Crônicas

quinta-feira, 3 de março de 2011

Estelionatários da sensibilidade

Na década de 80 eu achava a sensibilidade um sentimento para ser articulado em movimentos feministas ou nas comédias românticas de John Hugues... Nessa fase eu era tão sensível quanto um rinoceronte... Não fazia questão de entendê-la...

Na década de 90, eu comecei a entender a sensibilidade nos campos da literatura (sua existência, suas críticas e seus devaneios)... Nessa época eu estava na platéia, assistindo o sofrimento dos personagens no palco. Era capaz de compreender e sentir minhas emoções, mas francamente? Não me importava com as emoções alheias...

No século seguinte, eu resolvi aderir inatamente a esta doutrina justamente para entender melhor o circo humano e navegar um pouco na contramão das minhas teorias racionalistas...

Bastou adentrar nessa esfera para surgirem os primeiros sintomas crônicos das reações de certos indivíduos da platéia: Enquanto uns se distraíam, alguns se atentavam e poucos se emocionavam.
O resultado?

Sensibilidade aguçada = ternura minguada!

Na primeira década desse novo século, percebi que evoluímos abruptamente com a tecnologia, mas “involuímos” na mesma proporção. Nosso cérebro, embora permaneça redondo, preserva conceitos quadrados e ultrapassados...

O resultado?

As ideias simplesmente não circulam... Reverenciamos a vaidade, execramos o afeto. Muitos passam horas enfurnicados dentro de uma academia, pouquíssimos passam minutos com um livro aberto... Nem mesmo um E-Book.

O bumbum perdeu seu título de preferência nacional para o umbigo. O indivíduo dá preferência a si mesmo; menosprezando as tardias lições da sabedoria pelas cacetadas da vida...

O resultado?

O assistente ergue a placa de substituição aos 15 minutos do segundo tempo: Sai a sensibilidade, entra a suscetibilidade.

Ainda procuro... Ainda procuro um ser humano humanamente humano... “Humanizei” os meus critérios... Talvez isso seja decorrente do meu próprio momento aclarado por minhas insistências em pessoas que não valem nem a persistência...

Desapego e descaso, unidos em prol de um acaso qualquer, ou seria um “caso” qualquer?

O resultado?

Uma crônica de uma sensibilidade não crônica.

12 comentários:

  1. Olá André,

    Creio que o "x" da questão está no equilíbrio: nem livros de mais, nem academia de menos!

    O ser humano é, por si só, bastante amplo e complexo para cercar-se num muro de limites. E, convenhamos, sensibilidade demasiada cansa. Até mesmo aos mais sensíveis...

    Grande beijo para ti e obrigada pelo carinho de sempre!

    http://omundoparachamardemeu.blogspot.com/

    P.S.: Estou sempre passando por aqui. Ainda que nem sempre assine o "livro de visitas" com um pitaco.

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  2. oi De...

    tudo que e exagerado de mais e ruim para as pessoas seja trab, amor, academia ou mesmo a sensibilidade por isso temos quer ter tudo e um pouco de cada....
    obs.
    bom carnval para ti ok se cuida bjs da Hary

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  3. Tudo a seu modo de espera...

    Mas que tá difícil achar um ser humano isso tá.... De verdade.

    besoussssss guapo

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  4. É que homem sensível não combina..... num é?

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  5. Já me interessei logo de cara pelo título....

    Depois, fui analisando as fases da vida do nosso escritor..... Perpicaz o raio x que fizeste...

    Gostei!

    bjs

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  6. Se você procura um ser humano, humanamente humano, adquira um cão.Ele sim suprirá todas as suas necessidades de amor, amizade, fidelidade, submissão, companheirismo e te deixará a sensação nítida de que você é indispensável, insubstituível e que é amado acima de tudo e de todos.A procura por alguém que anda como você, se alimenta da mesma forma e pensa idem,que vai te completar em todos os sentidos, é angustiante, é demorada, e pode trazer muitas decepções.Conselho: não procure ninguém... simplesmente viva.

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  7. É, faltou sensibilidade nesse teu texto, hahahahah

    Sempre ótimos textos....

    Abraços a todos

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  8. Oi menininho...

    Sabe o que mais gostei...??? "A mudança" dentro de vc... gostei de ver que vc ousou pisar na terra da incerteza... sentou-se na platéia...contemplou e arriscou o palco... foi protagonista....experimentou... conheceu...

    Sempre haverá o que chamamos de "vampiros emocionais"... infelizmente o bom também acaba despertando o ruim... sabe por quê???

    Porque alguns seres humanos ainda não aprenderam a lidar com as perdas... e acreditam que devem ter tudo o que desejam... e não se dão conta de que se não aconteceu, é pq não era o momento ou a pessoa certa para acontecer...

    Se aceitassemos isso com mais naturalidade, certamente poupariamos muitas frustrações, compreenderiamos e enxergariamos muito além da nossa visão mediocre...

    Se parassemos de temer o desconhecido... se não fossemos preciptados em alguns de nossos julgamentos... sem sombra de dúvidas experimentariamos momentos incriveis e aprenderiamos grandes lições!!!

    Muito bom ler vc...adorei o texto...beijo grande.

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  9. Voltei....meu notebook está de volta...


    Preciso ler mtas crônicas....nem sei por onde começar....hahahahaha....

    Bjos a todos....

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  10. Voltar do Carnaval e me deparar com um texto tão expressivo, e que lembra tanto os carnavais de hj não é?

    Adorei!

    bjks a todos

    Seja bem vinda Marieta..... haha

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  11. Hhahahaha, uma crônica de uma sensibilidade não crônica, adorei isso!

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