Crônicas

terça-feira, 15 de abril de 2014

Manias fixas


Fui acostumado a me relacionar no meio de promessas, planos e palavras... Tive a péssima mania de aceitar os afagos quando me cobriam de beijos e mentiras.

Tais hábitos – enfermiços por sinal – me transformaram – ou melhor – me condicionaram a ter preferência por tudo que é – digamos – não tão demorado.

De fato, a humanidade atual, largou mão do "merecimento de um momento" para uma satisfação "imediata e instintiva".

Nós temos preferência pela urgência. Temos uma obediência cega em relação aos nossos padrões. Evidenciamos o que não queremos e sabotamos o que desejamos.

Existe algum tipo de “projeto aprendiz” para os corações que cabulavam as aulas de sociologia?

Necessitamos de uma revolução. Precisamos ser mais subversivos com o que queremos e aprisionar as nossas subserviências por terceiros.

Vejo dignidade em ficar sozinho, mas não posso me deleitar ao bel prazer pegando alguma pessoa como se a mesma estivesse à venda em uma loja de conveniência.

Conveniência: O termo mais profuso para delinear a conjunção - nada convencional - das minhas palavras e sentimentos.

Queremos nos empanturrar de momentos que nos façam nos sentir vivos, mas não queremos dar oportunidade para uma vida que se preocupa em nos fazer viver. Sempre tem alguém querendo aparecer, e a gente sempre finge esquecer.

Diversifico entre a 1ª e a 3ª pessoa porque sei que este sentimento é total unilateral, todo mundo já sentiu isso e – ultimamente – ele vem adquirindo tonalidades que me assustam quando penso em dar mais uma chance para o amor.

Viramos commodities descansando em gôndolas a espera do consumo. Um consumo nefasto que se satisfaz depressa demais porque existe uma infinita e estratosférica variedade desse mesmo commodity e, o nosso paladar, ahhh, o nosso paladar, se tornou impulsivo, insaciável, nefasto (por assim dizer, novamente).

Retrocedemos ao canibalismo? Sim. Obviamente com requintes mais tecnológicos, substituímos apenas a “forma de comer” pelas teclas de um smartphone.

Em meio aos velocistas de hoje, eu dou preferência para os paisagistas.

O paisagista aprecia, promove o projeto, recria, confabula... Admira a estética sem deixar a cênica de lado.


O imediatista se comporta sem se preocupar com as consequências dos seus atos, age sem pensar nos detalhes, engole sem apreciar, e isso dá uma gastrite dos infernos.

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