Crônicas

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Umas doses a mais


Fui dar indulto de Natal para o meu fígado e veja o resultado? Um súbito, porém previsível mal estar...

Sempre fui de traçar limites para as minhas estribeiras, mas sempre estendo este limite para uma linha mais longínqua; é como se o desenhista se empolgasse com a sua obra e continuasse sua arte mesmo após o término da sua cartolina...

Eu adoro o sabor intenso das coisas desmedidas e sem protocolos. Tudo que se preserva na esfera popular é cansativo, dá enjôo! Porém, nesse caso, o gosto inebriante da ousadia em provar situações diferentes deu lugar ao gosto agonizante da maestria em fazer cáca!

Exagerei.

Engraçado que - na gramática dos bêbados – não existe discordância nominal e nem verbal. O ponto final nunca aparece nas frases (nem nas atitudes), é vírgula atrás de vírgula que culmina em uma reticência infinita... ... ... ... Haja ponto pra tanto conto!

Poético, não?

Embora as atitudes sejam abstratas, notei algo de concreto na bebedeira:

A relação entre o metabolismo e o catabolismo é fantástica! Viva a ciência em prol da consciência!

Analise:

Enquanto você (bebum por excelência) ingere altas doses de álcool à medida que se socializa com os amigos, o organismo assimila o processo da sua ingestão desenfreada em prol da sua desinibição irrefreável.

A finalidade do catabolismo circunda na obtenção de energia através da matéria orgânica adquirida pelos seres vivos (razão fisicamente comprovada por quem bebe demais). Você já viu bêbado indo embora da balada antes das quatro da manhã? Haja energia!

Outro ponto interessante e relevante de toda essa “operação interna” é que estas etapas – momentaneamente invisíveis – dizem respeito às vias de degradação que são a quebra das substâncias ingeridas... Logo e subseqüente a isso, a degradação emocional está intrinsecamente correlacionada com a degradação fisiológica e biológica do ser que troca a calmaria da sobriedade pela insanidade da soberba alcoólica.

Perfeito isso!

Deus realmente existe, e os caminhos para se chegar a ele são tão tortuosos quanto os caminhos de um bêbado para se chegar ao seu leito.

Fiquei boquiaberto em descobrir a conivência dessa degradação, estou em choque!

Isso me ensina a difundir uma outra tese:

O álcool é um lubrificante social, mas há de se ter cuidado para não exagerar nas aplicações, justamente para não vazar para outras engrenagens.

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