Crônicas

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sente-se. Tome um café comigo!




Você anda apressado demais em seus passos, aconteceu alguma coisa fora do contexto prescrito pelo seu diretor?

Sente-se aqui comigo. Tome um café!

Deixando nossas dicotomias de lado, admiro o seu trabalho: Analisa e monitora todas as vidas e depois – sem amabilidade – entrega o relatório para a inevitável mensuração de resultados.

Aí está: Resultados.

Antes de se chegar a qualquer resultado, precisamos gerar conteúdo, ações, atitudes, reações, dizeres, fazeres, afazeres... Enfim...

Diante desses lotes inesgotáveis de obrigações, a responsabilidade para comigo se expõe vestida de medo:

Passo ou repasso?

Ainda tenho você para dividir madrugadas adentro repletas de gargalhadas com a pessoa eleita?

Você se emprestaria a mim por mais alguns anos ou meses só para eu me perdoar e compreender que a vida culposa é uma vida sombria?

Posso abusar de você quando estou acompanhado das pessoas que exaltam o melhor que tenho dentro de mim? Sinceramente, a teoria da relatividade não combina com você!

Posso me utilizar de você nos momentos em que tudo que tenho a fazer é simplesmente nada?

Ainda tenho você para mais umas alongadas na grama de um parque em um epitáfio de domingo?

Me ajuda a arquivar na gaveta do passado os moldes ensaiados que permearam minha vida? Você tem um cadeado pra me emprestar? Perdi a chave desta gaveta!

Preciso de você para mostrar para mim mesmo que eu tenho competência em descobrir novos formatos pra me fazer sorrir e me redescobrir, me ajuda nessa?

Me responda uma pergunta? Como faço pra daqui uns 20 anos me olhar no espelho sem lançar ofensas a ele?

Assim como você, eu também me monitoro; corro, treino, tento ir a lugares próximos sem o uso pernicioso das nossas invenções humanas motorizadas e ainda evito as biritas do fim de semana para não repor tudo que perdi durante a semana... Acho que estou procrastinando tais impropérios diante do espelho, que bom!

Ao menos não te acuso justificando que faltou você para algumas decisões ou mudanças de atitude... Já imaginou se você tivesse que aguentar todo o peso das lamentações nas costas? No mínimo uma hérnia de disco jazeria em sua lombar com uma adorável escoliose.

Aprendizados, intersecções, dualidades, erraticidades, punições, cobranças...

Esse “planeta escola” em que habitamos é realmente fascinante. Obrigado tempo, agora que sei que ainda tenho você, posso encontrar o meu caminho por meio de uma pessoa que eu procurei a vida inteira: Eu mesmo!

Obrigado tempo, pelo nosso café.

7 comentários:

  1. Cara...a amizade e sem duvida uma das coisas mais bonitas e preciosas dessa vida...COM CERTEZA voce pode contar comigo....

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  2. Muito bacana ... continue escrevendo ... e inspirando pessoas com preguiça ideológica assim como eu ... rsrsrs. Valeu !!

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  3. Simplismente lindo!-Porque verdadeiro!
    Parabéns!
    Andréa Almeida Cardoso

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Só uma pergunta furtivamente me assombrava o pensamento durante essa leitura: quem me roubou de mim? acho que nós mesmos que fazemos isso.

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