Crônicas

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Aprendendo a se desconhecer


Se para o amor existe uma escola onde poucos atrevem a freqüentar a sala de aula, na amizade existe uma atração imediatista, bem mais curta que um curso de férias aos sábados... Transborda uma vida pequena que afirmo ser pequena em equação com a vastidão do nosso universo.


Somos aprendizes da vida eterna!

Protocolarmente, uma amizade de anos é coroada de “melhores amigos” devido ao tempo e ao que se “ouve” e ao que se “fala” durante todo este tempo.

Fantasiosamente, uma amizade que transcende barreiras temporais e espirituais é condecorada de “alma gêmea”.

Mas como classificar aquelas pessoas que cruzam com a gente e, em um incrível e meteórico espaço de tempo nos ofertam gratuitamente uma quantidade enorme de alegria e reflexão?

Prazer híbrido. Satisfação unilateral. Gentileza descabida. Amor aquisitivo.

Pra sentir tudo isso não precisa ser o melhor da classe. Não precisa ser um renomado sommelier, nem tampouco ter um prêmio Nobel na estante do quarto, simplesmente porque não temos esta autonomia.

Isso mesmo!

Não escolhemos! Mas somos escolhidos por uma atração que se compactua com o tempo, o espaço e algumas “permissões” que escapam do nosso entendimento e, de quebra, participamos – desconcertantes e entorpecidos – a uma espécie de dança das boas intenções.

Essa correspondência mútua nos decifra feito leitor de código de barras e nos faz viajar além da nossa vã introspecção. Afinidades que se manifestam por horas de conversa e parece que conhecemos aquela pessoa há anos – ou – no meu caso – que fui traduzido em minutos.

O resultado?

Libertei fantasmas que estavam em cativeiro há anos e vi que é possível atenuar minha alergia a transformações, afinal de contas, todo mundo tem pavor a preposições.

Se fôssemos definir um ambiente da nossa casa para a terminologia “comodidade”, eu diria que seria a sala:

Aconchegante. Convidativa. Sedutora. Irresistível ao cansaço.

Entretanto, vale muito à pena se desvencilhar do medo de perder as artimanhas da sala, como a TV de plasma, o sofá retrátil e reclinável, além do ventinho gostoso da janela para visitar outros cômodos, pois esquecemos que ao cativar a insistência em não perder tudo, botamos tudo a perder.

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