus fiéis seguidores jamais levariam Maradona aos tempos da inquisição. Maradona não possui detratores e os fiéis seguidores não são meros freqüentadores de um clube, é uma legião latente e fanática chamada Argentina.

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