Crônicas

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

De tesouro a estorvo


Se existe algo que faz a vida ser bela é justamente as surpresas e os sustos que ela nos oferta gratuitamente e sem correspondência, sem nosso aval e sem um aviso prévio.

Navegando á esmo pela internet, parei num site de locação de filmes cujo tema abordava algo ligeiramente repetitivo: “Caça ao tesouro”, de fato, talvez não seja realmente o ambiente metafórico da coisa, e sim algo que está sempre rondando as nossas vidas.

Caminhamos inesgotavelmente em busca do nosso tesouro, enfrentamos filas mais extenuantes que a do S.U.S, garimpamos feito loucos na antiga Serra Pelada em busca de alguém que nos faça acontecer. Isso quando não protagonizamos algum filme épico sobre elfos, guerreiros, magos e por aí vai. Tipo “Senhor dos Anéis” (parte MCMLXVI).

Nesse Universo concorrido, não nos cabe ter currículo, back ground, know all, experiência. Aliás, pra que ter experiência se você vai lidar com pessoas que se renovam constantemente a cada topada?

Não há receita, esqueça a Maria Braga! O negócio é ter paciência, porque a paciência está diretamente ligada ao propósito. Se você realmente almeja aquela “coisa” (sentido duplo literário), você tem paciência! Quando rola uma incerteza, você se apressa, fica ansioso pra chegar logo ao “satisfatório”, e, por conseguinte, vai variando mais que fruta na feira.

Interessante mesmo é analisar quando nós somos o tesouro:

Você elevou seu grau de criação ás alturas só pra chegar naquela “coisa”. Utilizou-se de todo seu arsenal conquistador: Verbalizou, articulou, diagramou, carismou, encantou... Enfim, fez de tudo para transformar a visão extensiva e plural que ela tinha no singular, olhando só para você!

Patrocinou com ela uma vida de ardentes emoções, representando todas as possíveis congruências gramaticais da nossa língua. Iniciaram a vida no superlativo, chegaram à hipérbole e hoje vivem no silogismo mais que perfeito:

“No passado eu era teu único tesouro, mas toda regra tem sua exceção. Isto é uma regra, logo, deveria ter exceção. Hoje eu sou um estorvo, portanto nem toda regra tem sua exceção”.

E toda aquela sublime dramaturgia sai dos holofotes dando lugar a um conto do Zé do Caixão, onde a mocinha, toda carismática, cheia de ternura e bons modos se transforma naquele ser hediondo, com cobras na cabeça.

Esse ser peçonhento e tóxico faz de tudo pra te irritar, faz você se sentir um inapto perto dela e difamá-lo sem local de exposição ela o faz por puro passatempo. Os adjetivos dela foram tele transportados para outra dimensão, agora você só recebe impropérios e críticas e, mesmo sem saber a resposta, se pergunta: O que me prende á essa mamba negra?

Do céu ao purgatório sem razão racional, não importa se o amor acabou na mesma canção que começou, ou na mesma balada ou no mesmo bar. O todo sempre acaba sempre e aos poucos encontramos nossas arestas em algum canto das nossas vidas.

Você se cansa de esperar o “até lá” e começa a viver o “vamos lá”. As ondas recuam para a criação de outras, a fila volta a crescer.

É a dança da vassoura com um auditório repleto de gente. E sem notar retomamos nosso rumo, tentando não repetir o mesmo caminho porque esse é o caminho da maioria das pessoas, já percebeu isso? Elas fazem muitas coisas, uma porção de coisas, mas nunca fazem absolutamente nada, porque não sabem o que querem.

2 comentários:

  1. Não existe mesmo receita para ser feliz, mas existem atitudes que nos deixam bem perto disto.A escolha do que nos agrada , tem que ser minuciosa, estudada nos mínimos detalhes, para depois nos entregarmos sem receios.
    Não existem fórmulas para ser feliz,nada do que dizem é verdadeiro. Dizem que casamento é obrigatório,bonitos e magros são mais amados,e os que transam muito não são confiáveis.Que sempre existe um chinelo velho para um pé torto, mas esqueceram de dizer que existem mais pessoas com cabeça torta do que pé torto.
    E não se esqueça ( como disse alguém de quem não lembro o nome)" Se você não mudar quem você é,continuará tendo o que sempre teve"

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  2. Elas e eles não sabem o que querem...
    As promessas nunca se realizam, não dá tempo.
    Achei essa pesada...e publicada num dia errado amour....rssss
    Mas, sigo sendo sua fã literária...rsss

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