Crônicas

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

As badaladas da balada



Ilusória. Irresistível. Acolhedora. Sorrateira. Enfática. Hiperbólica. Extravagante.

Prazer, eu sou a balada.

Aaah, a balada.

Quanta euforia existe em “ver e ser visto”... A gente se inflama, não é mesmo? Nada de tempo nublado, nada de cabeça baixa, nada de esgotamento, discussão com ficante, quebra pau no trabalho, a gente sai e pronto; tomou doril a dor sumiu.

É quase que uma cura manipulada.

Quase? É totalmente manipulada.

A balada sintetiza e muito uma sessão de terapia: Não existem antecedentes, há prontuários... A catarse não vem em vogais, consoantes e frases ensaiadas, e sim, em dezenas de fotos postadas irrefreavelmente no Instagram e no Facebook.

Instagram e Facebook: Para muitos; conhecimento e agregação de valores... Para outros muitos: “Hey, veja como estou feliz?”.

Intercambiar experiências. Envaidecer o ego. Fermentar a autoestima... A psicologia dá o “ficadica”:

Pura angústia da separação, muito embora seja uma terminologia aplicada ao período em que ainda somos bebê, o que, de certa forma, não escapa dos muitos arquétipos remanescentes à vida notívaga.
Não obstante a isso, é difícil se desapegar da vida notívaga e entender que somos seres individuais, tem gente que se deprime, chora, engorda, muda de preferência sexual... Mas há de se ter plena consciência que fazemos parte – apenas parte – de um todo.

O coletivo é fundamental, mas entenda: O coletivo é tipo Neston: existem mil maneiras de se preparar, o problema reside se você está preparado para tal.

Muitos fazem parte do consciente coletivo, entretanto, pouquíssimos dominam a consciência da própria individualidade.

Repare:

Na balada os medos e anseios praticam um escambo parcelado: Isolamos o vazio e repassamos a sombra adiante, para a próxima balada, para o próximo sábado, tudo em módicas prestações de 80 vezes – ou – em patologias extremas – em 40 anos.

Se pudéssemos colocar nossas fugas em um patamar monetário, compraríamos uma X3, daríamos facilmente uma entrada num apartamento ou viajaríamos pra bem longe...

Para aqueles que não curtem se endividar e que querem se safar dessa “egocentria aguda”, as condições são muito mais favoráveis: Basta dar uma oportunidade para novas modalidades.

Receios. Vazios. Angústias...

Dá pra imaginar quantos “medos” cabem numa só pessoa? Dá pra imaginar o tempo que desperdiçamos fugindo de nós mesmos?

Medo de se envolver. Medo de envolver. Medo de se machucar. Medo de machucar. Medo da realidade enraizada no inconsciente petrificado em hábitos e manias fixas que não foram curadas em seu devido tempo.

A balada anima, rejuvenesce, aglutina e... Posterga.

O que deveria ser efêmera – para muitos – se eterniza, muito mais que as badaladas da própria balada, que geralmente duram poucas horas.

Ah, o tempo...

Quanto tempo dura aquele momento só teu? Você faz da sua vida um bilhetinho premiado?

Disciplina é lembrar o que você quer. Desejo é cobiçar o que você pretende. Vontade é realizar o que bem entende... Crer é a confluência entre o seu livre arbítrio e o seu determinismo.

Você é o tutor, o conselheiro e o defensor do seu destino, não faça dele uma pista de dança, o reclamante será você mesmo.

Em tempo: Se você é uma pessoa bem resolvida e bem esclarecida, não encontrará dificuldades para entender essa reflexão... E sem julgamentos.


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