Crônicas

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Penhorando corações

Diante do grande crescimento econômico do Brasil surgem muitas dúvidas sobre a possibilidade de penhoras e bens que podem sofrer com essa medida judicial...

Se existem dúvidas, existem dívidas, certo? Ou você já viu rico tendo dúvida? Na dúvida, ele compra! Simples assim.

Se existem dúvidas, existem dívidas e existem as dúvidas novamente:

- “O que irei fazer?”

- “Como devo proceder”

- “A quem devo procurar?”

- “O que devo vender?”

Ahá? Sua última dúvida é o fim das suas dívidas... Pense bem: Por que não penhorar o seu coração?

A primeira pergunta que te faço é:

Você ama alguém? Ou melhor: Você ama alguém que te corresponde?

Se a resposta for sim, visite outro blog, se for não, atente-se ao texto abaixo:

Antes de mais nada não ouse pedir qualquer tipo de ajuda ao cérebro – ele sempre te aconselhou a fazer o certo e você sempre permaneceu com o errado, quer dizer a “errada” – de “pessoa errada”, entendeu?

Também não ouse pensar em outros métodos de baixo recurso financeiro como rifas, barganhas e escambos... Você está negociando uma televisão de tudo ou o seu coração? Rifa é coisa de pobre!

Mesmo assim você ainda se pergunta:

Seria o coração um dispositivo legal para a prática de uma possível execução judicial?

Claro que sim!

Por que o coração não pode ser um bem alienável? Por que não? Se podemos doá-lo para dar vida a vida de outro ser, por que não podemos negociá-lo para o nosso bom viver?

Eu, por exemplo, trocaria facilmente o meu coração por um fígado, uma vez que encho muito mais a cara com a vida boêmia que me apaixonando ou me dedicando para alguém.

Tentei fazer isso no Ebay, mas o interessado queria uma contraproposta onde entrariam órgãos que não ouso mencionar aqui.

A ideia é ótima, mas infelizmente não existe nenhum procedimento executivo no tocante à minha invenção, sugiro então uma demonstração pública dos nossos sentimentos para com este novo tipo de exercício.

Ué, não existe tanta marcha sem vergonha como a marcha da maconha? Bora fazer a marcha da penhora!

Chega de SPC. Chega de SERASA. Chega de Finaza e chega de depender do Carnê do Baú pra sair da merda!

Você nunca desiste de acreditar nas pessoas? Cansou de cultivar ilusões? Insiste em cometer os mesmos erros? Vive se expondo fragilmente?

Penhore suas emoções e abandone esse órgão abestado e palpitante que só te traz desilusão. Junte-se a nós e penhore o seu coração!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Palco em preto e branco


É praticamente impossível não entoar as músicas de Whitney Houston quando um momento inesquecível me vem à mente. As memórias precisam necessariamente de uma bela e retumbante sonoplastia de fundo, assim como a ansiedade necessita do desespero, assim como um livro precisa de um bom prefácio. Ouvir Whitney é fascinante!

Em suas letras, palavras indefectíveis que mesclam o realismo dos nossos desejos com o romantismo dos nossos sonhos mais contidos, diante de uma saudade incontida.

Na melodia, ela trazia - e continuará trazendo - a realização do amor de uma forma simplista, sem formalidades e amplamente acessível. Uma forma rara e quase híbrida de conjugar o verbo amar.

Imagine encontrar em um mesmo conjunto, os pensamentos de Shakespeare, as intenções de Don Juan e a percepção literária de Charles Dickens? É praticamente isso!

Seria óbvio dizer que ela colocava o coração a amostra quando cantava. Nunca vi tamanha devoção, sentimentalismo e entrega diante de um microfone. Uma autoconfiança invejável em suas obras, apresentação e performance.

Pela rejeição da partida, uma sensação inconsolável de perda. Pela ordem natural da vida, uma compreensão obrigatória e cíclica da nossa jornada nesse plano... Difícil desatar os nós de uma perda e, nesse interlúdio, torcemos pelo tempo suavizar os fatos “Step by step / Day by Day”... Como dizia uma de suas canções.

Se um dia eu fizer um balanço das horas, dias e anos que me valeram à pena, certamente Whitney estará compondo minha trilha sonora... Enquanto o “juízo final” não se aproxima, vou abrandando meus tímpanos com essa voz inigualável e retumbante.

Enfim, uma estrela a contemplar a constelação de lendas musicais que nos abandona precocemente, entretanto, nos deixa um legado infindável de lindas canções, presente este que somente as gerações passadas vislumbram tamanho bom gosto.

"And when melodies are gone, in you i hear a song... I look to you.” Whitney Houston.