Crônicas

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Suspiros singulares



Os homens deveriam se atentar quando recebem flores de uma mulher. Quem as recebe sente uma reconciliação entre o desengano e a esperança causada pelos tropeços passados. Homens também têm dificuldades em se renovar de tombos...


Não existe apreciação mais saborosa que evidenciar o que foge do óbvio e que escapa dos protocolos adjacentes à nossa existência masculina. Receber flores de uma mulher intensifica a nossa vontade em fazer feliz, dá suor na mão e aceleração no coração.

Receber flores de uma mulher nos faz entender sobre a construção do nosso próprio entendimento sobre nossos costumes, hábitos e rotina... Passa um filme em nossa mente: O primeiro passeio juntos, a primeira confissão (elaborada inusitadamente em um guardanapo), a primeira sala de cinema, enfim... Muita coisa passa diante da mente de um agraciado por um ato desses.

Mulheres que dão flores são singulares, simples assim!

Eu nunca havia ganhado flores de uma mulher. É um gesto que se enraizou no campo amargo do machismo... Ou seria eufemismo? Somente um reacionário em sensibilidade poderia achar estranha esta atitude tão vertiginosa.

Flores é a personificação da carência:

- Sem afeto ela murcha.

- Sem água ela não desabrocha.

- Sem cuidado ela não se tonifica.

- Sem elogios ela perde o brilho e a sua existência peculiar no ambiente.

Muito parecido com o amor e com a admiração que se tem de uma pessoa, não acham? Afinal de contas, somos eternos e escamoteados seres carentes em busca dessa aceitação...

Enfim...

Receber um mimo dessa estirpe nos faz entender que as coisas estão bem transparentes dentro de nós e que não precisamos procurar a nossa nitidez dentro do outro.

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