Crônicas

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Somos covardes na arte de amar



Buscamos avidamente o amor em todas as nossas suposições mundanas, mas não queremos o seu ônus.


Ônus = Sofrimento.

Se o sofrimento de quem gosta é doloroso feito uma punção, imaginem a reclusão de quem foge do amor? Nenhum sofrimento é lacônico porque o que é ruim nunca possui a brevidade de um suspiro e sim a longevidade de um arrependimento.

Voltemos ao que queremos:

Queremos passear de mãos dadas confabulando um ensolarado caminho repleto de girassóis em coreografia com o vento, mas não, não queremos mudanças drásticas de temperatura.

Pensamos e desejamos que o outro possa ser o paraíso, mas não encaramos a relatividade instável da vida. Cabulamos as aulas de física e ignoramos a influência dos gênios da história (Issac Newton e Albert Einstein).

Queremos demonstrar afeto, gratidão, heroísmo, companheirismo, preocupação, suavidade, mimos, mas não queremos o julgamento dessas ações.

Queremos surpreender sempre. Agradar sempre. Impressionar sempre, mas esquecemos que é necessário manter uma média na dosagem, porque tudo que é exagerado se torna exaustivo e previsível.

Somos ilusionistas, mas não queremos nos surpreender com algo que não gostamos – daí - interpretamos...

E com isso desenvolvemos o pecado mais letal do amor: a projeção. Quem projeta tem o seu futuro endividado de juros... Os juros das injúrias.

A gente acha que amar é se explicar quando na verdade é se confundir, ter dúvidas, incertezas, frio na espinha e suor gelado na palma da mão.

E na contramão disso:

Entendemos que para o essencial não existe certo ou errado, existe amor. Mas temos receio de se permitir, de se entregar e de se expor, principalmente se já passamos por algo amorosamente indigesto.

E quem nunca passou?

Nos bastidores da vida, somos todos carentes, mas protegemos a todo custo a popularidade desse sentimento porque confundimos carência com fragilidade e acreditamos na modelagem de algum idiota que se deu bem sem demonstrar carência. Pura PNL!

Quem ama não muda de vida justamente para não ensaiar os erros com outros coadjuvantes. Quem ama se veste de coragem e enfrenta a própria vida.

O sofrimento é cego sem o amor e o amor é manco sem o sofrimento. Escolhas e renúncias vitais angustiando nosso cotidiano, simples assim.

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