Crônicas

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Valores perecíveis


Eu estava simplesmente andando por aí, era apenas mais um na multidão. Tentando me esconder da chuva, tentando me esconder de mim mesmo. Buscando encontrar um meio artificioso para escamotear as dificuldades. Hoje em dia as coisas andam distantes, não há mais uma ponte para atravessar essa avenida.

Como o céu pode mudar de cor quando retorno ao passado? Os mistérios da vida são tão irresistíveis, entretanto algumas descobertas são tão implacáveis na adolescência. Queria o diploma antes dos primeiros fios brancos. Quero protagonizar uma vida de ensaios gerais!

A inocência pegou o trem espacial e rumou para os confins de um buraco negro. Valores reverenciados não figuram mais nesse solo, nem mesmo em outdoors. Os bons costumes e o respeito se tornaram acessórios. Quem tem esses valores é porque ainda acredita na existência deles. Ai de mim que ainda reverencia contos de fadas.

Hoje em dia não existem mais bailes para protagonizar um cenário de primeiro amor!

Hoje em dia as estrelas estão tão distantes, escondidas por um clima tempestuoso, fruto de tantos interesses capitalistas do homem.

Hoje em dia as pessoas se precipitam tentando realizar sonhos que ultrapassam o alcance dos dedos. E com isso se frustram e frustram a esperança de outros.

Hoje em dia não há longitude em respeitar etapas, nem magnitude em conquistá-las. O amor se apressou na pressa das pessoas que só tem pressa para reciclar.

Notei que nunca me disseram como devo me comportar. Os livros nos ensinam didaticamente? Não quero deixar tanta vida pra depois! Nas curvas do meu caminho tenho sede em me apegar e receio de me pegar no súbito flagra de uma saudade mal esquecida!

Quero o amor brincando de pega-pega, não de esconde-esconde. Como reza a música, quero “ouvir palavras de um futuro bom” com atitudes nobres e congênitas, não medíocres e assintomáticas.

Mundo real ou mundo ideal? O efeito das coisas depende do meu estado de espírito? Da minha pretensão em querer escalar o Everest? Ou da minha inércia em viver submerso na litosfera?

Não tenho mais volúpia em descrever a humanidade. Nesse entra e sai de sensações e atitudes, troquei o altruísmo pelo egoísmo, minha lupa está focada em tantos ideais de vida que me lembra borboletas em uma selva sem dono.

Tropeço em tanta gente cometendo equívocos lamentáveis e trocando insensivelmente a prioridade pela opção (e vice versa).

Não sou o peão, nem o bispo e muito menos o rei, mas sei que quando o jogo termina, até a rainha volta pra mesma caixa. Não quero jogar esse jogo de compensações, o que quero jogar é jogar fora as coisas que perderam a validade em minha vida.

Hoje em dia vejo marcas perambulando pelas ruas, intituladas de pessoas.

Hoje em dia buscamos a aceitação de outras pessoas sem reconhecer que é da própria aceitação que precisamos.

Hoje em dia eu vislumbro um universo atípico dos dias atuais.

E não me pergunte como ele é, conforme o terceiro parágrafo, ainda me debruço em contos de fadas.

8 comentários:

  1. tenho minha receita particular...
    vivo sob meus principios...mesmo que pareça um homem fora do meu tempo...
    tomo minha atitudes sem esperar recompensa ou mesmo que todos percebam seus efeitos...
    me importo apenas em continuar sendo o que eu quero ser...nao faco parte de nenhum jogo...porque nao espero vencer nenhuma partida...
    nunca fiz amizades por interesse....alias...nao tomo uma atitude sequer se nao acho realmente que era a que me parecia a mais justa no momento...
    nao e simples...mas nunca esperei que fosse...nao e facil, mas nunca tive a ilusao de que seria...e pago o preço que for pra continuar fazendo o que acho ser o melhor...

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  2. Pra mim o céu muda de cor quando volto ao passado...
    Só depende de nós fazer tudo de bom daquele tempo lá atrás ser nosso modo de vida e não apenas boas recordações.
    O tempo passa, mas os valores não mudam. E valores, amour, quem tem, tem.
    O conto de fadas sempre vai existir pra aqueles que souberem conduzir suas vidas.
    VC sabe que sou sua "fã literária", sempre gosto muito de todas, mas essa...afeee...me deixou sem palavras por ums 12h, foi o tempo que tive que esperar pra conseguir comentar.
    Besos

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  3. "saudade mal esquecida!"

    Vou sempre me lembrar disso... lindo!

    Abs!

    Cristiano Siqueira.

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  4. Todos nos ja vivemos um jogo...seja no amor , seja no trabalho, seja na familia...a vida nos impoe condições onde as pessoas sao ou melhor dizendo sentem-se ´obrigadas´ pela sociedade a usar mascaras..triste ...deixam de semosntrar suas emoções para parecerem NORMAIS?????? perante a sociedade...nascemos assim, livres porem ao longo da vida percebemos que às vezes é preciso esconder-se atras de uma mascara para nos sentirmos aceitos por essa sociedade hipócrita e egoísta...

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  5. Mundo ideal é o mundo real.Só depende do condutor dele.Você o leva da maneira que quiser. Consegue encontrar parceiros ideais sem muita procura nem muita exigência.Depende só de você, deixar de lado conveniências e procurar por felicidade.Ela existe sim, como nos contos de fada, que tbém existem.Adoro contos de fadas e pessoas apaixonadas, neste nosso mundo real.

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  6. o texto é tão rico que gostaría de comentá-lo lendo... sería muito mala???? enfim, lendo esse texto, vi o teu perfil literalmente expliccitado. Desculpa comparar, mas isso foi inevitável...

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  7. AMEI !
    Senti vc. de novo aqui ! ...ou seja senti Verdade - gosto disso !
    Eu vivo sempre sendo eu mesma , no meu mundo , onde todos poderiam ser bons , vivo com pés no chão, vivo verdade sempre, nao importa o quanto ela dure , pra mim sempre foi verdade , sempre foi real ... nao me importo em agradar - sou sempre eu - mas isso faz com que pessoas boas iguais a mim se aproximem , elas se sentem seguras do meu lado ...
    Amei o texto querido - casei com esse autor ! rs...
    Van

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