Crônicas

quinta-feira, 5 de março de 2015

Com vista para o mar...


Com vista para o mar...

Ela me lembra uma janela com vista para o mar...

Enigmática. Transponível. Insólita. Cobiçada.

Com vista para o mar...

O tempo medita diante dessa paisagem, fica absorto como se fosse um vira-lata diante dos suculentos frangos a rodopiar em frente à padaria... O tempo esquece a sua principal atividade: a de exercer o próprio tempo.

Assim fico diante dela, por vezes me calo e observo, por vezes mentalizo e verbalizo não necessariamente nesta ordem...

Intriga-me este mistério que me ressalta calafrios, me enaltece o orgulho, confabula meus sonhos e enriquece minha alma. Sou espectador de uma vista para o mar, hidratado pelo amor que ela me oferta.

Com vista para o mar....

Com o caos se tornando instituição nas grandes metrópoles, não duvido nada que o sonho de muitos não seja o de abrir a janela do quarto e se deparar com o recuo das ondas, com o avanço dos ventos e com o voo desconcertante dos pássaros...

Quem não gostaria de acordar todos os dias com uma janela de frente para o mar?

Seria hilário se não fosse triste, mas o sonho com vista para o mar não necessita da sorte de 6 dígitos de uma lotérica... Não precisa de uma MBA, não se compadece com currículos invejáveis nem tampouco de escolaridade...

Com vista para o mar necessita apenas de olhos bem atentos e de uma visão que reconhece a cada dia que mesmo sendo o mesmo mar, as ondas nunca são iguais, mesmo sendo o mesmo céu, as nuvens sempre se recriam e mesmo tendo os mesmos pássaros, ainda assim cada voo é incerto...

Por isso que amar requer mais do que amor, requer a devoção e o encantamento que faz de cada manhã, uma pintura diferente para a mesma moldura.

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