Crônicas

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Em dissonância com nós mesmos

O vazio possui uma estampa, um código de barras que se diferencia e que se auto-intitula perante a civilização, haja vista, desde que o ser humano aprendeu a falar - tudo é devidamente nomeado e catalogado...

O vazio (a que me refiro sem a eloqüência que aprendi em minha criação) se chama rotina... Pura e cristalina rotina.

A rotina é uma verdade intranqüila, isso porque o maldito ser humano precisa – além de dar nome aos bois – justificar as características de cada nome.

Entretanto, ao justificar a razão de sua existência, julgam a essência do seu significado. E julgam mal, muito mal!

A rotina é o reverso da vontade humana. Ninguém gosta desse nome e do que ele pode significar. Ela é uma cobrança intrépida e voraz que te acompanha desde a placenta, passando pela incubadora, pela transição da fralda para a bicicleta e consecutivamente – em ordem progressiva e escalonada – para as escolhas que você optou seguir.

A rotina é um fato paleontológico. Uma obra condenada pelo vício humano.

No desespero nosso de cada dia, na guerra fria entre a inércia e a vontade, sucumbimos à frase “não caia na rotina” e tentamos formular um roteiro para a nossa vida ser mais temperada, entretanto, transferimos as responsabilidades do mundo prático para o futuro, hipotecamos o tempo como se ele fosse um escambo, uma negociação.

Desconhecemos o valor da mesmice porque queremos saborear a todo instante o valor do ineditismo, uma fracassada realidade virtual criada pela nossa capacidade efêmera de imaginar. De inédito a vida não tem é nada, os acontecimentos perdem a harmonia do ineditismo quando são revelados!

Será que se vivêssemos em segredo seríamos mais atraentes e mais respeitados? Haveria mais cobiça em desvendar a nossa própria caixa preta?

O vazio que devemos respeitar quando estamos em pleno tédio me leva a submergir em uma profunda reflexão onde noto um desequilíbrio triste entre a caixa preta e a caixa de Pandora que cada ser humano carrega em seu âmago.

Raio X: Estamos - a cada dia - mais envolvidos em nossa individualidade!

Por isso que – ás vezes – é sempre bom se entorpecer na rotina. Ela é o método mais civilizado e mais complacente de anestesiar o caos. Ela é o GPS dos caminhos que você escolheu pela vida, indo contra a sua vontade ou não!

Gestão... Planejamento... Organização... Amor e rotina, sempre!

4 comentários:

  1. Rotina me faz mal
    perco o interresse por tudo que vira rotina, principalmente em um relacionamento

    Otimo texto
    BJKZ

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  2. Ao tentar quebrar a rotina caímos em clichês que também se tornam rotinas. Viver em segredo - como isso seria possível? Na era das redes sociais, em que tudo é compartilhável, é difícil manter certos sigilos... E, ao mesmo tempo em que compartilhamos tudo, parece que estamos mais e mais mergulhados em nós mesmos...
    Viver a rotina é algo infelizmente necessário - se a sociedade já está um caos vivendo em rotina, nem quero imaginar como seria se não existisse um certo "roteiro".

    Excelente seu texto!

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  3. A rotina muitas vezes é uma forma de obtermos respostas para algumas coisas. Não importa o que aconteça, o ser humano sempre necessita de respostas e sempre irá buscar isso do jeito mais facil.

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  4. Rotina faz mal porque não existe aventura... Faça da rotina uma aventura sempre....

    Assi como eu faço a minha!

    Muito bom!

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