Crônicas

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sim, nós fazemos terapia!



“A terapia é a maneira ocupacional mais eloquente que um homem encontra para se apegar aos apelos da realidade e manter o impulso dos desejos em um cativeiro provisório.” – André Luiz, assumindo a responsabilidade em palpitar.

Em um sentido poético, dizer para uma mulher que você faz terapia é um plus marcante dentro do seu CIC (Currículo Intencional de Conquista); é uma espécie de artifício necessário, mas que para o recrutado, é inocuamente desnecessário... Ou despercebido de interesse uma vez que somos míopes em diagnosticar uma conquista vinda do lado feminino.

De fato, para mim isso pouco importa. Estou lá, despindo a minha realidade feita uma dançarina de cabaret, sem o adultério dos que se comprometem a assisti-la, porém com muito critério para quem me analisa.

A terapia é algo indulgente. Jamais demonstrei em toda a minha vida essa disposição favorável em me conhecer, já transformei a minha vida em um Holocausto para conhecer algumas pessoas (e não as conheci) e justo comigo eu não tive essa sensibilidade em perceber que quem mais precisava ser reconhecido por mim era eu mesmo.

Adentrar em uma análise é fácil, difícil é você aceitar que a análise precisa adentrar e abrir portas impensáveis em você ou portas que você nem mesmo às reconhecia como portas, no máximo janelinhas de banheiro...

Entendeu? Não? Tudo bem, você está no caminho certo; terapia não se entende, se divaga, se questiona, se explana, se diverte...

Ahhhh, como é bom se beneficiar das dúvidas, contar suas inquietações sem receio de ser julgado ou criticado, revelar - sem eira nem beira - a sua cara de abestado quando fala sobre o seu novo amor... Enfim...

Sim, nós fazemos terapia!

O contingente de vaidosos, ufanistas e desamparados está aumentando dentro de uma sala de terapia, mas ainda são relativamente poucos os que se comprometem a atenuar seus problemas e erros em si mesmos, e não no Iphone que nunca funciona, no cachorro do vizinho que late toda hora em que você se dispõe a ver televisão ou no incrédulo egoísta que anda a dez por hora no trânsito.

Sim, nós fazemos terapia!

A arte de afirmar sua essência e admitir suas deficiências, de assumir que nunca foi um dogmatista, que jamais abusou do silêncio e que nunca realizou o “morno” para se definir e – ao mesmo tempo – entender que jamais foi com você o que deveria ter sido com o outro sem se amedrontar com uma rejeição são pontos edificantes em uma descoberta... A minha, por exemplo.

Em um resumo bem resumido, a terapia para um homem vai muito além de probleminhas cartesianos como chorar no escuro, aqui, as lágrimas ocorrem em plena luz do dia, sem remoer amarguras do passado e sem o impacto decorrente de uma vida em carreira solo.

2 comentários:

  1. bom...eu sempre fui uma pessoa que se questionou muito e por isso ja logo cedo consegui conhecer quem eu sou...pena que poucas pessoas acreditaram na minha certeza sobre eu mesmo...acho que pessoas que se conhecem pouco...pensam que todos sao assim tb...vejo muita gente com medo de olhar pra dentro..principalmente mulheres...como a crianca que fecha os olhos e acha que por isso ficou invisivel e os problemas sumiram....falta a muitos ser mais realista...

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  2. Fazer terapia faz bem pra nós mesmos. Pra conhecer nosso ser interior, muitas vezes nossa essência. Se isso fizesse bem pros outros, eles fariam também e não ficariam tomando conta da vida alheia.. Como sempre digo: precisamos sabem quem somos, pra saber onde queremos chegar.
    Simples e realista. Mais parece uma frase de biscoito da sorte, mas a mais pura verdade.
    abraço

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