Crônicas

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vida agendada

Se o acaso não expirasse e se um caso virasse casual, a indiferença não faria diferença entre dois corpos, e você não desejaria retornar para sua casa cobiçando ser de alguém.

Por que sentimos este prazer escuso e confidente de querer ser de alguém? Por que esta vontade incontida de querer a liberdade de se prender a alguém?

E disfarçamos isso, e como!

Tentamos e fazemos de tudo para preencher essa voraz necessidade: Lotamos nossa agenda cultural, marcamos cada noite de sair com um amigo diferente, compramos livros, jogamos vídeo game, saímos pra jantar, enfim... Vale tudo para esquecer essa bendita vontade de se apegar quando sentimos falta de um companheiro (a)...

Amor? Acomodação? Satisfação individual?

Todos nós queremos uma vida agendada com o amor, mas menosprezamos o próprio, assim como uma visita desejada num momento indesejado; queremos mandá-lo embora quando bem queremos, ou convidá-lo quando bem precisamos.

Mentimos para nos proteger. Procuramos uma desculpa. Mentalizamos diante do espelho. Omitimos para nós mesmos tentando acreditar em nossa covardia, e assim o amor nunca mais volta... Se revolta!

Nessa vida agendada, burlamos o momento da conquista / Demoramos a nos declarar / Prolongamos o sofrimento de uma discussão / Refutamos o alívio do perdão. Amor não depende só de amor, depende da sorte.

Mas, se a sorte está sempre aliada à capacidade com a oportunidade e as oportunidades são racionais, como saber sobre o amor?

Não se sabe... Assim como a saudade... Não se sabe; nunca se sabe!

Pode parecer deturpado, mas é um alento; aos poucos entramos em nossa concha e permanecemos ali, incrustados em nossa zona de conforto: A comodidade diminui a margem de erros, a ousadia amplifica os riscos... O que incomoda nos erros são a manutenção e a restauração dos mesmos!

Dá preguiça consertar as cagadas, por isso o sofá da sala é bem mais confortável que o banheiro.

Entretanto, a vida monótona e sem tentativas não possui o exagero de uma promissora inspiração cinematográfica... Exagero?

Sim, por que não?

O amor é uma enorme distinção do exagero; exagero entre a disposição e a estagnação!

3 comentários:

  1. Como sempre impecável e desafiador.

    Bjs Dé

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  2. Uauuuuuu....

    Adoro tudo que escreve, vc escreve com a alma garoto.

    beijões

    Van

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  3. É isso mesmo... como a música: "O amor faz a gente enlouquecer
    Faz a gente dizer coisas
    pra depois se arrepender;
    Mas depois vem aquele calafrio
    E o medo da solidão"
    AH... e não devemos desistir nunca de AMAR* Bjo, LI*

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