Crônicas

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Bolsa apagão


Calma gente, mantenham a calma! O apagão já passou e podemos desfrutar de mais um trânsito apoteótico na nossa São Paulo, a cidade mãe do Brasil. Tudo parou, tudo travou, tudo engarrafou.
Agora, passada a ressaca caótica de mais um dia insuportável de complicações, focamos nossa atenção aos noticiários e às especulações. No final das contas (e muito pior que uma conta pra pagar), ficamos sem saldo algum e sem saber precisamente o que aconteceu.

Não sabemos se foi a ordem do chefe em Itaipu, dizendo “o último que sair apaga a luz”. Não sabemos se foi um hacker pernicioso (aquele invasor desocupado de computador que fode a nossa vida com um único dedo). Não sabemos se foi a crônica incapacidade de estruturação dos nossos governantes. Enfim, de nada sabemos e isso não é novidade alguma.

Uma coisa é certa! Em nosso país, os políticos e o alto poder são unidos, aglutinados feito arroz de sushi e logo pela manhã vejo que essa aderência com fins lucrativos não tem limites: é mais fácil culpar as condições meteorológicas do que assumir as falhas e a fragilidade do nosso sistema.

Pobre tempo, como ele vai se defender das acusações dos homens? Algum advogado se voluntaria? Como pagamento dos honorários, o tempo promete “ensolarar” os seus finais de semana, que tal?

Pobre tempo: réu não confesso, indefeso e inarticulado.

Irônico mesmo é relembrar que há anos atrás tivemos um apagão (em proporções menores) na gestão do nosso acadêmico FHC, o qual foi ironizado pelo nosso presidente atual, dizendo, em tom revanchista, que em sua gestão isso não se repetiria. Não se repetiria nas mesmas proporções, certo?

Mas vamos analisar os benefícios do apagão: serviu pra dormir mais cedo, serviu pra não ver a cara da Gimenez entrevistando mais uma garota de programa, serviu para as nossas velhinhas vizinhas acender as velinhas em seu apto e depois se esquecer de apagá-las, colocando em risco um edifício todo.

Realmente serviu pra muita coisa: serviu como arrastão no centro da cidade de São Paulo, serviu para esquentar a disputa política entre a oposição e o Planalto e serviu também de empurra-empurra para o próximo duelo eleitoral.

Pressupondo que nós sejamos um monte de retardados e ignorantes, os pretendentes ao próximo governo introduzirão em sua pauta, mais um ponto para execrar o governo presente na futura disputa eleitoral.

O apagão é como político em época de eleição: é uma realidade a qual a gente nunca aprende a lidar, assim como a nossa incrível pluralidade de bolsas: Bolsa mensalão, bolsa família, bolsa apagão e por aí vai...

Enquanto isso, vivemos, tal qual a abertura musical de uma antiga novela: “Seja pobre ou rico, acho que tudo se leva no bico. Uma hora tão por cima, outra hora tão por baixo, e a gente vai lavando, roupa suja no riacho. E a gente vai levando, meu amor, cambalacho. ”

Além dessa natureza, bipolar, tripolar e tetrapolar, morar em São Paulo é como viver um filme do Indiana Jones, sem a emoção certeira de se safar no final!

Um comentário:

  1. É impressionante como nossos ridículos governantes tratam de maneira tão cruel as mazelas por quais passa a população.Realmente, estou sem nehuma esperança de ver um dia o nosso Brasil triunfar e deixar o povo viver,desfrutando tudo de bom que temos e merecemos.

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