Não. Um dos primeiros fonemas que ouvimos assim que a
nossa cognição dá as boas vindas em nossas vidas.
Não.
Um
minúsculo elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado
entre as palavras, entre as condutas e principalmente entre as
permissões.
Sim.
O
não pela inaceitação. O não pela ilusão do conformismo confortável. O não pelo
falseamento das nossas ideologias.
O
não pela própria ideologia, desde que ela seja pura e simplesmente um desejo.
Desejo
não concebido, não sanado, não saciado é utopia.
O
não pela maquiagem social. O não pelas nossas irrealizações projetadas por nossa
ideologia de certo ou errado, desde que a ideologia seja uma condição de
dominação.
Ideologia.
Vou na onda de Karl Mark: “ideologia age mascarando a realidade”.
O
não pela vida não pulsante. Vida morna. Vida inativa. Vida cansativa,
compassiva demais.
O
não pelo esconderijo do romantismo. Pela chancela de um sorriso. Pelo espanto
de um gesto bom.
O
não pela abstinência de reforma, não de reforma da cozinha, do banheiro ou do escritório.
O sim pela reforma interna e – como diz um excelente livro – o sim pela reforma
íntima sem martírio.
O
não pelo previsível contínuo. O não pelo automatismo. O não pelo pragmatismo
porque tudo que é demais enjoa. Seja de kichute no pé, seja de barco, canoa ou
iate, a mesma paisagem deixa de ser uma obra prima pra virar quadro de pintor
de Avenida Paulista.
O
não pelo perdão. O que não conseguiremos executar nessa vida, postergaremos
para a próxima, mas devemos entender que um futuro sem o perdão do passado é a
estagnação de um presente sem fim.
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