Crônicas

terça-feira, 24 de março de 2015

Soprando compreensões


Gosto de sair na ventania, o vento modifica fisionomias, assim vejo alegrias.

Gosto de sair na ventania, o vento contra o meu rosto não me deixa esquecer de que as palavras sempre retornam de onde saem.

Gosto de ficar estático num campo descampado. Sinto o vento me rebater de todos os ângulos, me reequilibro, me refaço e agradeço, porque se o vento escolhesse somente uma direção, as árvores nasceriam tortas e os nossos cabelos permaneceriam à mercê dos anos 80.

Sabe, a maioria das pessoas não gostam do vento contra o rosto; umas acham que ficarão gripadas, outras resfriadas, outras tantas com a maquiagem borrada ou com o cabelo desfeito...

Sabe, a grande parte das pessoas se esquecem de que os ventos fazem curva, não porque se afugentam de um obstáculo, e sim, porque preferem adotar um novo caminho para não desistirem de soprar...

Gosto de sair na ventania, não por ansiar a modificação das paisagens, e sim, para compreender a relação mutável das coisas... Tudo passa, deixa marcas, nos liberta e nos revigora....

Eu só tenho uma coisa a reclamar; eu acho que o arco-íris não deveria ter o privilégio de ser colorido.

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