Crônicas

sábado, 3 de novembro de 2012

Antítese paradoxal em moldura



Mesmo se isso fosse possível, não precisaríamos de som para ouvir as fotografias, basta olhar as expressões para sorrir simultaneamente com as imagens...


No entanto, a melancolia nos arrebata inexoravelmente e - velozmente - voltamos ao estado amórfico do exercício literalmente palpável de estar ali, de pé, congelado por aquele breve momento.

Eis a diferença crucial entre um sorriso atual e uma fotografia; sempre haverá um esforço contínuo e árduo para preservar o sorriso de hoje e transformá-lo - quem sabe - na perpetuação de uma fotografia.

Fotografias; Deuses onipotentes com sua superação incontestável diante da nossa fragilidade e da nossa busca tola em confrontar uma imagem com uma realidade. Não existe este tipo de duelo! A vitória é eminente e por vezes indolente.

Somos o que somos de acordo com as recordações que colecionamos. Nossa vida é uma expansiva coleção de figurinhas cuja infelicidade – para muitos - é simplesmente completar o álbum.

Será que é assim mesmo? Vivemos a crescer e só? Mais nada?

Algumas perguntas se silenciam com outras perguntas, só para o tempo passar e outra indagação surgir.

Vida sem foto não é vida. É preciso registrar para depois recordar, é bem mais prático ver do que buscar a memória pela imaginação.

Vivemos de momentos e os momentos sobrevivem pelas imagens. Já tentou contabilizar quantos flashes ofuscaram sua retina ao longo da sua vida? Quantas poses você fez? Quantas vezes você pediu pra repetir a mesma foto porque saiu gorda ou com os olhos fechados?

E as fotos que você rasgou depois do ser supremo (vulgo tempo) reafirmar a sua verdade?

Fotos rasgadas. Fotos arrependidas. Fotos guardadas por vergonha. Fotos exibidas por orgulho. Fotos expostas por neutralidade ou por falta do próprio esquecimento delas. Fotos imunes a inveja e muito bem guardadas dentro do armário... Fotos com segundas intenções.

Fotos que hoje são sentidas sem sentimento algum. Fotos de um passado que nos dá vontade de voltar e de um passado que nos dá conteúdo para aprender e para ensinar...

Fotos, fotos e fotos...

Antítese paradoxal de uma infindável galeria.... Galeria de fotos.

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