Crônicas

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Driblando alarmes


Após o sofrimento causado pela última invasão eu me precavi: Instalei alarmes, cercas elétricas, sensores, portas com sistema de segurança por códigos acoplados ao meu smartphone, enfim, investi em alta tecnologia para evitar que uma metida a “Ethan Hunt” se infiltrasse em minha zona de privacidade...


Imaginei que com tanta tecnologia assim, eu seria intocável... Pensei em toda e qualquer possibilidade tangível invasora, mas esqueci na intangibilidade do amor.

Fui imprudente com uma das forças mais humanas da nossa vida mundana. Menosprezei um adversário onipotente e subjuguei a força transcendental do mesmo... Como pude apreciar tanta tecnologia e depreciar tanta benfeitoria?

Falhei!

Ela foi uma exímia expert no assunto. Sequer um alarme foi disparado, uma pegada, um ruído, uma digital qualquer... Absolutamente nada, nada que fosse palpável. Ela pegou pesado com o elemento surpresa: A invisibilidade.

Seria ela a Sheila da Caverna do Dragão se perfazendo do seu capuz mágico e da arte de desaparecer e aparecer diante de tanto protecionismo?

No entanto isso me serviu de aprendizado para uma futura revisão de conceitos: O amor incorpora os 3 estados básicos da matéria: Flutuamos entre partículas de C02 (gasoso). Nos derretemos com uma mensagem de afeto inesperada (líquido) e unificamos desejos, vontades e volúpias tão aglutinadas quanto uma molécula (físico).

E o bobo aqui pensando somente na parte que cabia a minha visão. Fui tão ingênuo e previsível, fatores que me levaram a esquecer as peças que pregam uma atração...

Já havia abandonado a condição de oferecer expectativas. Já havia dado as costas para algumas idealizações, já havia desencanado do apreço, do zelo e da solidão compartilhada, enfim... Vivia uma utopia insólita e praticamente sem metas. Uma espécie de rejeição preventiva.

Mas hoje, bem, hoje o enredo se inverteu totalmente. Sou um réu confesso da minha incompetência e da falta de aptidão das minhas defesas ideológicas.

E hoje ele aqui, invadindo meus pensamentos sem nem mais me pedir permissão ou – num plano educacional – sem me pedir “com licença?”

E hoje ele aqui, se alimentando das recordações deixadas pela sua última visita (Nota-se que suposta acusação de “invasão” deu lugar a uma permanente e sutil titularidade cordial.)

E hoje eu aqui. Assumindo a total rendição ao feitiço! Desativei os alarmes e virei o “switch” para outra direção, mas a função da proteção continua a mesma, afinal de contas, aprendemos que o anonimato para certas coisas ainda é a melhor defesa que podemos ter.

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